MONQUELAT, O RANZINZA, E
A INCOMPREENSÃO
Dissera, com propriedade,
Mozart Victor Russomano (1922-2010) em seu prefácio ao livro Novos
textos simonianos (1991), que Simões Lopes Neto não só era,
literariamente, um “manancial quase inesgotável”, mas que também
estava apenas “parcialmente conhecido”. Na ocasião, acrescentava
ainda o seguinte, referindo-se às descobertas, exceção feita a
Casos do Romualdo:
Nem as crônicas, nem o
teatro, nem as conferências, nem os poemas de Simões Lopes Neto
acrescentam algo à sua glória literária. A divulgação, o
comentário crítico, a análise de fundo do que ele escreveu e
publicou (ou não publicou) é uma forma de enriquecer a pesquisa
sobre o autor, o conhecimento de seus estudiosos e o juízo público.
Nada mais. Porque a glória verdadeira glória literária de Simões
Lopes está conquistada e consolidada, definitivamente, pelas Lendas
do Sul e pelos Contos gauchescos. Os Casos do Romualdo
foram uma exceção, dessas que não se repetem. 2
A cada dia o seu
vaticínio se confirma: “Não temo dizer que na imprensa de Pelotas
– sob a lápide sepulcral da transitoriedade dos jornais ou debaixo
das máscaras perturbadoras de seus múltiplos pseudônimos 3
- ainda há muita coisa a ser revelada daquilo que Simões Lopes Neto
escreveu”. 4
O dr. Russomano, a quem
eu conheci desde criança, em certa ocasião, num evento na Faculdade
de Direito de Pelotas, a respeito do qual a memória me trai,
declarou-me seu contentamento quanto a essas novas descobertas, que
desde Reverbel vinham ocorrendo5,
confirmando a realização de um desejo que sua vida atarefada nas
lides jurídicas não lhe permitira: “Lamento, sinceramente, que a
vida tenha sido tão dura e absorvente para comigo, nunca me dando
tempo, ânimo e méritos para tentar essa tarefa!” 6
Seja como for, de lá
para cá, muita coisa veio à tona. De maneira geral, creio que todos
concordamos com o saudoso Ministro. Todavia, há também um
entendimento que se esboça entre alguns pesquisadores a respeito dos
variegados tipos de textos que vem sendo divulgados. Qual o seu papel
para a pesquisa lopesnetina? Se, de um lado, o literato consagrado
pode prescindir deles para sua canonização, de outro, esse novo
corpus, tanto desconhecido, como negligenciado 7,
vem abrindo novas e instigantes veredas, desvelando “outras faces”
do autor, para utilizar a expressão do major Ângelo Pires Moreira,
as quais, por sua vez, também nos permitirão lançar nova luz –
também – sobre sua alta literatura.
MONQUELAT, UM
PROVOCADOR SARCÁSTICO?
Talvez seja aqui a
oportunidade esclarecer um pouco mais a posição de Monquelat dentro
do quadro dos pesquisadores simonianos. Aliás, ele já narrou
minuciosamente sua trajetória nesse processo numa série de nove
artigos, em 2013 8.De
qualquer forma, acredito que além da descrição de sua caminhada de
pesquisador, cabe uma ligeira avaliação de seu protagonismo no
contexto das diversas linhas de abordagem que ora se iniciam – e
frutificam – na pesquisa simoniana, inclusive contribuindo na
divulgação da escassa (naquela época ainda mais) iconografia do
Capitão.Em 1995, Monquelat fez publicar na imprensa pelotense 9
a foto inédita de casamento de João Simões Lopes Neto e Francisca
Meireles Leite (Dona Velha):
Figura 2- Retrato de casamento de João Simões Lopes Neto e Francisca Meirelles Leite (Dona Velha) |
Sobre o episódio
que envolve esta fotografia, reproduzimos o curioso relato de
Monquelat:
[...] fui procurado por
um jovem magro e inquieto, que trazia embaixo do braço uma pasta.
Contou-me, na ocasião, uma história triste, na qual lamentava ter
de se desfazer de algumas fotos antigas, que há muito pertenciam à
sua família e que ele, por extrema necessidade, não via no momento
outro jeito, senão vende-las./Pedi, curioso, que as mostrasse. Tirou
a seguir da pasta duas folhas de papel de jornal bastante amareladas,
nas quais estavam coladas umas fotos, pela aparência bem antigas.
Peguei as folhas e, em seguida, identifiquei tanto as folhas quanto
as fotos e, obviamente, sua origem. /Tratava-se das primeiras páginas
do que passei a tratar como o Álbum Simoniano. Olhei para o
jovem e disse-lhe que as conhecia e tinha quase certeza de onde elas
procediam. Ficou mais inquieto ainda, e tentou pegá-las de volta.
Impedi-o com a pergunta: quanto? Disse-me que o valor que pretendia
por elas, sem arredar o pé da história de que pertenciam à sua
família./Barganhei com ele, sem devolver-lhe as folhas. Novas
negociações. Até que, depois de pechinchar com o jovem, acabei por
adquiri-las. Feito o negócio, no mesmo dia, devolvi-as – sem ônus
– para a Biblioteca Pública. 10
Lembremos que por volta
da metade da década de 1990 se revitalizava o interesse pela vida e
obra de nosso rapsodo bárbaro. Um dos fatos marcantes nesse
movimento foi a realização do I Seminário de Estudos Simonianos,
evento sediado em Pelotas, no período compreendido entre 10 e 14 de
junho de 1996. O Seminário contou com palestras de intelectuais de
grande nomeada e com experts em Simões Lopes Neto, tais como
Ir. Elvo Clemente, Tânia Franco Carvalhal, Carlos Diniz, Barbosa
Lessa, Luiz Antônio de Assis Brasil, Flávio Loureiro Chaves, Mario
Matos, Mario Osório Magalhães e Hildinha Simões Lopes.
Em 1994, o incansável
Mario Matos11
anunciou à imprensa 12
que o Núcleo de Estudos Simonianos (NES), albergado no Instituto
Histórico e Geográfico de Pelotas (IHGPEL), instalara uma comissão
encarregada de normatizar o funcionamento do referido Núcleo. O
grupo, formado por ele, Geraldo Fonseca e Monquelat, já havia
elaborado uma Carta de princípios de uma literatura simoniana,
cujo objetivo era encontrar diferentes formas de acolher as
contribuições dos participantes para incentivar a leitura, o estudo
e a divulgação da obra de João Simões Lopes Neto.
O trabalho de Monquelat
também contribuiu para desenterrar e divulgar importantes fontes de
pesquisa. Tal é caso do chamado “Álbum Simoniano”, que é um
significativo repositório de recortes jornalísticos,
correspondência, fotografias e outros documentos de e sobre Simões
Lopes Neto. Essa abundante fonte de pesquisa, que jazia adormecida
nas prateleiras empoeiradas da Biblioteca Pública Pelotense e que,
até então, pouco frequentara olhos dos estudiosos, passou a ser
material indispensável de consulta, principalmente, com a divulgação
de um artigo de Monquelat, em que o pesquisador descrevia e analisava
o “Álbum”13.
Um fato interessante: pensava-se que quem o organizara fora a filha
adotiva14
de Simões Lopes Neto e Dona Velha, Firmina. Ela acompanhou a viúva
de Simões, que viveu até os 95 anos, vindo a falecer antes de Dona
Velha, em 1965, ano em que esta última também morreu.
Figura 3 - Dona Velha (1873-1965), quando moça. |
No entanto, certo dia,
depois da publicação de seu artigo sobre o “Álbum Simoniano”,
Monquelat recebeu um telefonema. Em princípio, a senhora não quis
revelar o nome. Os telefonemas se repetiram até que se efetivou uma
visita. Numa dessas conversas a mulher, certa vez, soltando uma
risada, contestou que o “Álbum” tivesse sido organizado por
Firmina. O motivo é simples, pois conforme declaraReverbel, que
seguidamente visitava Dona Velha e que, portanto conheceu Firmina,
ela era “uma criaturinha boa e delicada, mas limitada desde
nascença por falta de luzes mentais” 15.
