29 de fev. de 2016

Desfile em frente a Catedral - 1969


Escola Sylvia Mello, apresentação em frente a Catedral São Francisco de Paula, Provavelmente década de 50.
Fotografia: Foto Studio; Fonte: MEMÓRIA FOTOGRÁFICA DE PELOTAS

14 de fev. de 2016

Revolta dos Bondes - Um fato sem precedentes nos anais de Pelotas - 1914


Bondes incendiados

Com a matéria intitulada “Bondes incendiados” as páginas do Jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, no mês de Dezembro de 1914, em plena primeira guerra mundial, noticiava que a companhia de Ferro Carril e Caes resolvera fazer greve suspendendo a circulação dos bondes. Antes disso Dr. Cipriano Corrêa Barcelos, o Intendente Municipal, como era chamado o prefeito, já havia mandado cortar alguns trilhos para que os bondes não pudessem circular, pois a empresa já não possuía a ordem para circular e a construção das linhas para os bondes elétricos pela empresa Light and Power já havia começado. A população encontrava- se dividida entre o atual e o novo tipo de transporte.
Exatamente em 14 de dezembro estudantes pelotenses, do lado da intendência, somado as insatisfações dos trabalhos oferecidos pela companhia, fizeram comício de protesto em praça pública, no qual promoveram o “enterro” do diretor da companhia Ferro Carril (Sr. José Máximo Corrêa de Sá) com direito a bateção de latas, apitos e fogos de artifícios. Findo o protesto, uma multidão em torno de 1.500 pessoas atacaram o depósito dos Bondes da Ferro Carril, sendo recebidos a tiros pelos guardas da companhia. Os depósitos tiveram seus portões arrombados e invadidos, de onde foram tirados e conduzidos “a pulso” pelas ruas da cidade sendo depredados e incendiados.

“A Estação foi invadida e tudo que se encontrava lá dentro foi destruído, soltaram os muares das cocheiras e destruíram os utensílios ali encontrados, retiraram do local vinte e sete bondes que foram espalhados pela cidade, e posteriormente quebrados e queimados, quatro destes foram jogados em chamas para dentro do arroio Santa Bárbara, nas proximidades da empresa. Enquanto um grupo de populares encarregava-se da estação dos bondes, na Praça da Constituição, o escritório central também foi apedrejado, por outro grupo que continuava a baderna, destruindo tudo que encontrava pela frente. O corpo de bombeiros foi acionado para combater os diversos pontos de incêndio nos bondes, pessoas foram atingidas por balas de revolver, várias casas foram apedrejadas. Todo este alvoroço e vandalismo pararam somente em torno de três horas da madrugada, quando um grupo de guardas da policia conseguiu conter a população .” (WITTMANN, 2006)

Bondes de tração animal em frente a então Praça Pedro II.Acervos: CDOV-Biblioteca Pública Pelotense e Eduardo Arriada – A.F. Monquelat

Curiosidades:

“Os bondes em Pelotas por tração animal foram inaugurados em  Novembro de 1873.”
“Princesa Isabel em visita a Pelotas, em 1885, passeou com seus dois filhos em um bondinho puxado a burros. Como em todo o lugar por onde andava a nobre senhora, faziam-se manifestações de simpatia e às vezes um tanto exageradas. Os pelotenses, dados a homenagens, não fizeram diferente. Ornamentaram o bondinho com flores para os reais passageiros que os levaria ao parque Sousa Soares, o primeiro centro turístico do Rio Grande do Sul.(Viva o Charque - Zênia de León).

Fig. 2 Bonde elétrico na atual Av. Duque de Caxias.
Fontes:
Coleção do Arquivo Histórico de Porto Alegre.

Blog conselheiro X. Pelotas. Disponível em http://conselheirox.blogspot.com.br/ Acesso em fevereiro de 2016.

LEÓN, Zênia de. Os bondes em pelotas - A novidade no Rio Grande do Sul. Pelotas, 2012. Disponível em <http://www.vivaocharque.com.br/interativo/artigo22.php> Acesso em fevereiro de 2016.

