Fig 1: Bazar e seu bule
monstro na fachada. Foto de 1961, Rua Andrade Neves esq. Rua Sete de
Setembro. Click na foto para ampliar
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A partir do ano de 1904, quem transitava no cruzamento entre as Ruas
Sete de Setembro e Andrade Neves podia ver o “Monstro",
por muitas décadas pairou sobre as cabeças das pessoas e ainda hoje
permanece, porém agora no imaginário de quem conheceu.
O
monstro era um grande bule! Sinalizava que naquele local havia um
comércio diferenciado e imponente, assim como representava seu
símbolo, foi batizado de “Bazar Bule Monstro". Durante
86 anos [entre os anos de 1882 e 1968] esteve em funcionamento no
coração da antiga Pelotas.
No
fim do século XIX Pelotas já convivia com o que havia de melhor na
Europa em cristais, louças, talheres, lustres e tecidos. Um dos
comércios que representava e mantinha toda essa grandiosidade da
época de ouro, era o Bule Monstro, uma espécie de bazar onde até
mesmo a Princesa Isabel esteve fazendo compras. [15 de fevereiro de
1885].
O
bazar quando inaugurado em 1882, pelos Srs. Alfredo Ferreira Sampaio
e Antônio Francisco Madureira, tinha sede a Rua São Miguel n.177*, via que a muito tempo [desde 1895] chamamos de XV de
novembro. A sociedade entre os dois proprietários só seria desfeita
em 1885 quando o Sr. Pedro Afonso dos Santos se juntaria com o Sr.
Alfredo para dar continuidade aos negócios. Em 1899 junta -se a
sociedade o Sr. Alberto Sampaio.*
Em
1912, após o falecimento do Sr. Alfredo Ferreira Sampaio [1911],
estabelecimento o mais antigo é vendido por sua viúva, Sra.
Fortunata de Faria Sampaio, ao Sr. Antônio Gigante*. No mesmo ano o
Jornal A Federação noticia a iluminação do Bazar Bule
Monstro, já a rua XV de Novembro. A
instalação elétrica foi feita pela casa Bromberg & Cia., de
Pelotas.*
*Fonte: pesquisador A.F. Monquelat
Fig.2: Notícia sobre a instalação da iluminação no BAZAR BULE MONSTRO. Extraída do jornal A Federação - 02.10.1912. Contribuição de Cinara Dias de Oliveira. Click na foto para ampliar
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"aquele tempo, as maiores lojas de comércio exigiam instalação própria para o fornecimento de luz, e o Bule Monstro estava nesse número para poder ter, á noite, brilhantemente iluminadas as suas vitrines dando para a Rua Sete de Setembro e Andrade Neves, na era urbana da iluminação pública feita por lampiões a gás". (Nascimento,1989, p.293)
Em
uma entrevista ao “Blog Panorama Pelotas” (NETO, 2009), antes de
falecer, o Sr. Eddy Sampaio Espellet relata que seu avô materno –
Alfredo Sampaio – falecido em 1911, filho de portugueses, nascido
em Rio Grande, foi quem criou o Bazar Bule Monstro, informação que
vem ratificar a matéria publicada anteriormente no Diário Popular
no ano de 2003, onde Renato Sampaio, em visita a Fenadoce, reconheceu
na réplica de um bule a marca da empresa da família, onde lê- se
na publicação que seu avô foi o primeiro proprietário da empresa.
A propaganda do Bazar Bule Monstro sempre esteve presente nos Almanaques de Pelotas e nos reclames dos principais jornais da cidade. No ano de 1912 as publicidades da loja estavam em nome do Sr. Antônio Gigante (fig.7), nota-se que o endereço é “Andrade Neves, 619”. Já a partir de 1921 as publicidades aparecem junto ao nome de Patrício Simões Gaspar (fig.8), que vem a ser o último dono do bazar, no endereço de Andrade Neves, 628.
Nas fotos podemos constatar que o Bule monstro teve duas sedes, ambas no cruzamento das Ruas Andrade Neves com Sete de Setembro, uma em frente a outra, como mostram as três imagens a seguir, que aparecem o bule na fachada. Segundo o pesquisados A.F. Monquelat um dos endereços seria uma especie de depósito do bazar.
A propaganda do Bazar Bule Monstro sempre esteve presente nos Almanaques de Pelotas e nos reclames dos principais jornais da cidade. No ano de 1912 as publicidades da loja estavam em nome do Sr. Antônio Gigante (fig.7), nota-se que o endereço é “Andrade Neves, 619”. Já a partir de 1921 as publicidades aparecem junto ao nome de Patrício Simões Gaspar (fig.8), que vem a ser o último dono do bazar, no endereço de Andrade Neves, 628.