Como, então, durante tanto tempo se atribuíra a organização de
tão precioso material a Firmina?
É plausível que a
confusão tenha se estabelecido a partir de um episódio ocorrido
quando veio a lumeuma mensagem escrita por Firmina, em 1939, talvez
auxiliada por alguém, intitulada Recordando o passado,sob
pretexto de homenagear a memória do Escritor, seu pai adotivo.
Ao que parece a iniciativa foi do escritor Sílvio de Faria Corrêa
(1896-1955). Nascido em S. Gabriel, foi poeta, teatrólogo,
jornalista e historiador 16,
tendo composto também as hostes da Academia de Letras do Rio Grande
do Sul. Ora, se Firmina pudera escrever o carinhoso texto, porque não
poderia ter organizado o “Álbum Simoniano”?
Corroborando
o testemunho de Reverbel, a senhora que telefonara a Monquelat
confirmou as dificuldades intelectuais de Firmina que a impediam de
realizar tal empreendimento. Ao final, revelando sua identidade, a
sra. Inez Figueiredo reivindicou a elaboração desse rico manancial
de documentos e fotografias relacionado à vida e obra do Capitão e
de seus familiares.17
Já nesse período se
observava não apenas que a literatura simoniana granjeava grande
prestígio entre os intelectuais, inclusive dentro das universidades,
mas que o interesse estava se deslocando para o que então se
considerava sua opus minor, isto é, para textos que não seus
três clássicos: Contos Gauchescos (1912), Lendas do Sul
(1913) e Casos do Romualdo (1914, editado em livro
postumamente em 1952), já alvo de trabalhos acadêmicos de autoria
de um grupo que pode ser considerado partícipe damais seleta
intelectualidade brasileira, podendo-se citar, entre outros, os nomes
de Lígia Chiappini, Maria Luíza de Carvalho Armando, Flávio
Loureiro Chaves, Antônio Hohlfeldt, Antônio Cândido, Dionísio
Toledo, Aldyr Garcia Schlee e Regina Zilberman.
Essa tendência me levou
a realizar uma pesquisa em 2010 (publicada no ano seguinte)18
em que procurava fazer um levantamento numérico e em quais áreas,
restringindo-me a livros e trabalhos universitários (dissertações
e teses), havia estudos sobre Simões que estivessem voltados para
outros aspectos que não exclusivamente sua alta literatura. Os
resultados, ainda exploratórios, que então obtive foram os
seguintes:
Do ponto de vista
quantitativo se pode, até o momento, apurar o seguinte19:
- Segundo a coleta (preliminar) de dados, o número geral de trabalhos tratando direta ou relacionadamente de João Simões Lopes Neto foi em número de 28.20
- A área de conhecimento em que mais esses trabalhos apareceram foi na de Letras.
- As áreas de concentração que apresentaram maior número de trabalhos foram as de Teoria Literária e Literatura e Cultura.
- As grandes linhas de interesse dentro do espectro dos chamados “estudos simonianos” foram, em ordem percentual, relativamente aos trabalhos acadêmicos (dissertações e teses): 33% Literatura e Cultura21; 26,6% Teoria da Literatura; 7,1% Estudos da Linguagem; 6,6% Gênero e Literatura; 6,6% Literatura e Educação.
Em relação aos livros:
46,1%Literatura e Cultura; 15,3% Teoria Literária; 15,3% Estudos da
Linguagem; 15,3% Literatura e História; 7,6% Literatura e Educação.22
[...]
Depreende-se,
finalmente, que
O aspecto
qualitativo exige um exame apurado e minucioso, uma vez que seria
necessário debruçar-se sobre cada um dos trabalhos, estabelecendo
categorias analíticas, para compreender mais a fundo a tendência
que os estudos quantitativos parecem apontar. Todavia, o que aqui,
sumariamente, se procurou demonstrar foi que existem elementos que
possibilitam a inferir que a literatura ficcional e não ficcional de
João Simões Lopes Neto se relacionam significativamente e que a
crítica atual, embora sem explicitá-lo ou mesmo percebê-lo, se tem
concentrado em abordagens mais voltadas às questões culturais que
propriamente literárias, dando ensejo, portanto, a uma questão de
pesquisa, a cada momento mais candente, em função, não apenas das
descobertas de textos inéditos e da redescoberta de outros ainda
relegados, mas dos novos enfoques hermenêuticos que suscita. 23
Nesse sentido,
do ponto de vista da sociologia da literatura e da história
cultural, ao verificar as tendências da pesquisa simoniana tive por
objetivo mostrar o quanto as descobertas recentes vinham, de algum
modo, alterando o foco sobre o escritor pelotense. Com certeza, o
trabalho de Monquelat foi – e é -, como bem se demonstra com o
aparecimento da Família Marimbondo24-,
decisivo nesse processo.
Seja talvez por que isso
que as declarações do pesquisador soem um tanto irônicas e
provocativas. Um exemplo dessas declarações é a que segue, quando
tenta explicar sua atividade investigativa e o lugar que o escritor
ocupa nisso:
Quanto a
minha dúvida inicial, que era ir ou não ir ao lançamento do livro
A família Marimbondo,
resolvi que sim, na expectativa de não ter de falar sobre Simões
Lopes Neto, e sim sobre a minha atividade de pesquisador, que
encontrara pelo caminho mais um texto do Capitão.25
Declarações
desse jaez, ensejaram que o pesquisador Mario Matos em palestra
proferida no Seminário “Simões Lopes Neto: 100 anos de memória”,
fomentado pelo Sesc, na Biblioteca Pública Pelotense, em novembro de
2016, classificasse Monquelat, assim como Mozart Victor Russomano,
bizarramente, de “simoniano não assumido”.
Em verdade, sua
forma de se expressar, “sem papas na língua” e, em algumas
oportunidades, de fato, num tom sarcástico, tal como referir-se “às
viúvas e aos devotos” de Simões Lopes Neto, possivelmente, fez
com queos espíritos mais sensíveis sentissem alguma aversão. Tais
declarações, no meu entender, não ferem ninguém e em nada
desabonam a pesquisa de quaisquer outros que se dedicam a estudar o
grande escritor pelotense. Tais declarações, obviamente, podem
torná-lo um personagem polêmico mesmo quando, se examinado tudo com
cuidado, não há polêmica.
O fato é
simples: significa tão somente que ele ao demandar investigação a
respeito de diversos assuntos sobre a história local,
inevitavelmente, tem de recorrer à pesquisa em periódicos. A
minuciosa e atenta varredura que realizou, é evidente,
proporcionou-lhe uma série de descobertas correlatas (ou mesmo sem
correlação), inclusive textos do Velho Capitão.
A grande
questão é: independente de gostarmos ou não dos arroubos
temperamentais de Monquelat, afinal, qual a importância de seu
trabalho no cômputo geral da pesquisa simoniana e quais os seus
desdobramentos?
TRAJETÓRIA
E IMPORTÂNCIA DE A. F. MONQUELAT DENTRO DO QUADRO DA PESQUISA
LOPESNETINA
O jornalista
Klécio Santos (2016) 26
procurou traçar, ainda que brevemente, a trajetória de Monquelat.
Desempenhou-se adequadamente, como fonte bem informada, no
cumprimento de tal tarefa, uma vez que além dos laços da amizade
que os unem, é seu parceiro de pesquisa. Devo observar, de modo
complementar, no entanto, que a importância do trabalho de Monquelat
está a exigir uma visão mais sistemática do que ele tem realizado,
assim como suas respectivas repercussões, inclusive fora do Rio
Grande do Sul, do que nos dá testemunho a matéria publicada no
Correio Brasiliense, em 10 de março de 1992, da qual reproduzimos o
seguinte trecho:
Gauchadas – Os gaúchos
prosseguem garimpando nos jornais antigos trabalhos inéditos de seu
maior regionalista, João Simões Lopes Neto, o autor de Contos
Gauchescos e Lendas do Sul, que faleceu em 1916. O livro
Novos Textos Simonianos – Contos urbanos e poemas de J. Simões
Lopes Neto apresenta três poemas e dois contos desencavados
recentemente pelos pesquisadores Adão Monquelat e Mario Osório
Magalhães. O crítico Carlos Diniz mostra, num pequeno ensaio, as
semelhanças entre estes trabalhos e a obra do grande ficcionista
pelotense. [...]