WITTMANN, Maria Cristina Gonçalves. Trilhos Urbanos. Pelotas, 2006. Disponível em <http://wp.ufpel.edu.br/especializacaoemartesvisuais/files/2013/12/Maria-Cristina-Gon%C3%A7alves-Wittmann-%E2%80%93-2005.pdf>. Acesso em fevereiro de 2016.

9 de fev. de 2016

O Jacaré do Fragata por Elisabete Porto de Oliveira

Em final de meados do século XX, aproximadamente, surgiu no Fragata o grupo carnavalesco conhecido como Jacaré do Fragata. O grupo era formado por pessoas da comunidade que se divertiam fantasiando-se e saindo pelas ruas do bairro e conseqüentemente pelas ruas no centro da cidade. No início os carros alegóricos eram movidos por tração animal, depois passou a ser puxados por tratores de propriedades do Sr. José de Souza Soares, o qual, cedeu para a realização do evento. O Jacaré do Fragata atraía o público por onde passava. Era um grupo bem organizado e muito animado, disposto a exibir seu carnaval com tanta exuberância e graça.

Desfile do grupo Jacaré do Fragata, década de 60 do século XX. Fonte: Projeto Pelotas Memória

Segundo Nelson Nobre (2.000, p. 08, 09) faziam parte desse grupo carnavalesco Camelinho, Jaguaré, Odilon Garcia, Gilda Nunes e sua irmã, também a rainha Zilá Matos e a sua corte. As informações sobre os componentes e composição musical do grupo Jacaré do Fragata foram limitadas, por falta de fontes disponíveis ou, desconhecidas até o presente momento. O trabalho realizado pelo grupo foi o resultado de um belo e empolgante desfile.

Desfile do grupo Jacaré pelas ruas do centro de Pelotas, anos 60 do século XX. Fonte: Projeto Pelotas Memória.

O Jacaré do Fragata foi o primeiro grupo burlesco que surgiu no bairro. Os componentes do grupo desfilavam pelas ruas ao som da música executada pelos mesmos. Conforme o artigo do Sr. Bendjouya, publicado no Jornal Diário Popular do dia 24 de Fevereiro de 2001, o qual descreve sobre as curiosidades do carnaval de rua de Pelotas, o mesmo relata que existiram alguns blocos que desfilavam sem nenhuma verba pela rua 15 de novembro, na época a rua era mão dupla, depois passou a ser mão única. Os desfiles aconteceram na por volta da década de 30 do século XX. Alguns anos mais tarde foram surgindo outros blocos carnavalescos pela cidade com denominações de animais, representação de bichos como a Girafa da Cerquinha; o Camelo; o Galo; o Papagaio; o Tigre; o Jacaré do Fragata, este, como comenta o Sr. Isaac, “tinha uma história muito interessante ligada à política pelotense”. O grupo Jacaré fazia suas apresentações, tanto no bairro Fragata como no centro da cidade. Alguns moradores ainda recordam de alguns trechos da cantiga do grupo Jacaré, que desfilava pelas ruas como veremos a seguir:

Quem é que disse, 
E não acreditava, 
Que saísse o Jacaré [...] 
Veio pra avenida lá do lago a pé, 
Mostrar pra cidade, 
Toda sua vaidade, 
Que é o Jacaré.*

O grupo burlesco Jacaré durou poucos anos, o mesmo acabou encerrando sua atividade carnavalesca e deixando muita saudade nas pessoas que o admirava. Com o tempo foram surgindo outros grupos burlescos; escolas de samba com belos desfiles como a escola de samba Imperadores da Guabiroba e Unidos do Fragata. 

Por falar em grupos carnavalescos, com o qual a população se divertia, vale a pena lembrar que no século XX, final da década 50 aproximadamente, a população do bairro freqüentava o cinema, era o Cine Fragata, o qual apresentava bons filmes, principalmente do cantor gaúcho Teixeirinha, o cinema ficava lotado como recorda alguns moradores, tinha que ter muita paciência, pois a fila era enorme. O Cine Fragata também apresentava shows, como o do cantor Cauby Peixoto, o qual atraía multidão para o local. O local também passou a ser utilizado pelas escolas que faziam apresentações de seus alunos e professores, eram usados também para outros fins. O Cine Fragata encerrou suas atividades aproximadamente, entre o final da década de 70 e inicio dos anos 80. O prédio foi reformado e hoje funciona no local um salão de baile (kazão).

