29 de abr. de 2015

Campeonato Gaúcho de 51 - Rio Grande e Pelotas

Fase Final do Campeonato Gaúcho em 16 de dezembro de 1951, no Estádio Arthur Lawson - Rio Grande 2x3 Pelotas


Fonte: TV Arquivo Lobão

28 de abr. de 2015

Filme Ângela, filmado em Pelotas (1951)




Filme Ângela, do ano de 1951, filmado em parte no interior do Solar da Baronesa, quando ainda residência dos Antunes Maciel.


Imagem filmada no portão do alpendre do solar da Baronesa.

Ângela é um filme brasileiro de 1951 dirigido por Tom Payne e Abílio Pereira de Almeida, com roteiro de Nelly Dutra Ruschel, baseado no conto "Sorte no Jogo", de Hoffmann.



Sinopse:

Dinarte, jogador incorrigível, ganha no carteado uma propriedade, à qual decide visitar na mesma noite. Chegando à fazenda, Ângela, enteada de Gervásio (o perdedor), comunica a morte da mãe. Dinarte envolve-se e casa-se com Ângela e promete não jogar mais, porém não consegue cumprir a promessa e a família entra em decadência, da qual Ângela tenta preservar seu bebê.

Curiosidades:

- O filme marcou a estreia de Inezita Barroso no cinema brasileiro.

- O dinheiro da produção acabou ainda durante as filmagens, em Pelotas. O cenógrafo Pierino Massenzi foi então enviado a São Paulo, para pedir mais dinheiro ao produtor Franco Zampari.

http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%82ngela_(filme)

24 de abr. de 2015

Minha casa, tantas casas por Pablo Rodrigues.

Este texto "Minha casa, tantas casas" de Pablo Rodrigues, é sempre bom ler e ouvir, ainda mais com a narração do grande filho acolhido por esta cidade, José de Abreu, que aqui viveu por um grande período nos anos 70. Zé Abreu sentiu tudo isso, que só quem esteve ou passou por aqui sabe como é. 

Dedico esta postagem a todos que por aqui passaram e nasceram e hoje estão longe fisicamente mas perto de coração. Nunca é de mais parabenizar Pablo Rodrigues por suas palavras que mostram realmente o grande sentimento que os pelotenses sentem por sua cidade. 