Monquelat topou pela
primeira vez com um texto inédito de Simões quando realizava, em
conjunto com o falecido Geraldo Fonseca27,
uma pesquisa sobre os poetas pelotenses28,
com vistas a organizar uma antologia. Aparece aí o poema “Réve”,
que, aliás, forneceu o mote – “onde não chega o olhar prossegue
o pensamento” - à extraordinária exposição, com curadoria de
CeresStorchi, ocorrida no Santander Cultural, em Porto Alegre, como
evento do Biênio Simoniano, entre 19 de outubroe 18 de novembro de
2016.29
Foi somente no
artigo ao jornal Diário da Manhã, de Pelotas, em 1991, intitulado
Simões Lopes Neto: a face romântica, que o pesquisador vai
divulgar, junto com o primeiro, outro soneto romântico: “Dúvida”.
O mais
significativo dessas descobertas, além da divulgação de um gênero
quase desconhecido (e negligenciado) cultivado pelo autor, à exceção
dos triolés das Balas de Estalo, alguma quadrinha da coluna de
publicação intermitente “Tesoura Hilariante” e da poesia para
reclame, tão ao gosto da época, 30
a observar as datas de publicação de seus sonetos românticos e
outros poemas, tais como “Cardiosophia”31,
colocam essas produções como as primeiras do autor, antecipando a
sua estreia literária, atribuída até então aos triolés das Balas
de Estalo no jornal A Pátria (1886-1891), de seu tio Ismael32.
Foi o próprio Monquelat quem também revelou a data correta em que
começaram as Balas. 33
Certamente, as
descobertas de Monquelat permitiram que eu pudesse, ao revelar essa
faceta ainda inexplorada do autor, redigir o ensaio Simões Lopes
Neto poeta(2006)34,
bem como o aparecimento de outros escassos trabalhos sobre o tema 35.
Outro aspecto
que cada vez mais chamando atenção dos estudiosos é a literatura
urbana do autor. Até Monquelat desenterrar o conto Na lagoa... do
Fragata (1890), nesse gênero só eram conhecidos dois fragmentos
de um texto incompleto, Sinhá Jana, encontrados por Lígia
Chiappini36.
Um outro, Olhos de remorso, publicado na revista Ilustração
Pelotense em 1920 37,
era, infelizmente, alarme falso.38
Assim, em termos de contos urbanos completos só restou um – o já
citado Na lagoa... do Fragata.39
Justamente o
texto publicado no jornal O Radical, de Pelotas, sob o inédito
pseudônimo de João Felpudo, foi que me fez atribuir ao criador de
Blau Nunes dois poemas, quais sejam, “Perfeição do vapor” e
“Glosa”, publicados no A ventarola, de Pelotas, em 1887,
portanto, no ano anterior ao que se tem convencionado como o deseu
aparecimento como escritor. Os referidos textos, se autênticos,
podem ser considerados a verdadeira estreia literária de João
Simões Lopes Neto. 40
Desta maneira,
é que devemos, principalmente, a Monquelat a intensificação do
interesse pelos trabalhos de temática urbana41
de um dos mais importantes escritores brasileiros de temática rural.
O pesquisador também
abordou aspectos já batidos na biografia do Capitão com um novo
olhar, tais como sua faceta empresarial42,
tida sempre como um retumbante fracasso, conforme declara
César(1974)43.Monquelat
coloca dúvidas se a questão é assim tão simples, conforme se pode
constatarem seu artigo44A
fábrica Diabo de João Simões & Cia.Queremos aproveitar
para dar nossa opinião a respeito da efemeridade da fábrica, pelo
menos tendo Simões como proprietário, que em hipótese alguma
aceitamos a ideia de ter sido em função do boicote da Igreja
Católica aos cigarros, por levarem a marca Diabo. Dentre outros, nos
apoiamos no fato de não haver de forma impressa manifestação
alguma neste sentido como, e principalmente, por ter Simões Lopes
vendido a fábrica e a marca, que foi mantida pelos novos
proprietários. Queremos aproveitar para dar nossa opinião a
respeito da efemeridade da fábrica, pelo menos tendo Simões como
proprietário, que em hipótese alguma aceitamos a ideia de ter sido
em função do boicote da Igreja Católica aos cigarros, por levarem
a marca Diabo. Dentre outros, nos apoiamos no fato de não haver de
forma impressa manifestação alguma neste sentido como, e
principalmente, por ter Simões Lopes vendido a fábrica e a marca,
que foi mantida pelos novos proprietários. Queremos aproveitar para
dar nossa opinião a respeito da efemeridade da fábrica, pelo menos
tendo Simões como proprietário, que em hipótese alguma aceitamos a
ideia de ter sido em função do boicote da Igreja Católica aos
cigarros, por levarem a marca Diabo. Dentre outros, nos apoiamos no
fato de não haver de forma impressa manifestação alguma neste
sentido como, e principalmente, por ter Simões Lopes vendido a
fábrica e a marca, que foi mantida pelos novos proprietários.
Queremos aproveitar para dar nossa opinião a respeito da efemeridade
da fábrica, pelo menos tendo Simões como proprietário, que em
hipótese alguma aceitamos a ideia de ter sido em função do boicote
da Igreja Católica aos cigarros, por levarem a marca Diabo. Dentre
outros, nos apoiamos no fato de não haver de forma impressa
manifestação alguma neste sentido como, e principalmente, por ter
Simões Lopes vendido a fábrica e a marca, que foi mantida pelos
novos proprietários. Queremos aproveitar para dar nossa opinião a
respeito da efemeridade da fábrica, pelo menos tendo Simões como
proprietário, que em hipótese alguma aceitamos a ideia de ter sido
em função do boicote da Igreja Católica aos cigarros, por levarem
a marca Diabo. Dentre outros, nos apoiamos no fato de não haver de
forma impressa manifestação alguma neste sentido como, e
principalmente, por ter Simões Lopes vendido a fábrica e a marca,
que foi mantida pelos novos proprietários. Queremos aproveitar para
dar nossa opinião a respeito da efemeridade da fábrica, pelo menos
tendo Simões como proprietário, que em hipótese alguma aceitamos a
ideia de ter sido em função do boicote da Igreja Católica aos
cigarros, por levarem a marca Diabo. Dentre outros, nos apoiamos no
fato de não haver de forma impressa manifestação alguma neste
sentido como, e principalmente, por ter Simões Lopes vendido a
fábrica e a marca, que foi mantida pelos novos proprietários.
Queremos aproveitar para dar nossa opinião a respeito da efemeridade
da fábrica, pelo menos tendo Simões como proprietário, que em
hipótese alguma aceitamos a ideia de ter sido em função do boicote
da Igreja Católica aos cigarros, por levarem a marca Diabo. Dentre
outros, nos apoiamos no fato de não haver de forma impressa
manifestação alguma neste sentido como, e principalmente, por ter
Simões Lopes vendido a fábrica e a marca, que foi mantida pelos
novos proprietários.
Sua contribuição também
é relevante quando se trata de investigar o Capitão e sua profunda
ligação com as questões históricas.45No
campo da historiografia, destacamos dois fatos: o incentivo e o
auxílio queMonqulat concedeu queà edição fac-similar da Revista
do 1º Centenário de Pelotas em CD-Rom, levada a cabo por Guilherme
Pinto de Almeida46
e sua efetiva participação no Almanaque do Bicentenário de Pelotas
47.
Figura 6 – CD-Room com a publicação dos fascículos de 1 a 8 (1911-1912), de J. S. Lopes Neto. |
Figura 7 – Capa do Almanaque do Bicentenário de Pelotas (2012) |
Além disso, Monquelat
faz uma abordagem original, que liga a literatura do autor à sua
paixão historiográfica48,
está, por exemplo, em Pinto Martins ou João Cardoso?49.