Nas fotos podemos constatar que o Bule monstro teve duas sedes, ambas no cruzamento das Ruas Andrade Neves com Sete de Setembro, uma em frente a outra, como mostram as três imagens a seguir, que aparecem o bule na fachada. Segundo o pesquisados A.F. Monquelat um dos endereços seria uma especie de depósito do bazar.
Fig.4: Bule monstro fundado em 1882, nota-se que existiam dois endereços na Rua de 7 de Setembro, um de fronte ao outro.Click na foto para ampliar
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Fig. 5: Rua Andrade
Neves, vista em direção a Rua Sete de Setembro. Bule monstro no
detalhe a esquerda.Click na foto para ampliar
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Fig. 6: Década de 60,
Rua Andrade Neves, vista em direção a Rua Sete de Setembro. Bule monstro no detalhe a direita.Click na foto para ampliar
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Segundo
o Sr. Eduardo
Duarte Bernardes,
bisneto de Patrício Simões Gaspar, o bazar bule monstro foi
realmente comprado da família Gigante.
O Sr. Bernardes tem dois membros de sua família na história de Pelotas, o próprio Sr. Gaspar, que além de dono do bazar, fez parte do secretariado da criação do Banco Pelotense, na casa do Sr. Plotino Amaro Duarte, também bisavô de Bernardes, mas isso já é outra história. Sr. Antônio José Peres Bernardes, casado com a Sra. Cândida Gaspar, filha do Sr. Gaspar, assumiu a loja após a morte do sogro, tempo depois o Sr. Álvaro Gaspar Bernardes, em idade de trabalhar, entrou como sócio, o que aconteceu até o fechamento em novembro de 1968, quando a loja foi vendida ao Sr. Joaquim Adriano Júlio, dando lugar a Ótica Cristal, que declara que o nome de seu estabelecimento provém dos lindos cristais que eram vendidos no Bazar e que nunca esquecera.
O Sr. Bernardes tem dois membros de sua família na história de Pelotas, o próprio Sr. Gaspar, que além de dono do bazar, fez parte do secretariado da criação do Banco Pelotense, na casa do Sr. Plotino Amaro Duarte, também bisavô de Bernardes, mas isso já é outra história. Sr. Antônio José Peres Bernardes, casado com a Sra. Cândida Gaspar, filha do Sr. Gaspar, assumiu a loja após a morte do sogro, tempo depois o Sr. Álvaro Gaspar Bernardes, em idade de trabalhar, entrou como sócio, o que aconteceu até o fechamento em novembro de 1968, quando a loja foi vendida ao Sr. Joaquim Adriano Júlio, dando lugar a Ótica Cristal, que declara que o nome de seu estabelecimento provém dos lindos cristais que eram vendidos no Bazar e que nunca esquecera.
“No mesmo ano de minha chegada, 1968, eu e um sócio fundamos a Joalheria e Ótica Reunidas. A loja ficava no centro da cidade, em um prédio onde funcionava também um famoso bazar com o exótico nome de “Bule Monstro”. Lembro-me vivamente desse bazar, que comercializava produtos típicos desse ramo. Entre esses, despertavam-me interesse os puros cristais ingleses, uma raridade. Desse encantamento visual veio-me a inspiração para o nome fantasia” .(FILHO,2013)
Fig.7: Almanaque de
Pelotas, 1915. Publicidade bule
monstro em nome de Antônio Gigante.
Andrade Neves, 619.Click na foto para ampliar
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Fig.8: No Almanaque de
Pelotas, 1921 a publicidade do Bule monstro já aparece com nome de Patrício
Simões Gaspar. Andrade Neves, 628, assim como nos próximos almanaques.Click na foto para ampliar
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Fig.9: Propaganda do Bule monstro no Almanaque de Pelotas, 1922. Click na foto para ampliar
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Fig.10: Propaganda do Bule monstro no Almanaque de Pelotas, 1923. Click na foto para ampliar
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QUE FIM LEVOU O “BULE”?
Pelas
fotos que chegaram até nós hoje, podemos conhecer como foi esse
comércio, pelo menos sua fachada e o “tal monstro”. Até o
momento não se tem conhecimento de algum registro da parte interna
do comércio, inclusive podemos encontrar publicidades nos Simonianos
“Almanach's de Pelotas” do início do século. O bule foi trazido
da França, feito em madeira de lei, caixilhos de chumbo e vidros
bisotê coloridos e sua luz era artificial e vinha de seu interior.