Minha casa e tantas casas

― Digo ao senhor, sem o receio qualquer de errar: minha cidade é minha casa, o lugar onde me encontro. E crescem em mim incontáveis alegrias, abrem-se em mim inúmeras janelas quando volto pra lá: coração no compasso do mais certo. Aliás, o tanto e quanto mais sei e testo nesta vida de entreandanças é que tudo é viagem de volta... Minto? A saudade então não é a cada instante a sempre-presença? Ai, e tem maior que a saudade da casa da gente? Pois repito, para que não sobre assombro: minha casa é minha cidade. Toda doçura.
Essas lindas moças todas e suas finas feições e caminhares e perfumes são minha cidade: o crescer da lua, na Lagoa dos Patos, o inesperado irromper do amor. Lhe conto que não há nada igual no mundo. O senhor vá no Laranjal, comigo confirme, constate com os seus próprios olhos. E ponha o coração à larga. Depois sonhe com aquilo quando sonhar, toda a vida.
Uma casa e tantas casas, minha cidade, onde Ramilonga se fez canção, poema e estética profunda de frio, solidão e amor. Sim, minha cidade em mim não sei como, não saberia ser quando, onde quer que fosse, onde?, se não em mim, o que me faz mais eu: assim, minha casa e tantas casas, assim, aberto à esperança de tantos milagres e povos.
Olhe, veja - e me escute mais do que estou lhe dizendo. Escute cada pedra, cada árvore, cada banco de praça. Escute cada flor lilás dos jacarandás-em-dezembro da Coronel Pedro Osório, o silêncio das peças de xadrez, as mesas, os velhos senhores tão sempre donos do tempo, como se num quadro. Eternos. E Deus por todos os cantos. 
Escute o cheiro de infância que ainda circula pelo Café Aquário: um desejo enorme de debater o mundo com os amigos. Mudam-se apenas os assuntos. Todos somos crianças, porém, lá no fundo. O senhor faça o teste: pare diante do espelho e se olhe fixo, por cinco minutos. O que verá no fim? Pois lhe digo: um rostinho de menos que menino, como se pedisse ainda - toda a vida - o carinho, o colo e o cheiro da mãe. Mais: como se pedisse mais amor. 
Só o que me consola é a minha cidade e todas as suas belezas. 
Ah, subir pela Princesa Isabel, a mais bonita das ruas e ver as folhas caídas naquele chão de tanta história! Chegar à praça Coronel Pedro Osório... Como definir ao senhor?: o exato da beleza de se estar olhando para o chão e de repente erguer os olhos e topar com o Grande Hotel... ali, imenso, desde sempre, de portas abertas, um convite à elegância. 
Sei, certos momentos não são definíveis. Fosse lhe dizer mais, o tanto que minha cidade cultiva, muito mais conversa precisaria. O Sete de Abril e seus delicados contornos, as charqueadas que estão aí para dar testemunho, sal e sangue, luta e memória. 
O senhor preste toda a atenção no enorme da voz do Joca e saberá do que falo: raízes. 
Minha cidade é toda a alegria e beleza do mundo, mesmo quando a vida anoitece. Tholl em festa, o senhor sabe o que lhe digo. Como dizer ao senhor o encantamento de caminhar distraído pela Lobo da Costa e começar a ouvir o crescer dos violinos e violoncelos da Orquestra Filarmônica e os timbres das muitas vozes do Coro de Música pela Música? O Guarani guarda tantas histórias! 
E o que dizer então das histórias que guarda o Instituto, Casa do Capitão, minha casa... Blau Nunes mora ali! e ainda ensina a vida aos mais novos, patrício menos avisado do essencial do cotidiano, a esperança e a luz de Deus por todos os lados, de muitas onças. 
Como dizer ao senhor o tanto que minha cidade é? 
Desconheço. 
Sei e digo, apenas, que minha cidade é o que há de melhor em mim, a parte mais minha, o que em mim mais profundo habita. 
Em qualquer lugar: minha casa, sua casa, esta casa, Pelotas. 


*Este texto foi uma homenagem do Diário Popular ao 197 anos da cidade de Pelotas, que parece ser uma homenagem eterna a cada pelotense.


Fonte do texto: http://pelotascultural.blogspot.com.br/2009/07/poema-de-amor-por-pelotas.html

22 de abr. de 2015

CASAS PROCÓPIO DE CALÇADOS LTDA

Infelizmente a história das Casas Procópio se perdeu no tempo, junto com o falecimento de seus idealizadores. O depoimento a página de Marcos Pereira de Souza, neto do Sr. Elysio (falecido em 1986), um dos fundadores, nos trás a lembrança desse estabelecimento que ainda hoje é lembrado quando se fala sobre o antigo comércio de Pelotas. 