Em seu livro
Desafiando mitos (2012), em parceria com V. Marcolla,
Monquelat defende que a narrativa histórica local está repleta de
“mitos”, baseados numa informação divulgada por Simões Lopes
Neto, que atribuiu ao português José Pinto Martins a fundação da
primeira charqueada, a qual daria origem à indústria saladerilno
Rio Grande do Sul, de que se originaria a cidade de Pelotas.
Segundo
Monquelat e Marcolla, após 1912, Simões Lopes Neto não cessou de
divulgar essa informação sobre Pinto Martins, “surpreendentemente
despida de qualquer prova documental”.
A esse
respeito pondera Rubira (2012):
De fato, a ausência da
indicação documental, e o “sabe-se”, utilizado por Simões
Lopes Neto, pareceu indicar aquilo que, no passado, constituía o
“ouvi dizer”, ou seja, o recurso à história oral – mediante o
qual a memória, muitas vezes, perde a credibilidade em face dos
arquivos. É assim que, para os autores, “uma década depois o mito
criado por Simões Lopes ganha corpo e força na hoje clássica obra
de Fernando Osório, “A cidade de Pelotas”[...].50
Adverte o prefaciador, contudo, que os autores, a despeito de
contestarem certas informações de Simões Lopes Neto, nutrem pelo
escritor, bem como pelos seus apontoamentos históricos, um profundo
respeito e uma grande admiração. Até mesmo porque, reconhecem, foi
no conto O mate do João Cardoso que
eles obtiveram a pista que, segundo eles, fez com que “descobrissem
o pioneiro da indústria saladeiril no continente de S. Pedro”.
Analisando
o desenrolar das teses de Monquelat e Marcolla, afirma Rubira:
No
conto de Simões Lopes Neto, “João Cardoso era um sujeito que
vivia por aqueles meios do Passo da Maria Gomes”. Descobrindo que
Maria Gomes era a esposa de Manoel Gomes, os pesquisadores
verificaram que este era proprietário de uns campos “sitos junto
ao Cerro Pelado” e que entre seus limites estava o Rio Piratini.51
A
partir daí, de posse de uma série de informações, finalmente os
autores revelaram que João Cardoso (da Silva) foi o primeiro a
estabelecer uma charqueada às margens do Piratini. Com base em rica
documentação concluem, finalmente, que o personagem simoniano é,
na história, o iniciador da indústria saladeiril no Rio Grande do
Sul. Outra coisa, a cidade de Pelotas não surgiu, portanto, das
charqueadas pioneiras de José Pinto Martins, mas do agropastoreio.
Depois da
publicação de duas grandes biografias sobre João Simões Lopes
Neto, quais sejam, a de Reverbel (1981) e a de Diniz (2003), alguns
fatos ainda são lacunosos, tais como a vida de estudante do Capitão,
seu exercício docente, sua atividade política52
e mesmo aspectos de sua vida pessoal, como o caso de sua operação
no olho (cuja marca lhe se será característica por toda a vida) ou
sua participação no Clube Ciclista53.
Entre os
aspectos mais pitorescos da biografia do Capitão está sua
participação comunitária, que se distribuiu nas mais diversas
instituições, entre as quais, a supracitada.
Em novembro de
1897, os sócios velocipédicos escolheram uma diretoria provisória,
fazendoSimões Lopes Neto presidente do Clube Ciclista. O escritor
era grande entusiasta da bicicleta, tanto como meio de transporte,
quanto como atividade esportiva. Procurou divulgar pela imprensa os
artigos que no Código de Posturas do Município regulamentavam o uso
da bicicleta, com vistas a maior segurança e tranquilidade no
trânsito. Em julho de 1898, Simões foi reeleito para o mandato
1898-1899, sendo acompanhado por Martil Frank (secretário), Dr.
Joaquim Rasgado (tesoureiro) e mais os seguintes comissários:
Sebastião Planela (o popular Zé da Hora), Lúcio Lopes Sobrinho,
Juca Areas, Vasco Fagundes, Bento Dias e Adolfo Maia. 54
Segundo nos
relatam Reverbel (1981) e Monquelat (2016), era comum os adeptos do
ciclismo, prática restrita à elite pelotense, realizarem desfiles
pela zona central da cidade, nas quais havia bandas de música e a
presença de moças da mais fina sociedade local.
Ao que parece,
o Clube Ciclista tinha ampla participação social, pois conforme
relata Reverbel55,
por ocasião do falecimento de Florêncio Moglia, presidente do Clube
Caixeiral, o Clube se fez representar nos funerais. Além disso, bem
ao espírito solidário do Capitão, o Clube Ciclista frequentemente
promovia campanhas humanitárias, tal como a que realizou em 1900,
arrecadando alimentos para as vítimas da seca no Ceará.
A paulatina
disseminação do ciclismo como esporte e diversão dos mais ricos,
fez com que os parques públicos recreativos da cidade, de
propriedade particular, passassem a oferecer pistas circulares para
corridas (ou passeios) de bicicleta, a fim de atender à demanda de
uma seleta clientela. 56
Nas atividades
do Clube Ciclista, ao tempo da presidência de Simões Lopes Neto,
Dona Velha o acompanha em bicicleta nova, ao som vibrante da banda
União Democrata. Simões, embora grande entusiasta do esporte, não
participava de corridas, mas era figura indefectível nos desfiles,
nos quais “ostentava uma belíssima borboleta de seda no guidom”.
Monquelat
aprofunda o assunto do ciclismo em Pelotas, revelando minuciosamente
novos dados sobre o Clube Ciclista, ao mesmo tempo em que descreve a
atividade do escritor na entidade.57
Figura 9 – Capa do Estatuto do Clube ciclista |
Do mesmo modo, ao abordar
a cirurgia que teria realizado Simões Lopes na infância, com a
acuidade que lhe é peculiar, esmiúça os detalhes do caso.
Monquelat discorda da narrativa tradicional 58
do fato, isto é, de que o médico que o submeteu ao procedimento era
um charlatão. Klécio Santos, jornalista da Zero Hora, de Porto
Alegre, ao entrevistar o pesquisador colheu a seguinte declaração:
Era
difícil imaginar que o Visconde da Graça iria deixar seu primeiro
neto varão sob o cuidado de um charlatão [...] Em exposição na
farmácia havia fotografias de antes e após a cirurgia não só de
Simões Lopes, mas também de Hortência Salles, outra paciente do
médico. “Tanto a Sra. Hortência quanto o neto do barão da Graça
sofriam de um estrabismo na vista, porém, tendo sido operados pelo
Dr. Nunes da Costa, ficaram bons desse defeito”, anunciava a edição
do Jornal do Commercio de 9 de maio de 1875. A notícia ainda destaca
a habilidade do médico diante de complicada cirurgia, pouco comum à
época.59
Procurou
também o pesquisador mostrar as preocupações sociais do escritor
que, além de envolver-se com uma série de ações comunitárias e
cívicas, discutia sobre um problema que estava na ordem do dia: a
higiene 60.
Como homem integrado aos
problemas do tempo, Simões Lopes Neto não ficou de fora dessa
discussão. Num artigo intitulado Pelotas e a higiene, sob o
pseudônimo de João do Sul 61,
publicado no A Opinião Pública, de Pelotas, em 21 de dezembro de
1912, afirma o autor peremptoriamente: “O principal fator de
progresso real, evidente, de uma cidade é o estado sanitário da
mesma”.
O conceito de higiene,
referido à época é bastante amplo, abarcando aspectos diversos,
que vão da beleza à salubridade: “Quem diz higiene, diz uma
cidade bem cuidada, saudável, limpa, atraente”, afirma Simões
Lopes.