 *Trechos fornecidos por algumas pessoas que recordaram uma parte da letra da canção do grupo, como a senhora Irai, o senhor Antonio Luis e dona Flora,. Maio de 2007.


Elisabete Porto de Oliveira em Viagem na memória do Fragata: Estudo sobre a história e cultura de um “Bairro Cidade”. Pelotas, 2007.


Página 8 do fascículo Pelotas Memória especial sobre os carnavais do passado (2000) de Nelson Nobre.


3 de fev. de 2016

Pedro Fickel lança: "O Mundo de Manoela Amalia - A Noiva Gaúcha de Garibaldi"

O Prof. Pedro Luiz Brum Fickel, natural de Pelotas, Rio Grande do Sul, é bacharel em Letras pela Universidade Federal de Pelotas e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas (IHGPEL) desde o ano de 2009, data que coincide com o início de sua extensa pesquisa biográfica e genealógica sobre MANOELA AMALIA FERREIRA, a “Noiva de Garibaldi”, e que culmina com a publicação deste livro. Segundo ele, a história da vida e de sublimação de um grande amor, que foi levada por Manoela até as últimas consequências, engrandece sobremaneira o ato de amar. Nessa história, a realidade por vezes ultrapassa a mais fértil ficção e nos fascina a cada momento, a cada nova descoberta. A história épica de um amor impossível, mas mesmo assim incorruptível, vivida por Manoela e Garibaldi em tempos da Revolução Farroupilha, ainda ecoa nos dias de hoje a nos dizer: é somente no amor, e através dele, que o ser humano encontrará suas derradeiras respostas.
Manoela, a pelotense que seria eternizada como a noiva de Garibaldi, nasceu em 08 de julho de 1820, e foi batizada em 24 de agosto do mesmo ano, na Matriz de São Francisco de Paula.
O autor Prof. Pedro Luiz Brum Fickel estará lançando seu livro dia 11 de Fevereiro, às 19:30h na Biblioteca Pública Pelotense.




Sinopse
O Rio Grande do Sul e o Brasil há muito têm ouvido falar de um romance épico, em tempos da Revolução Farroupilha, entre o corsário italiano Giuseppe Garibaldi e a bela Manoela Amalia Ferreira. Manoela e Garibaldi apaixonaram-se perdidamente, a ponto do futuro “herói de dois mundos” pedi-la em casamento somente alguns meses após seu primeiro encontro. Os pais de Manoela, entretanto, iriam impedir essa união, sob o pretexto de que ela estaria prometida a um dos filhos do Gen. Bento Gonçalves da Silva, líder das forças republicanas.
Apesar do impedimento, Garibaldi jamais esqueceria Manoela. Em suas “Memórias”, ele mencionaria o “culto divinizante” que nutrira pela gaúcha de seus sonhos. Manoela, por sua vez, optaria por manter a chama de seu grande amor eternamente acesa. E assim o fez, por toda a sua vida. Morreu solteira, no início de 1903, na cidade de Pelotas, sua terra natal, onde era conhecida como “a noiva de Garibaldi”. Respeitada por sua opção enquanto vivia, após a morte Manoela atingiria o status de verdadeira heroína no imaginário popular gaúcho. Porém, decorrido mais de um século de sua morte, e apesar de seu grande apelo, a personagem real ainda se encontrava envolvida pelo manto do desconhecimento. Esta biografia de Manoela Amalia objetiva fazer um resgate histórico há muito devido, não só através da reconstrução dos mais variados aspectos de sua vida no contexto do século XIX, como também do resgate dessa comovente história de sublimação de um grande amor, onde realidade e ficção muitas vezes se confundem ou tomam sentidos opostos. A história de um amor impossível vivida por Garibaldi e Manoela ainda ecoa nos dias de hoje, e nos revela que é somente através do amor que o ser humano encontrará as derradeiras respostas para seu conflito existencial.
Fonte: https://www.chiadoeditora.com