Rua Andrade Neves, ainda sem o calçadão, na década de 70. Casas Procópio a esquerda, entre as lojas Modalam e Imcosul.
         Sr. Elysio Belchior Pereira (estaria completando 100 anos este ano) e seu irmão Sr. Wilson Belchior Pereira foram os fundadores das Casas Procópio, especializada em calçados, na década de 30 com uma pequena loja na Rua XV de Novembro. Nos anos 60 abriram uma Procópio na Rua Andrade Neves, conhecida como “A Feira de Calçados”, onde hoje localiza-se a C&A. No fim da década de 70 foi criada a Procopinho, filial especializada em calçados infantis, que assim como a Procópio, teve dezenas de filiais em cidades como Rio Grande e Bagé. Havia a loja chamada "Procópio Boutique" (3° Procópio), onde antes foi a loja chamada "John John", da familia dos donos da Procópio, especializada no jeans "Staroup" (durou poucos anos), no calçadão da Rua Andrade Neves, em frente a antiga Casa Beiro, foi ali naquele local que trabalhou Rejane Vieira Costa (Rejane Goulart), onde a convite da "Associação Atlética Casas Procópio" participou do concurso Miss Pelotas se consagrando campeã e vindo a disputar e também vencer os concursos de Miss Rio Grande do Sul e Miss Brasil, e por fim Vice-Miss universo (1972), Rejane era natural de Cachoeira do Sul, e criou-se em Pelotas, vindo a falescer em 2013. E por fim em 1981, em frente ao Café Aquários a Procópio inaugurou a Timesport, sua divisão de esportes. 
Em 1985 as Casas Procópio foi vendida a loja "Leila Calçados" de Porto Alegre, depois ainda funcionou naquele local a Empório de Tecidos. A loja C&A quando se instalou em Pelotas adquiriu três imóveis no centro no ano de 1997, sendo os dois onde ficavam a Feira de Calçados da Procópio, a Procopinho e um terceiro ao lado. 
A Timesport permaneceu com a família, nas mãos do Sr. Antônio Carlos Marroni Pereira, filho do Sr. Elysio Belchior Pereira. Em 1985 passou a ser de Vinícius Pereira e retornou a ser do Sr. Antônio Carlos em 1997 que veio a fecher em 2007 com seu falecimento.

Nesta foto pode-se ler a data 10-3-38. a frente de terno escuro está o Sr, Elysio Belchior Pereira. A foto foi tirada na frente da primeira loja, aberta nesta época. Atrás dele  seu irmão, Wilson Belchior Pereira.


Foto também da década de 30. Sr. Elysio Belchior Pereira de terno claro.

Nesta foto (algum evento esportivo do Colégio Gonzaga) podemos ver toda a fachada da primeira filial das Casas Procópio na rua XV de Novembro, provavelmente década de 40 ou 50. Foto gentilmente cedida por  de Letícia Arraldi Boscatto.
Fachada da primeira filial das Casas Procópio ampliada.

Inauguração da uma nova filial da Procópio. No verso, bem apagado, dá para ver uma anotação que seria dos anos 50.

Foto de uma promoção das Casas Procópio de 1982, na Rua Andrade Neves, com o ator Ferrugem (garoto propaganda da Ortopé).

Podemos ver a fachada da "Casas Procópio" no calçadão em um registro da apresentação da banda musical, da Escola Técnica Federal de Pelotas (ETFPEL), no ano de 1986. Reprodução da foto do Memorial IFSul.

Logomarca da casa de calçados da Procópio nos anos 80, a Procopinho.

Esta logomarca é datada de 1981, quando aconteceu a inauguração da Timesport.




Curiosidades:
         - Na inauguração da Procópio de Rio Grande causou um alvoroço na cidade pois foi contratado o ator Castrinho, que na época fazia um quadro no programa do Chico Anysio como personagem Cascatinha. Foi um tumulto tão grande que tiveram que fechar as portas da loja e na saída as pessoas queriam tocar no Castrinho e acabaram rasgando a roupa que ele usava.


        - Em épocas de Dia das Crianças e Natal alguns funcionário da loja saiam no centro vestindo fantasias do Pato Donald e Mickey, cujas cabeças eram enormes, feitas em fibra.


        - Também foi da rede das Casas Procópio, talvez a primeira Surf Shop de Pelotas, a Caiaque Surf Shop, que viveu o verão de 1983 ao lado da Timesport, onde depois foi a loja do Brasil de Pelotas, havia uma filial no Cassino.


         - A Loja Ofertão, que se localizava na Mal. Floriano, entre Osório e Deodoro, também pertencia aos donos da procópio. Tinha como objetivo atingir um público de menor poder aquisitivo, com venda de pontas de estoques e marcas mais baratas. Em 84 foi vendida a dois ex-funcionários e mantiveram até a década de 90, quando então foi vendido o prédio. Um dos ex-funcionários que comprou o Ofertão foi o Luis Oliosi que depois de encerrar as atividades da loja fez o Restaurante Batuva, junto com o Alfredo Mello.