Simões Lopes Neto toma
por modelo a Capital da República, com as transformações
realizadas pelo prefeito Pereira Passos 62,
seguindo a linha da política do “Bota-Abaixo”, ele entende que
devido ao aumento da população o número de habitações não é
suficiente para alojar em condições de salubridade. Então Simões
interroga:
As construções
iniciadas serão suficientes para resolver o problema?” Duvida que
isso seja possível, uma vez que “as casas não estão ao alcance
das bolsas proletárias é justamente isso o ponto principal a cuidar
na higiene de uma cidade. Pelo preço elevado, cotidianamente, o
pobre procurará a casa barata, ali aloja-se com a família inteira,
apesar das péssimas comodidades da habitação. /[...] Acossado
pelas ameaças de fome, aumentado o preço dos gêneros de primeira
necessidade, temos a pobreza mais acentuada e a procura das mansardas
infectas...63
Ainda na perspectiva de
que a incipiência da educação científica e geral em nosso país
atinge todas as classes sociais, e é a responsável por doenças,
assevera:
Na casa abastada, mais ou
menos, se trata do bom estado higiênico, não tanto pelo
conhecimento dos seus efeitos, e sim pelas exigências sociais. Mas
na habitação do pobre há dificuldade, aliada a uma falta de
preparo moral que não lhe foi dado na infância. 64
Deste modo, a “higiene
deve, pois, cuidar de perto a melhoria das casas, vigiar diretamente
o número de habitantes, as condições sanitárias das casas e assim
evitar a explosão de moléstias contagiosas”, sobretudo a
tuberculose, “que é uma ameaça que pesa constantemente sobre os
habitantes de Pelotas”. A respeito da doença afirma: “A
tuberculose, entre nós, é um dos grandes males que nos assolam e
sobre este aspecto enganador de cidade ventilada, iluminada, temos o
obituário numa porcentagem terrível”65.
O papel do Estado,
segundo o articulista, não se deve restringir em apenas isolar os
doentes, mas agir de maneira profilática, “sem o que é
desconhecer os mais rudimentares princípios da medicina pública.”
Adverte também que a ação da higiene não deve ser pontual,
atacando os casos patológicos manifestos, passando a criticar o
ensino das faculdades, “onde os professores, em geral, imbuídos
das doutrinas do século passado, hipnotizados pelas lesões, dão a
orientação que faz médicos para doentes...”.
Além disso, o escritor
propugna fazer um esclarecimento a todos:
Bem sabemos a dificuldade
que há em convencer certa gente na aceitação de medidas de real
valor sanitário. Há bem poucos anos vimos no Rio de Janeiro
levantado em peso contra a vacinação obrigatória, medida donde
logo tiram interpretações políticas e pseudo-filosóficas!/Mas a
maior dificuldade, às vezes, está em convencer os que se deixam
levar por teorias que nada tem de ver com a higiene. É triste ver-se
como uma vaga e metafísica noção de liberdade encontra apoio em
nome de merecimentos em detrimento da saúde da coletividade, que não
pode estar, de modo algum, à disposição de preconceitos e dogmas
de qualquer doutrina político-religiosa e a ação do Estado moderno
tem seus limites e a vida, a saúde, o bem-estar da coletividade
estão acima das discussões filosóficas, ao lado dos altos
interesses humanos da espécie. 66
No
início do século XX, a cidade do Rio de Janeiro, como capital da
República, apesar de possuir belos palacetes e casarões, tinha
graves problemas urbanos: rede insuficiente de água
e esgoto,
coleta de lixo
precária e cortiçossuper
povoados. Nesse ambiente proliferavam muitas doenças, como a
tuberculose,
o sarampo,
o tifo
e a hanseníase.
Alastravam-se, sobretudo, grandes epidemias de febre
amarela,
varíola
e peste
bubônica.
Decidido
a sanear e modernizar a cidade, o então presidente da República
Rodrigues
Alves
(1902-1906)
deu plenos poderes ao prefeito Pereira
Passos
e ao médico Dr.Oswaldo
Cruz
para executarem um grande projeto sanitário. O prefeito pôs em
prática uma ampla reforma urbana, que ficou conhecida como Bota-
Abaixo,
em razão das demolições dos velhos prédios e cortiços, que deram
lugar a grandes avenidas, edifícios e jardins. Milhares de pessoas
pobres foram desalojadas à força, sendo obrigadas a morar nos
morros e na periferia.
Oswaldo
Cruz, convidado a assumir a Direção
Geral da Saúde Pública,
criou as Brigadas Mata-Mosquitos, grupos de funcionários do Serviço
Sanitário que invadiam as casas para desinfecção e extermínio dos
mosquitos
transmissores da febre amarela. Iniciou também a campanha de
extermínio de ratos
considerados os principais transmissores da peste
bubônica,
espalhando raticidas pela cidade e mandando o povo recolher o lixo.
As
notícias eram alarmantes:
Tiros,
gritaria, engarrafamento de trânsito, comércio fechado, transporte
público assaltado e queimado, lampiões quebrados à pedradas,
destruição de fachadas dos edifícios públicos e privados, árvores
derrubadas: o povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de
vacinação obrigatório proposto pelo sanitarista
Oswaldo Cruz.
67
A
resistência popular, quase um golpe militar, teve o apoio de
positivistas
e dos cadetes da Escola
Militar.
Os acontecimentos, que tiveram início no dia 10
de novembro
de 1904, com uma manifestação estudantil, cresceram
consideravelmente no dia 12,
quando a passeata de manifestantes dirigia-se ao Palácio
do Catete,
sede do Governo Federal. A população estava alarmada. No domingo,
dia 13,
o centro do Rio de Janeiro transforma-se em campo de batalha: era a
rejeição popular à vacina
contra a varíola
que ficou conhecida como a Revolta
da Vacina,
mas que foi muito além do que isto.
Para
erradicar a varíola, o sanitarista convenceu o Congresso a aprovar a
Lei
da Vacina Obrigatória
(31
de outubro
de 1904),
que permitia que brigadas sanitárias, acompanhadas por policiais,
entrassem nas casas para aplicar a vacina à força.
Figura 10 – Vacinação de uma mulher, Rio de Janeiro,1904. |
A
população estava confusa e descontente. A cidade parecia em ruínas,
muitos perdiam suas casas e outros tantos tiveram seus lares
invadidos pelos mata-mosquitos, que agiam acompanhados por policiais.
Jornais da oposição criticavam a ação do governo e falavam de
supostos perigos causados pela vacina. Além disso, o boato de que a
vacina teria de ser aplicada nas "partes íntimas" do corpo
(as mulheres teriam que se despir diante dos vacinadores) agravou a
ira da população, que se rebelou.
A
aprovação da Lei da Vacina foi o estopim da revolta: no dia 05
de novembro,
a oposição criava a Liga
contra a Vacina Obrigatória.
Entre os dias 10
e 16
de novembro,
a cidade virou um campo de guerra. A população exaltada depredou
lojas, virou e incendiou bondes,
fez barricadas,
arrancou trilhos,
quebrou postes
e atacou as forças da polícia
com pedras, paus e pedaços de ferro. No dia 14,
os cadetes da Escola
Militar da Praia Vermelha
também se sublevaram contra as medidas baixadas pelo Governo
Federal.
A
reação popular levou o governo a suspender a obrigatoriedade da
vacina e a declarar estado
de sítio
(16
de novembro).
A rebelião foi contida, deixando 50 mortos e 110 feridos. Centenas
de pessoas foram presas e, muitas delas, deportadas para o Acre.
Ao
reassumir o controle da situação, o processo de vacinação foi
reiniciado, tendo a varíola, em pouco tempo sido erradicada da
capital.68
Ao
comentar a Revolta da Vacina, Simões Lopes Neto entendia que contra
a ignorância popular se justificava a força, isto é, dever-se-ia
esclarecer o povo antes que ele agisse contra si mesmo, nem que isso
tivesse de ser feito de maneira autoritária.69.
Conforme se viu, o termo higiene se restringia ao asseio pessoal,
antes era uma disciplina (com fóruns de ciência) e uma ideologia
muito ampla, que ia desde a fiscalização dos cortiços até
princípios de eugenia.
