19 de jun. de 2016

Lá… por Francisco LOBO DA COSTA



Na minha terra, lá…quando
o luar banha o potreiro
passa cantando o tropeiro,
cantando…sempre cantando…
depois descobre-se o bando
do gado que muge adiante,
e um cão ladra bem distante…
Lá… bem distante!…na serra!
– Nunca foste a minha terra?

Enfrena, pois, teu cavalo,
ferra a espora, alça o chicote,
e caminha a trote…a trote…
se não quiseres cansá-lo.
Ainda não canta o galo,
é tempo de viajares,
deixarás estes lugares,
irás vendo novas cenas,
sempre amenas…muito amenas!

O laranjal enverdece
ao disco argênteo da lua,
e a estrada deserta e nua
logo aos olhos te aparece…
Uma figueira ali cresce
beijando a fralda ao regato:
e lá… no fundo do mato,
arde o rosado e fumega
a vassourinha, a macega…

Se um grito de fero açoute
estruge no ar austero,
não tremas! É o quero-quero
que vem te dar a boa noite.
Um conselho porém dou-te:
um pouso tens a teu lado;
mas não lhe batas…cuidado!
Antes procura outros meios
dormindo sobre os arreios.

Não que se negue a tais horas
agasalho ao forasteiro,
mas, porque, foras primeiro
assustado sem demora!
“Ó Juca” põe-te pra fora! “
solta o cão…traz o trabuco…”
“matemos este maluco!”
para no fim do rebate
ir contigo tomar mate.

Logo ao romper da alvorada
põe a soga o teu cavalo:
podes passar-lhe um pealo,
uma maneia trançada,
depois vai pedir pousada;
de dia nada receias;
verás meninas sem meias…
“Eh pucha!” que lindas moças
de pernas grossas…bem grossas!

Hão de fazer-te mil festas,
dar-te atenção e carícias,
porquanto minhas patrícias
são modestas, bem modestas!
Mil vezes os mimos destas
porque são filhos da estima.
Aceita-os, pois, e por cima
come o bom churrasco insosso,
que elas dirão que és bom moço!

À noite, escuso avisar-te,
dança-se a parca “Tirana”;
tira a primeira serrana
que não há de recusar-te,
ali, a um canto…de parte,
o velho fuma um cigarro;
de quando em quando um escarro,
ao passo que um mariola
arranha numa viola.

Não te espante os cavalheiros,
muitos verás de tamancos
outros de sapatos brancos
ou de “botas de terneiros”;
esses serão os primeiros
na “competência dos pares…”
nem te rias se escutares:
-”Eu danço “cá siá” Maruca,
“A Chica dança cô Juca!”

Ouvirás após cantiga
de versos de pés quebrados,
coisas de tempos passados
que talvez a rir te obriga;
se queres porém que o diga:
acho mais graça e beleza
naquela simples rudeza,
que neste folgar sem lei
de muita gente que eu sei.


Ali, verás como incita
o viver da solidão,
tomando o teu “chimarrão”
feito por moça bonita;
verás vestidos de chita,
muita vida em cada rosto…
Mas, se duvidas do exposto,
é fácil: – volta pra aqui,
e dirás se te menti.


LOBO DA COSTA

16 de jun. de 2016

Um calçadão recém nascido

Olha só o registro do Sr. Vitor Hugo Lautenschläger, fotografou os filhos no recém nascido calçadão central de Pelotas em maio de 1981. Na foto os irmãos Leonardo Lautenschläger e Alessandra Lautenschläger nos orelhões da antiga CTMR. Podemos ver algumas lojas do comércio da época, como Hercílio, Favorita, Emporio de tecidos, Trilhoteiro. O chafariz das "três meninas" (1874), lá ao fundo, nem tinha sido transferido da Praça Domingos Rodrigues para o calçadão das Rua Andrade Neves esq. com a Rua Sete de Setembro, a inauguração do chafariz neste local aconteceu no dia 18 de dezembro de 1981.
Envie sua foto para preteritaurbe@hotmail.com

13 de jun. de 2016

Rua das flores "um nome que deveria ter sido eternizado"

Postal da atual Rua Andrade Neves (Rua das Flores) esq. Mal. Floriano (Rua São Jerônimo), antes do Edifício Glória, que só fora construído em 1934. Esta foto provavelmente seja do inicio do século XX.

Antiga rua das flores, como disse Mario Osório Magalhães, em um de seus livros, "um nome que não deveria ter sido mudado e sim eternizado."



6 de jun. de 2016

1° Feira Nacional do Doce de Pelotas 1986

Foto: Reprodução enviada por Margareth Vieira

Rememoramos os idos de 1986, com o cartaz da primeira feira nacional do doce, quando era realizada em janeiro no Laranjal e sua história no texto abaixo


UM POUCO DE HISTÓRIA.