Texto de Fábio Zündler

Reprodução de propaganda das lojas Procópio em jornal local.
Reprodução de Leni Dittgen de Oliveira

Lápis lembrança ofertado aos clientes na época.


atualizada em 
23.4.2015 sobre Rejane Vieira Costa
27.4.2015 curiosidades
2.5.2015 sobre Caique Surf Shop
4.5.2015 sobre Ofertão
12.05.2015 Add foto rua XV de Novembro.
14.5.2015 Foto lápis e fachada ampliada.
24.6.2015 Foto da banda da ETFPel do Memorial IFSul.
10.10.2016 Reprodução de propaganda em jornal local

19 de abr. de 2015

Caminhando por Pelotas lembrei de ...



Homenagem de Cleiton e Cledir a Pelotas


Caminhando por Pelotas
Lembrei de quando eu nasci,
Um quarto da Santa Casa,
O palco do Guarany.
Contei paralelepípedos
A caminho da escola,
Sonhei ladrilhos hidráulicos,
Paredes de escariola.
Pião, bolinha de gude
Pandorga, ioiô, gibi,
Bici, carrinho de lomba,
Eu sou o mesmo guri.
Comi tanta pessegada,
Fios de ovos e bem-casados,
E pastéis de Santa Clara,
Que fiquei cristalizado.
E voei até a praça
Passei no Sete de Abril,
Os pardais faziam festa,
Naquela tarde de frio.
Tomei um café no Aquário
Bem quente pra ver se aquece,
Agradeci obrigado,
E a moça disse merece!
Andei até na Avenida
Entrei na Boca do Lobo,
Fui até à Baixada,
Pois era dia de jogo.
Naveguei pelo Porto
Fragata e Areal,
Três Vendas e São Gonçalo,
E Praias do Laranjal.
É muita guria linda
Eu fico até espantado,
Nunca vi tanta beleza,
Por cada metro quadrado.
O vento nos teus cabelos
Desenha outra escultura,
Junto à Fonte das Nereidas,
E aos traços da arquitetura.
Terra de todos meus sonhos
Princesa do Sul bonita,
O meu amor não tem fim,
Como uma rua infinita.
Pelotas minha cidade
Lugar onde eu nasci,
Ando nos braços do mundo,
Mas sempre volto pra ti!

Fonte letra: http://letras.mus.br/kleiton-e-kledir/1490260/

15 de abr. de 2015

NOS TEMPOS DO “BULE MONSTRO” (1882 - 1968) - QUE FIM LEVOU O “BULE”?

Fig 1: Bazar e seu bule monstro na fachada. Foto de 1961, Rua Andrade Neves esq. Rua Sete de Setembro. Click na foto para ampliar
      A partir do ano de 1904, quem transitava no cruzamento entre as Ruas Sete de Setembro e Andrade Neves podia ver o “Monstro", por muitas décadas pairou sobre as cabeças das pessoas e ainda hoje permanece, porém agora no imaginário de quem conheceu.
    O monstro era um grande bule! Sinalizava que naquele local havia um comércio diferenciado e imponente, assim como representava seu símbolo, foi batizado de “Bazar Bule Monstro". Durante 86 anos [entre os anos de 1882 e 1968] esteve em funcionamento no coração da antiga Pelotas.
     No fim do século XIX Pelotas já convivia com o que havia de melhor na Europa em cristais, louças, talheres, lustres e tecidos. Um dos comércios que representava e mantinha toda essa grandiosidade da época de ouro, era o Bule Monstro, uma espécie de bazar onde até mesmo a Princesa Isabel esteve fazendo compras. [15 de fevereiro de 1885].
      O bazar quando inaugurado em 1882, pelos Srs. Alfredo Ferreira Sampaio e Antônio Francisco Madureira, tinha sede a Rua São Miguel n.177*, via que a muito tempo [desde 1895] chamamos de XV de novembro. A sociedade entre os dois proprietários só seria desfeita em 1885 quando o Sr. Pedro Afonso dos Santos se juntaria com o Sr. Alfredo para dar continuidade aos negócios. Em 1899 junta -se a sociedade o Sr. Alberto Sampaio.*
    Em 1912, após o falecimento do Sr. Alfredo Ferreira Sampaio [1911], estabelecimento o mais antigo é vendido por sua viúva, Sra. Fortunata de Faria Sampaio, ao Sr. Antônio Gigante*. No mesmo ano o Jornal A Federação noticia a iluminação do Bazar Bule Monstro, já a rua XV de Novembro. A instalação elétrica foi feita pela casa Bromberg & Cia., de Pelotas.*