Figura 11– Assentamento dos tubos da rede hidráulica. À direita oempreiteiro Dr. A. Lamy e a esquerda o Engenheiro Fiscal Dr. Benjamim Gastal. |
E
ele não para aí: sua iniciativa e colaboração, junto a Carlos
Diniz e ao então deputado Bernardo de Souza 70,
para a preservação da casa em que morou e escreveu peças de teatro
e a obra-prima O negrinho do
pastoreio(1906)71,
foi determinante para o resultado vitorioso.72
Figura 12 - Casa em que morou, entre 1897 e 1907, João Simões Lopes Neto, em Pelotas, onde hoje funciona o Instituto que leva o nome do escritor. |
EPÍLOGO
É
preciso dizer que o trabalho do pesquisador A. F. Monquelat73,
a quem consagro 35 anos de amizade e admiração, a despeito de
termos abissais divergências numa considerável gama de assuntos e
de sua proverbial misantropia e ranzinzice exigir da convivência uma
grande dose de paciência em determinados dias, é indispensável
conhecer-lhe a obra para quem queira se aproximar da história de
Pelotas74
e do Velho Capitão. Concordemos ou não com suas teorias ou
interpretações, hipóteses ou divagações, simpatizemos ou não
com seu temperamento; não importa,é impossível não passar por
ele.
Nesse item,
relativamente a Simões Lopes Neto, conceber que suas descobertas são
mera obra do acaso é quase uma puerilidade, que só a galhofa
monquelatiana pode alimentar. Basta atentarmos para as numerosas
referências em trabalhos acadêmicos, bem como os agradecimentos nas
dissertações, teses e livros, pelos seus muitos auxílios e
colaborações, inclusive a nomes de reconhecidos especialistas, tais
como os de João Cláudio Arendt, Cláudia, Antunes, Patrícia Lima e
Flávio Loureiro Chaves. Também não faltam os obscuros, como o do
presente escriba.
Atente-se
também para os prêmios recebidos, tais como o Prêmio Arte Casarim,
em 1992, pelo livro Novos Textos Simonianos (1991) 75
e no reconhecimento obtido na árdua labuta do cotidiano de pesquisa,
do que nos dá testemunho ter sido escolhido “o nome da pesquisa”
do ano de 2016 pelo tradicional programa radiofônico Pelotas 13
Horas76.
Enfim, só pelo
que relatei nesta síntese da atividade simoniana (não assumida!) de
Monquelat, em seus mais de 30 anos de pesquisa, é possível
aquilatar sua inestimável e incontornável contribuição.
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Figura
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Fonte: Acervo Biblioteca Pública Pelotense.
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Fonte:
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Figura
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<https://www.facebook.com/nativudesign/photos/a.244274992274271.52980.243292022372568/1198027800232314/?type=3&theater>
Acesso em: 18 jan. 2017.
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Figura
7 – Capa do Almanaque do Bicentenário de Pelotas. Vol1. Fonte:
<https://www.google.com.br/search?q=A.+F.+Monquelat&espv=2&biw=1280&bih=918&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiKiL342NDRAhXEj5AKHV9fC5sQ_AUICCgD#tbm=isch&q=capa+almanaque+do+bicenten%C3%A1rio+de+pelotas&imgrc=K9rBPOlbODE6jM%3A>.
Acesso em: 11 dez. 2016.
Figura 8 –Um membro da
elite pelotense, adepto do ciclismo.
Fonte:
<http://www.amigosdepelotas.com.br/blog/ciclismo_um_esporte_da_elite_pelotense_1.html>.
Acesso
em: 20 jan. 2017.
Figura 9 - Capa do
Estatuto do Clube Ciclista de Pelotas.
Fonte:<http://pelotasdeontem.blogspot.com.br/2016_06_01_archive.html>
Acesso em: 16 dez 2016. Acesso em: 12 dez. 2016.
Figura 10 - Mulher sendo
vacinada em 1904.
Fonte:
<https://www.google.com.br/search?q=fotos+da+revolta+da+vacina&biw=1012&bih=477&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiOv6yl58zRAhXCjJAKHfjLAL8Q_AUIBigB#imgrc=r_QYSJG3X9N42M%3A>
Acesso em: 10 dez 2016.
Figura
11 – Saneamento em Pelotas. Fonte:Intendência Municipal de
Pelotas. Secção de Águas e Esgotos. Relatório de 1916.
Apresentado ao Intendente Municipal Engenheiro Cypriano Corrêa
Barcellos pelo Engenheiro Chefe Octacílio Pereira. Oficinas
Tipográficas do Diário Popular, 1917. Fonte:
Acervo Espaço Blau Nunes/Coord. Ramão Costa)
Figura
12 – Fachada do Instituto João Simões Lopes Neto. Fonte: Acervo
Instituto João Simões Lopes Neto (Pelotas/RS).
Acervos
consultados
Biblioteca Pública
Pelotense
Biblioteca IFSUL –
Campus Pelotas/RS
Eduardo Arriada
(Pelotas/RS)
Espaço Blau Nunes
(Pelotas/RS - Coord. Ramão Costa)
Instituto João Simões
Lopes Neto (Pelotas/RS)
Luís Borges (Pelotas/RS)
1
Professor de Literatura, crítico, tradutor e historiador literário.
Pós-graduado em Literatura Brasileira. Mestre e doutor em História
da Educação. Possui artigos, ensaios e livros publicados sobre o
escritor pelotense, entre os quais O
projeto cívico-pedagógico de João Simões Lopes Neto (2010).
Por seu trabalho de pesquisa em Simões Lopes Neto recebeu as
seguintes premiações: Açorianos (2002), 300 Onças (2015) e
Comenda do Centenário (2016).
2
RUSSOMANO, Mozart Victor. Como
se fosse um prefácio.
In MONQUELAT, A. F.; DINIZ, Carlos F. Sica; MAGALHÃES, Mario
Osório. Pelotas: Confraria Cultural e Científica
Prometheu/Livraria Lobo da Costa, 1991, p. 11.
3
Como é o caso do pseudônimo João Felpudo, descoberto por A. F.
Monquelat em 1990 (cf. BORGES, Luís. Os
três reis magos e uma página de diário.
Diário da Manhã, Pelotas, Suplemento DM Cultura, 22 dez. 1991),
quando revelou o texto Na
lagoa... do Fragata,
publicado no jornal O Radical, de Pelotas, em 22 de março de 1890.
Para mais detalhes vide: Capitão
João Simões... e sua Cia. de Joões.
In MONQUELAT, A. F.; DINIZ, Carlos F. Sica; MAGALHÃES, Mario
Osório. Pelotas: Confraria Cultural e Científica
Prometheu/Livraria Lobo da Costa, 1991, pp. 49-51. O texto foi
originalmente publicado no Diário da Manhã, Pelotas, Suplemento DM
Cultura, n. 52, 30 jun. 1991.
5
Para mais detalhes vide: BORGES, Luís. História
da pesquisa e atualização bibliográfica sobre João Simões Lopes
Neto. In BAVARESCO,
Agemir; BORGES, Luís. História, resistência e projeto em Simões
Lopes Neto. Porto Alegre: WS Editor, 2001, pp. 65-138.
6
Idem. Refere-se à tarefa de dedicar-se mais amiúde ao estudo, à
divulgação e à pesquisa de Simões Lopes Neto.
7
Para mais detalhes vide: BORGES, Luís. Simões
Lopes Neto jornalista:
um preconceito e uma negligência. In SUL, João do [pseudônimo de
João Simões Lopes Neto]. Inquéritos em contraste. Edição
organizada por Luís Augusto Fischer e Patrícia Lima. Porto Alegre:
Edigal, 2016, pp. 139-164.
8
MONQUELAT, A. F.. Meu
encontro com João Simões Lopes Neto.
Diário da Manhã, Pelotas. Série de nove artigos publicados entre
06 de janeiro e 03 de março de 2013.
10 MONQUELAT,
A. F.. Meu encontro
com João Simões Lopes Neto
(9). Diário da Manhã, Pelotas, 03 mar. 2013.
11 Natural
de Pelotas/ RS, nasceu em 1924. Engenheiro Agrônomo, formado em
1947 pela FAEM, desde os anos 1970 é reconhecido como artista
plástico em todo o estado do Rio Grande do Sul. Foi Jornalista do
periódico A Tribuna nos anos 1950 e, a partir de 1985, tornou-se
escritor, com o livro Décima
de Sepé Tiaraju.
