Bondes incendiados
Com a
matéria intitulada “Bondes incendiados”
as páginas do Jornal Correio do Povo, de
Porto Alegre, no mês de Dezembro de 1914, em plena primeira guerra mundial,
noticiava que a companhia de Ferro Carril e Caes resolvera fazer greve
suspendendo a circulação dos bondes. Antes disso Dr. Cipriano Corrêa Barcelos, o
Intendente Municipal, como era chamado o prefeito, já havia mandado cortar
alguns trilhos para que os bondes não pudessem circular, pois a empresa já não possuía
a ordem para circular e a construção das linhas para os bondes elétricos pela
empresa Light and Power já havia começado. A população encontrava- se dividida
entre o atual e o novo tipo de transporte.
Exatamente
em 14 de dezembro estudantes pelotenses, do lado da intendência, somado as
insatisfações dos trabalhos oferecidos pela companhia, fizeram comício de
protesto em praça pública, no qual promoveram o “enterro” do diretor da
companhia Ferro Carril (Sr. José Máximo Corrêa de Sá) com direito a bateção de
latas, apitos e fogos de artifícios. Findo o protesto, uma multidão em torno de
1.500 pessoas atacaram o depósito dos Bondes da Ferro Carril, sendo recebidos a
tiros pelos guardas da companhia. Os depósitos tiveram seus portões arrombados
e invadidos, de onde foram tirados e conduzidos “a pulso” pelas ruas da cidade
sendo depredados e incendiados.
“A Estação foi invadida e
tudo que se encontrava lá dentro foi destruído, soltaram os muares das
cocheiras e destruíram os utensílios ali encontrados, retiraram do local vinte
e sete bondes que foram espalhados pela cidade, e posteriormente quebrados e
queimados, quatro destes foram jogados em chamas para dentro do arroio Santa
Bárbara, nas proximidades da empresa. Enquanto um grupo de populares encarregava-se
da estação dos bondes, na Praça da Constituição, o escritório central também
foi apedrejado, por outro grupo que continuava a baderna, destruindo tudo que
encontrava pela frente. O corpo de bombeiros foi acionado para combater os diversos
pontos de incêndio nos bondes, pessoas foram atingidas por balas de revolver,
várias casas foram apedrejadas. Todo este alvoroço e vandalismo pararam somente
em torno de três horas da madrugada, quando um grupo de guardas da policia
conseguiu conter a população .” (WITTMANN, 2006)
Bondes de tração animal em frente a então Praça Pedro II.Acervos: CDOV-Biblioteca Pública Pelotense e Eduardo Arriada – A.F. Monquelat |
Curiosidades:
“Os bondes em Pelotas por tração animal
foram inaugurados em Novembro de 1873.”
“Princesa
Isabel em visita a Pelotas, em 1885, passeou com seus dois filhos em um
bondinho puxado a burros. Como em todo o lugar por onde andava a nobre senhora,
faziam-se manifestações de simpatia e às vezes um tanto exageradas. Os
pelotenses, dados a homenagens, não fizeram diferente. Ornamentaram o bondinho
com flores para os reais passageiros que os levaria ao parque Sousa Soares, o
primeiro centro turístico do Rio Grande do Sul.” (Viva o Charque - Zênia de León).
Fig. 2 Bonde elétrico na atual Av. Duque de Caxias. |
Fontes:
Coleção do Arquivo Histórico
de Porto Alegre.
Blog conselheiro X. Pelotas.
Disponível em http://conselheirox.blogspot.com.br/ Acesso em fevereiro de
2016.
LEÓN,
Zênia de. Os bondes em pelotas - A
novidade no Rio Grande do Sul. Pelotas, 2012. Disponível em <http://www.vivaocharque.com.br/interativo/artigo22.php>
Acesso em fevereiro de 2016.
WITTMANN, Maria Cristina Gonçalves.
Trilhos Urbanos. Pelotas, 2006. Disponível em <http://wp.ufpel.edu.br/especializacaoemartesvisuais/files/2013/12/Maria-Cristina-Gon%C3%A7alves-Wittmann-%E2%80%93-2005.pdf>.
Acesso em fevereiro de 2016.
falar de PELOTAS,nos vem a idéia de cultura e tradição,onde o menos favorecido tem a mesma e correta vocalização do português;a qual mal se fala hoje em dia.
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