*Fonte: pesquisador A.F. Monquelat

Fig.2: Notícia sobre a instalação da iluminação no BAZAR BULE MONSTRO. Extraída do jornal A Federação - 02.10.1912. Contribuição de Cinara Dias de Oliveira. Click na foto para ampliar
"aquele tempo, as maiores lojas de comércio exigiam instalação própria para o fornecimento de luz, e o Bule Monstro estava nesse número para poder ter, á noite, brilhantemente iluminadas as suas vitrines dando para a Rua Sete de Setembro e Andrade Neves, na era urbana da iluminação pública feita por lampiões a gás". (Nascimento,1989, p.293)

      Em uma entrevista ao “Blog Panorama Pelotas” (NETO, 2009), antes de falecer, o Sr. Eddy Sampaio Espellet relata que seu avô materno – Alfredo Sampaio – falecido em 1911, filho de portugueses, nascido em Rio Grande, foi quem criou o Bazar Bule Monstro, informação que vem ratificar a matéria publicada anteriormente no Diário Popular no ano de 2003, onde Renato Sampaio, em visita a Fenadoce, reconheceu na réplica de um bule a marca da empresa da família, onde lê- se na publicação que seu avô foi o primeiro proprietário da empresa.
     A propaganda do Bazar Bule Monstro sempre esteve presente nos Almanaques de Pelotas e nos reclames dos principais jornais da cidade. No ano de 1912 as publicidades da loja estavam em nome do Sr. Antônio Gigante (fig.7), nota-se que o endereço é “Andrade Neves, 619”. Já a partir de 1921 as publicidades aparecem junto ao nome de Patrício Simões Gaspar (fig.8), que vem a ser o último dono do bazar, no endereço de Andrade Neves, 628. 
   Nas fotos podemos constatar que o Bule monstro teve duas sedes, ambas no cruzamento das Ruas Andrade Neves com Sete de Setembro, uma em frente a outra, como mostram as três imagens a seguir, que aparecem o bule na fachada. Segundo o pesquisados A.F. Monquelat um dos endereços seria uma especie de depósito do bazar.



Fig.4: Bule monstro fundado em 1882, nota-se que existiam dois endereços na Rua  de 7 de Setembro, um de fronte ao outro.Click na foto para ampliar
Fig. 5: Rua Andrade Neves, vista em direção a Rua Sete de Setembro. Bule monstro no detalhe a esquerda.Click na foto para ampliar
Fig. 6: Década de 60, Rua Andrade Neves, vista em direção a Rua Sete de Setembro. Bule monstro no detalhe a direita.Click na foto para ampliar
      Segundo o Sr. Eduardo Duarte Bernardes, bisneto de Patrício Simões Gaspar, o bazar bule monstro foi realmente comprado da família Gigante. 
      O Sr. Bernardes tem dois membros de sua família na história de Pelotas, o próprio Sr. Gaspar, que além de dono do bazar, fez parte do secretariado da criação do Banco Pelotense, na casa do Sr. Plotino Amaro Duarte, também bisavô de Bernardes, mas isso já é outra história. Sr. Antônio José Peres Bernardes, casado com a Sra. Cândida Gaspar, filha do Sr. Gaspar, assumiu a loja após a morte do sogro, tempo depois o Sr. Álvaro Gaspar Bernardes, em idade de trabalhar, entrou como sócio, o que aconteceu até o fechamento em novembro de 1968, quando a loja foi vendida ao Sr. Joaquim Adriano Júlio, dando lugar a Ótica Cristal, que declara que o nome de seu estabelecimento provém dos lindos cristais que eram vendidos no Bazar e que nunca esquecera.
 “No mesmo ano de minha chegada, 1968, eu e um sócio fundamos a Joalheria e Ótica Reunidas. A loja ficava no centro da cidade, em um prédio onde funcionava também um famoso bazar com o exótico nome de “Bule Monstro”. Lembro-me vivamente desse bazar, que comercializava produtos típicos desse ramo. Entre esses, despertavam-me interesse os puros cristais ingleses, uma raridade. Desse encantamento visual veio-me a inspiração para o nome fantasia” .(FILHO,2013)