Desde os anos 1950 ministra palestras sobre Simões, além de, nos
anos 1980, ingressar na Academia Sorocabana de Letras, tendo como
patrono João Simões Lopes Neto e sendo, ainda hoje, sócio
honorário. Ao aposentar-se, em 1989, Mário Mattos voltou à terra
natal e tornou-se membro do Instituto Histórico e Geográfico de
Pelotas. Em 1992, elaborou Súmula
biográfica de Simões Lopes Neto
para inauguração da Casa de Cultura no Castelo Simões Lopes. Já
em 1994, passou a coordenar as reuniões de leitura do Núcleo de
Estudos Simonianos do IHGPEL. Foi também eleito vice-presidente do
Instituto João Simões Lopes Neto, desde sua criação, até o ano
de 2010. Lançou em 2007, na Feira do Livro de Pelotas Garimpando
no Mundo das Trezentas Onças
– Leituras de João Simões Lopes Neto, livro composto por oito
contos originais de Mário e uma biografia ficcional do personagem
de Simões, Blau Nunes, feita em versos. Além disso, realiza
palestras sobre temas simonianos, tendo publicado diversos trabalhos
relacionados à história e à produção literária de João Simões
Lopes Neto. (Informações colhidas no site do Instituto João
Simões Lopes Neto. Disponível em:
<https://ijsln.wordpress.com/category/centenario-dos-contos-gauchescos/page/7/>).
Aceso em: 08 ago. 2016.
14
Para mais detalhes sobre a adoção de Firmina vide: DINIZ, Carlos
Francisco Sica. João
Simões Lopes Neto, uma biografia.
Porto Alegre: AGE, pp. 139-141.
15
REVERBEL, Carlos. Prefácio.
In LOPES NETO, J. S. Casos do Romualdo. Porto Alegre: Martins
Livreiro, 1992, p. 9.
18 BORGES,
Luís. A fortuna
crítica de Simões Lopes Neto nos momentos decisivos da Fase
Contemporânea (2003-2011).
In BUSSOLETTI, Denise Marcos. Escritas: Narrativas e (po)éticas
educativas. Pelotas: UFPEL, 2012, pp. 241-277.
21
Em Literatura e Cultura incluímos trabalhos que versam sobre
identidade, imaginário, representação literária, regionalidade,
estudos fronteiriços, literatura comparada, etc.
22
BORGES, Luís. A
fortuna crítica de Simões Lopes Neto nos momentos decisivos da
Fase Contemporânea (2003-2011).
In BUSSOLETTI, Denise Marcos. Escritas: Narrativas e (po)éticas
educativas. Pelotas: UFPEL, 2012, p. 273.
24 Entre
outras matérias vide: SIMÕES Lopes em defesa do teatro local. Zero
Hora, Porto Alegre, 19 dez. 2016; SANGUINÉ, Leon. Diário Popular,
Pelotas, 19 dez. 2016. Para mais detalhes vide: BORGES, Luís. A
família Marimbondo.
Dez. 2016. Inédito.
25
MONQUELAT, A. F. O
banco do Capitão e a família Marimbondo.
Devaneios (1). Diário da Manhã, Pelotas, 31 dez. 2016/01 e 02 jan.
2017. Grifo meu.
26 Cf.
SANTOS, Klécio. “Deixemos
os marimbondos em paz.”
In BEMOL, Serafim [pseudônimo de João Simões Lopes Neto]. A
família Marimbondo. Pelotas: Fructos do Paiz, 2016, pp. 49-57.
27
Para mais detalhes sobre o companheiro de pesquisa de Monquelat
vide: BORGES, Luís. Geraldo
Fonseca. Necrológio.
Diário da Manhã, Pelotas, 21/22 nov. 2015.
28
MONQUELAT, A. F.; FONSECA, G. R. Coletânea
e notas bibliográficas de poetas pelotenses.
Pelotas, 1985, pp. 55-58. Inédito.
29
SIMÕES LOPES NETO EM DESTAQUE. Jornal do Comércio, Porto Alegre,
02-12-2016. Para mais detalhes vide: Simões Lopes Neto – onde não
chega o olhar prossegue o pensamento. [Catálogo da exposição] 19
de outubro a 18 de dezembro de 2016. Organização e curadoria de
Ceres Storchi. Texto de Cláudia Antunes et al. São Paulo:
Santander Cultural, 2016.
30
Cf. BORGES, Luís. Simões
Lopes Neto publicitário.
Inédito. Vale recordar que Bilac, entre outros escritores de
prestígio, faziam versos para reclames (para detalhes vide:
CARRASCOZA, J..Evolução
do texto publicitário.
São Paulo: Futura, 1999).
31
Poema, publicado em abril de 1888, divulgado por Monquelat em Meu
encontro com João Simões Lopes Neto
(1), Diário da Manhã, Pelotas, 06 jan. 2013.
32
Para mais detalhes vide: REVERBEL, Carlos. Um
capitão da Guarda Nacional.
Porto Alegre: Martins Livreiro, 1981, pp. 44-49.
33
O major Ângelo Pires Moreira recolheu e publicou em seu livroA
outra face de J. Simões Lopes Neto (1983)
a coluna Balas de Estalo, a qual, segundo ele, teria começado em 02
de julho de 1888. Monquelat, todavia, descobriu um triolé anterior,
saído em 22 de junho de 1888, sob o pseudônimo de João Ripouco
(cf.
MONQUELAT, A. F.; DINIZ, Carlos F. Sica; MAGALHÃES, Mario Osório.
Novos textos
simonianos. Contos
urbanos e poemas de J. Simões Lopes Neto. Pelotas: Confraria
Cultural e Científica Prometheu/Livraria Lobo da Costa, 199, p. 21.
34
BORGES, Luís. Simões
Lopes Neto poeta.
Palestra proferida no IJSLN, 01 jun. 2006, 69 p. Inédito. Obs:
Estou ultimando uma antologia de poesia de João Simões Lopes Neto.
35
JOÃO SIMÕES LOPES NETO – POETA. Coluna da Academia Pelotense de
Letras. Diário da Manhã, Pelotas, 03 jan. 2017.
36
LOPES NETO, J. S. Contos
Gauchescos/Lendas do Sul/ Casos do Romualdo.
Edição crítica de Lígia Chiappini. São Paulo/Brasília:
Presença/ Instituto Nacional do Livro, 1988, pp. 285-287.
37
Para mais detalhes vide: SANTOS, Klécio. Não
era dele. Era dele.
Zero Hora, Porto Alegre, 31 mai. 2003.
38
Para mais detalhes vide ARRIADA, Eduardo; BORGES, Luís. Laçando
o boi barroso: o caso
da atribuição do conto “Olhos de remorso” a João Simões
Lopes Neto. Revista da Academia Sul-Brasileira de Letras, Pelotas,
vol. 2, n. 1, pp. 100-118, mai. 2003.
39
Mais tarde o conto foi republicado em CRUZ, Cláudio. Simões
Lopes Neto. Cadernos
Porto & Vírgula nº 17. Porto Alegre: Prefeitura
Municipal/União Editorial, 1999, pp. 57-60; e LOPES NETO, J. S.
Obra Completa.
Organizada por Paulo Bentancur. Porto Alegre: Já Editores, 2003,
pp. 1025-1028.
40
Para mais detalhes vide: BORGES, Luís. João
Simões Lopes Neto, verdadeiro “saco de espantos”.
Revista da Academia Pelotense de Letras, vol. 3, n. 2, pp. 54-71.
41
Para mais detalhes sobre a questão urbana em Simões vide: BORGES,
Luís. Simões Lopes
Neto cronista urbano ou as contradições de um costumbrista.
Parte 1, parte 2 e conclusão. Diário da Manhã, Pelotas,
respectivamente, 12/13 de outubro; 20 de outubro e 02/03 de novembro
de 2013. (Centenários Simonianos V)
42 Para
mais detalhes vide: BORGES, Luís. Além
fronteiras:
o empreendedor João Simões Lopes Neto. Disponível em:
<http://www.vivaocharque.com.br/interativo/artigo19>
Acesso em: 13 jan. 2017.
43 CÉSAR,
Guilhermino. Os bons
negócios do Capitão João Simões.
Correio do Povo,
Caderno de Sábado, Porto Alegre, 15 jun. 1974.
44
MONQUELAT, A. F.; PINTO, G. A
fábrica Diabo de João Simões & Cia.