Ao término do comércio foi vendido a uma casa que trabalhava com
metais e antiguidades, na Rua Santa Tecla, cujo dono era o Sr. Argeu
Fabres. O resto eu deixo o Sr. Eduardo Duarte Bernardes, filho do Sr.
Álvaro Gaspar Bernardes, herdeiro do “Bule Monstro”, poderíamos
dizer assim, explicar com suas próprias palavras:
“- Infelizmente meu primo, Luiz Carlos Ferreira Bernardes de Porto Alegre, comprou o bule do Sr. Argeu Fabres e teve a infeliz ideia de levar para capital, estava ele reformando sua casa, ai houve uma fatalidade......desabou o forro da peça onde estava o bule e o destruiu, não tendo mais recuperação, uma grande perda para nossa família e memória de Pelotas. Hoje “ele” estaria exposto na sala da minha casa, com muito orgulho de 03 gerações terem trabalhado no bule monstro.1”
1. Depoimento
em entrevista por e-mail de Eduardo Duarte Bernardesem 29 mar.
2015.
Fig.11: Foto
provavelmente do final dos anos 60. Nota-se o bule ainda na
fachada, mesmo com letreiros de ótica. Click na foto para ampliar
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Texto de Fábio Zündler
Graduando em Conservação e restauro de bens culturais móveis/UFPel
Graduando em Conservação e restauro de bens culturais móveis/UFPel
REFERÊNCIAS:
FAMÍLIA
aprova mudanças. Economia, DIÁRIO
POPULAR, Pelotas,
5 abr
2003, disponível em: <
http://srv-net.diariopopular.com.br/05_06_03/gm040608.html
> . Acesso em: 30 mar. 2015.
NETO,
Paulo
Gastal. Panorama
Pelotas [Blog Internet].
Entrevista - Almirante Eddy Sampaio Espellet. Pelotas: Paulo
Gastal Neto. 21 mar. 2009. Disponível em: <
http://pgneto.blogspot.com.br/2009/03/entrevista-almirante-eddy-sampaio.html
>. Acesso em: 21 fev. 2015.
FILHO,
Rubens. Amigos
de Pelotas [Blog
Internet]. Ótica
Cristal, referência de qualidade, Pelotas:
Rubens Filho.
6 fev. 2013. Disponível em: <
http://www.amigosdepelotas.com.br/blog/otica_cristal_referencia_de_qualidade_1.html
> Acesso
em: fev.
2015.
NASCIMENTO, Heloísa
Assunpção. Nossa
Cidade era assim.
Pelotas: Editora Livraria Mundial, 1889.
MARTINEZ,
Leonil. Xarque
com assucar/ Pelotas com Nordeste: contraponto de extremos no paladar
cultural brasileiro.
Florianópolis, 2000. Tese mestrado. Pag. 23. Acessado em: <http://goo.gl/uB6f0G>.
BOTELHO,
Daniel Moraes. Nos
telhados de Pelotas/RS: revelando rasgos no espaço urbano através
de fotografias e cartões postais.
Pelotas, 2013. Tese doutorado. Pag. 205 e 206. Acessado em: <http://goo.gl/YgaauL>.
Almanaque
de Pelotas. Pelotas, 1913, pag. 12.
Almanaque
de Pelotas. Pelotas, 1915, pag. 52.
Almanaque
de Pelotas. Pelotas, 1921, pag. 309.
Olá Fábio.
ResponderExcluirFiquei muito triste em saber que o Bule não mais existe, e a menos de um mês comentava com meus filhos sobre o Bule Monstro e dizia a eles que provavelmente o Bule estaria em algum museu. Infelizmente perderam o Monstro.
Que lástima, porém ficará vivo na lembrança dos que ainda insistem em viver, porém um dia se perderá para sempre essa lembrança tão maravilhosa, afinal era um ponto de encontro. "Onde podemos nos encontrar? Na esquina do Bule Monstro.
Formidável.
Um abraço.
Prof. Pedro.
Triste fim de um bule monstro. estamos aqui para que estas lembranças não se percam, mas nada é para sempre. Hoje parece permanecer o ponto. "Onde podemos nos encontrar? No chafariz" Abraço
ResponderExcluirInda me lembro do BM, inclusive internamente.
ResponderExcluirÉ verdade, vale a pena você investir na Lixadeira Orbital Bosch porque é profissional, do que em uma amador, principalmente se o trabalho for presado que vai exigir muito da ferramenta
ResponderExcluirCara, sabe porque as pessoas não gostam desse chá, poruqe elas não sabem os benefícios do chá de hortelã se soubesse tomaria todos os dias
ResponderExcluirEu acho interessante essa forma que você colocou do fogão cooktop de 5 bocas apesar desse modelo deixarem a cozinha moderna
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