“Com a duração de apenas 5 dias surgiu então a 1ª Fenadoce, ocorrendo de 15 a 19 de janeiro de 1986. Foi realizada na área pertencente a Universidade Católica de Pelotas, na praia do Laranjal e realizada pela FUNDAPEL com o apoio do Governo do Município.
A festa surgiu com o objetivo de divulgar os produtos na área de doces, enlatados e confeitarias da cidade e tendo o propósito de estimular a comercialização destes produtos. O sonho era que a festa do doce fosse como a festa da uva, mas isso não aconteceu devido à falta de promoção publicitária. 
A Fenadoce teve sua abertura no dia 14 de janeiro de 1986 ao som do Hino Nacional tocado pela Banda da Brigada e com a presença do prefeito da cidade Bernardo de Souza. 
À noite o show pirotécnico que durou 20 minutos, encantou a todos que prestigiaram a festa. O sistema de som de 50 mil watts era equivalente à metade do som do Rock in Rio, prometendo incentivar a festa. 
Com uma lancheria montada em estilo circense numa área de 1.500 m², haviam dentro do pavilhão cerca de 55 estandes e 20 ao ar livre. Assim começou a trajetória da Fenadoce que buscava mostrar a doçaria, indústria, comércio, artesanato e os serviços de Pelotas. 
Pelotas contava com a cooperativa das doceiras que inicialmente tinham 100 doceiras associadas, mas que se reduziu à metade, pois estavam desviando a verba. Pelotas distribuía seus doces para vários estados como Santa Catarina, São Paulo, Porto Alegre, Curitiba. A preferência na época eram pelos doces cristalizados. 
A presidente da cooperativa, Amadelina Marini nos colocou a importância da realização desta festa, dizendo: “Com a Fenadoce o doce de Pelotas voltará a se impor no mercado e o mais importante vai ser a imagem da festa, onde haverá uma constante procura o ano todo”. 
O sucesso da Fenadoce possibilitou que a rádio Cosmos transmitisse um programa especial sobre a 1ª Fenadoce, integrando uma série: “Coisas da Província”, apresentando um painel sobre Pelotas, suas riquezas, potencialidades e sua gente. O especial foi gerado pela rádio do Mec no Rio de Janeiro. 
Dia 19 de janeiro de 1986, último dia da festa, na coluna Marina Especial, do jornal Diário Popular foi mencionada a importância da festa, já que os turistas hospedados no Hotel Manta adoraram o atendimento e prometeram voltar em outras festas. 
Um dos maiores estandes que merece ser mencionado foi da Agapê, que superou as expectativas e também ofereceu degustação de alguns produtos. 
O desejo era que a cidade se tornasse um seu pólo turismo, gerando dinheiro, riqueza e trabalho. 
Entre os comentários da festa, o presidente do diretório municipal do PDS, Adolfo Fetter, criticou a feira dizendo que não tinha infra-estrutura e que deveria ter sido realizada na Associação Rural e ainda reclamou que a cidade esta mal cuidada e suja. Carlos Alberto comentou “Um velho sonho meu vejo em realidade. O turismo de Pelotas sendo conduzido pelos doces”. 
Maria do Carmo Haertel Sobral falou sobre as confeitarias de Pelotas, recordando a Confeitaria Nogueira, Confeitaria Gaspar, Confeitaria Brasil, Confeitaria Abelha, homenageando-as por terem aberto o caminho para Pelotas se tornar a capital do doce. 
A Prefeitura e a Fundapel, os setores de comércio, indústria e turismo que há muito desejavam que a cidade tivesse a sua festa ficaram realizados com a sua merecida promoção. 
O prefeito Bernardo de Souza falou sobre a festa: “Há a crença e o entusiasmo de muitos. Há também a certeza de que nada nasce perfeito, mas de que é preciso ousar e começar. A grande festa que Pelotas quis!” 
A Fundapel avaliou que o sucesso da 1ª Fenadoce estava garantido, pois até o sábado mais de 60 mil pessoas já haviam visitado a festa, sendo que na sexta-feira o mau tempo havia prejudicado o movimento. Mesmo assim a Fundapel comunicou uma reunião para avaliar os possíveis erros. 
A 1ª Fenadoce foi sinônimo de grande alegria e satisfação para os pelotenses, abrindo portas, dando esperanças de crescimento e desenvolvimento para o município.”

Texto extraído Trabalho Acadêmico “FENADOCE: CULTIVANDO E DIVULGANDO O PATRIMÔNIO DE PELOTAS” de Taíza Corrêa Schmidt Triarca. Pelotas, 2008.



Taça distribuída para os convidados da 1° FENADOCE, no primeiro dia .
Foto enviada por Paulo Irigon

A página do Jornal do Laranjal (26 de maio 2016) postou uma foto do local onde foi realizada a 1° FENADOCE

"Quem se dirige ao Balneário Santo Antônio, Balneário dos Prazeres e Colônia de Pescadores Z-3, visualiza à direita, antes de chegar na Avenida José Maria da Fontoura, um grande pavilhão."



Acima o comercial da 1° Fenadoce Feira Nacional do Doce Pelotas 1986 vinculado na RBS