Diário da Manhã, Pelotas, 07 ago. 2012.
45 Vale
lembrar que o escritor integrou a comissão de história na Academia
de Letras do RS. Além disso, Simões Lopes Neto escreveu diversos
textos de cunho histórico, tais como A
cidade de Pelotas.
Apontamentos para alguma monografia para o seu centenário. Anais da
Biblioteca Pública Pelotense, ano II, vol. 2, 1905, pp. 103-120
(que pode ser considerada a primeira obra historiográfica
sistemática sobre a cidade), a Revista
do 1º Centenário de Pelotas
(1911-1912); Terra
Gaúcha. Porto
Alegre: Sulina, 1955. Para mais detalhes sobre Simões historiador
vide: ZALLA, Jocelito. Memória
e identidade no sul do Brasil:
o ensaio histótórico de Simões Lopes Neto. Tempos históricos,
vol. 19, pp. 208-227, 1º semestre de 2015. Monquelat em diversos
textos de seu livro Desafiando
mitos: notas à
história do continente de São Pedro. Pelotas: Mundial, 2012;
discute Simões e os problemas relativos à historiografia
pelotense.
47
MONQUELAT, A. F.; MARCOLLA. João
Cardoso: dos Contos
Gauchescos para a história. In RUBIRA, Luís (Org.). Almanaque do
Bicentenário de Pelotas. Vol. 1. Fac-símile da Revista do 1º
Centenário de Pelotas. Santa Maria; Pró-Cultura; Editora Pallotti,
2012,pp. 241-263.
48
Lembremos que o Capitão, além de seu mais ambicioso projeto no
campo da história, que foi a Revista do Centenário (1911-1912),
era ainda membro da Comissão de história da Academia de Letras do
Rio Grande do Sul, na qual ocupava uma cadeira, e redigiu uma
história elementar de seu estado natal, o Terra
Gaúcha, obra de que
somente o 2 volume chegou até nós, sendo publicada pela editora
Sulina, de Porto Alegre, em 1955.
49
MONQUELAT, A. F. Pinto
Martins ou João Cardoso? In
MONQUELAT, A. F. Desfazendo mitos: notas à história do continente
de S. Pedro. Pelotas: Mundial, 2012, pp. 91-96.
50
RUBIRA, Luís. Apresentação
da obra. In
MONQUELAT, A. F.; MARCOLLA, V. Desafiando mitos: notas à história
do continente de São Pedro. Pelotas: Mundial, 2012, p. 13.
51
RUBIRA, Luís. Apresentação
da obra. In
MONQUELAT, A. F.; MARCOLLA, V. Desafiando mitos: notas à história
do continente de São Pedro. Pelotas: Mundial, 2012, p. 21.
52
Ele foi eleito para o Conselho Municipal em 02 de julho de 1896,
tomou posse em 02 de setembro do mesmo ano, encerrando seu mandato
em setembro de 1900. Para mais detalhes: BORGES, Luís. O
político João Simões Lopes Neto.
Inédito.
53 MONQUELAT,
A. F. Simões Lopes
Neto, o Club Cyclista e o carnaval de rua (Parte
3). Diário da Manhã, Pelotas, 18/19 jan. 2016. Ver ainda:
REVERBEL, Carlos.Um
capitão da Guarda Nacional.
Porto Alegre: Martins Livreiro, pp. 178-182.
54
MONQUELAT, A. F. Ciclismo:
um esporte da elite pelotense (Parte 5). Disponível em:
<http://www.amigosdepelotas.com.br/blog/ciclismo_um_esporte_da_elite_pelotense_5>.
Acesso em: 05 jan. 2017.
56 Para
mais detalhes vide MONQUELAT, A. F. Ciclismo:
um esporte da elite pelotense. Série de seis artigos. Disponível
em:
<http://www.amigosdepelotas.com.br/blog/ciclismo_um_esporte_da_elite_pelotense_1.html>
Acesso em: 11 jan. 2017.
57
MONQUELAT, A. F. Ciclismo:
um esporte da elite pelotense. Série de seis artigos. Disponível
em:<http://www.amigosdepelotas.com.br/blog/simoes_lopes_neto_o_club_cyclista_e_o_carnaval_de_rua_parte_3>.
Acesso em:11 jan.
2017.
60
Cf. MONQUELAT, A. F. Simões
Lopes Neto, higiologista.
Diário da Manhã, Pelotas, 25 ago. 2013. Para mais detalhes vide
BORGES, Luís. O
projeto cívico-pedagógico de João Simões Lopes Neto.
Pelotas: UFPEL, 2010, pp. 136-148.
61
Sobre os pseudônimos de Simões Lopes Neto vide MONQUELAT, Adão.
Capitão João
Simões... e sua Cia. de Joões.
In MONQUELAT, Adão; DINIZ, Carlos Sica; MAGALHÃES, Mário Osório.
Novos textos simonianos. Contos urbanos e poemas de J. Simões Lopes
Neto. Pelotas: Confraria Cultural e Científica Prometheu/ Livraria
Lobo da Costa, 1991, pp. 47-51.
62
Para mais detalhes vide BENCHIMOL, Jaime Larry. Pereira
Passos: um Hausmann
tropical. A renovação urbana da cidade do Rio de Janeiro no início
do século XX. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura,
Turismo e Esporte; Departamento Geral de Documentação e Informação
Cultural; Divisão de Editoração, 1992, e também ROCHA, Oswaldo.
A era das demolições
na cidade do Rio de Janeiro.
1870-1920. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, Turismo
e Esporte; Departamento Geral de Documentação e Informação
Cultural; Divisão de Editoração, 1995.
63
SUL, João do [pseudônimo de Simões Lopes Neto]. Pelotas
e a higiene. A
Opinião Pública, Pelotas, 21 dez. 1912.
68 Para
mais detalhes vide: MEHY, José Carlos; BERTOLLI FILHO, Cláudio. A
Revolta da Vacina.
São Paulo: Ática, 2001.
69 SUL,
João do [pseudônimo de LOPES NETO, J. S.].Pelotas
e a higiene. A
Opinião Pública, Pelotas, 21 dez. 1912.
70 O
relato completo está em MONQUELAT, A. F. Meu
encontro com João Simões Lopes Neto
(partes 3, 4, 5, 6 e 7). Diário da Manhã, Pelotas, respectivamente
20 e 27 de janeiro; 02/03; 10; 17 de fevereiro de 2013. Para uma
versão resumida: ARENDT, João Cláudio. Simões
Lopes Neto e o patrimônio histórico do estado.
Histórias de um bruxo velho. Ensaios sobre Simões Lopes Neto.
Caxias do Sul: UCS, 2004, pp. 105-111.
71
LEON, Zênia de. Produção
teatral de Simões.
Pelotas: história recontada em crônicas. Pelotas: Editora Santa
Cruz, 2015, pp. 179-180.
72
Para um relato detalhado e muito bem documentado do assunto vide:
MONQUELAT, A. F. Meu
encontro com João Simões Lopes Neto.
Partes 3 a 7. Diário da Manhã, Pelotas, respectivamente, 20 e 27
de janeiro; 02/03 de fevereiro; 10 e 17 de fevereiro de 2013.
73
Para informações biográficas e bibliográficas de Monquelat vide:
XAVIER, Simone. E-Dicionário de autores de Pelotas. Disponível em:
<http://e-dicionariodeautoresdepelotas.blogspot.com.br/p/adao-fernando-monquelat.html>
Acesso em: 13 jan. 2017.
74
Para mais detalhes vide: NOVO livro de A. F. Monquelat. Disponível
em
<https://preteritaurbe.wordpress.com/2015/05/27/novo-livro-de-a-f-monquelat/>Acesso
em: 18 jan. 2017. Em sua produção historiográfica constam os
seguintes títulos:
75
Para mais detalhes vide: MONQUELAT, A. F. Meu
encontro com João Simões Lopes Neto (2).
Diário da Manhã, Pelotas, 13 jan. 2013.
76 PELOTAS
13 Horas. Votação popular e debatedores apontam fatos e nomes de
2016. Diário da Manhã, Pelotas, 31 de dezembro de 2016 e 01/02 de
janeiro de 2017.