Fig.7: Almanaque de Pelotas, 1915. Publicidade bule 
monstro em nome de Antônio Gigante. Andrade Neves, 619.Click na foto para ampliar
Fig.8: No Almanaque de Pelotas, 1921 a publicidade do Bule monstro já aparece com nome de Patrício Simões Gaspar. Andrade Neves, 628, assim como nos próximos almanaques.Click na foto para ampliar

Fig.9: Propaganda do Bule monstro no Almanaque de Pelotas, 1922. Click na foto para ampliar

Fig.10: Propaganda do Bule monstro no Almanaque de Pelotas, 1923. Click na foto para ampliar


QUE FIM LEVOU O “BULE”?

      Pelas fotos que chegaram até nós hoje, podemos conhecer como foi esse comércio, pelo menos sua fachada e o “tal monstro”. Até o momento não se tem conhecimento de algum registro da parte interna do comércio, inclusive podemos encontrar publicidades nos Simonianos “Almanach's de Pelotas” do início do século. O bule foi trazido da França, feito em madeira de lei, caixilhos de chumbo e vidros bisotê coloridos e sua luz era artificial e vinha de seu interior. Ao término do comércio foi vendido a uma casa que trabalhava com metais e antiguidades, na Rua Santa Tecla, cujo dono era o Sr. Argeu Fabres. O resto eu deixo o Sr. Eduardo Duarte Bernardes, filho do Sr. Álvaro Gaspar Bernardes, herdeiro do “Bule Monstro”, poderíamos dizer assim, explicar com suas próprias palavras:

        - Infelizmente meu primo, Luiz Carlos Ferreira Bernardes de Porto Alegre, comprou o bule do Sr. Argeu Fabres e teve a infeliz ideia de levar para capital, estava ele reformando sua casa, ai houve uma fatalidade......desabou o forro da peça onde estava o bule e o destruiu, não tendo mais recuperação, uma grande perda para nossa família e memória de Pelotas. Hoje “ele” estaria exposto na sala da minha casa, com muito orgulho de 03 gerações terem trabalhado no bule monstro.1 
1. Depoimento em entrevista por e-mail de Eduardo Duarte Bernardesem 29 mar. 2015.

Fig.11: Foto provavelmente do final dos anos 60. Nota-se o bule ainda na fachada, mesmo com letreiros de ótica. Click na foto para ampliar
Texto de Fábio Zündler
Graduando em Conservação e restauro de bens culturais móveis/UFPel


REFERÊNCIAS:
FAMÍLIA aprova mudanças. Economia, DIÁRIO POPULAR, Pelotas, 5 abr 2003, disponível em: < http://srv-net.diariopopular.com.br/05_06_03/gm040608.html > . Acesso em: 30 mar. 2015.

NETO, Paulo Gastal. Panorama Pelotas [Blog Internet]. Entrevista - Almirante Eddy Sampaio Espellet. Pelotas: Paulo Gastal Neto. 21 mar. 2009. Disponível em: < http://pgneto.blogspot.com.br/2009/03/entrevista-almirante-eddy-sampaio.html >. Acesso em: 21 fev. 2015.

FILHO, Rubens. Amigos de Pelotas [Blog Internet]. Ótica Cristal, referência de qualidade, Pelotas: Rubens Filho. 6 fev. 2013. Disponível em: < http://www.amigosdepelotas.com.br/blog/otica_cristal_referencia_de_qualidade_1.html > Acesso em: fev. 2015.

MONQUELAT, A. F.. Pelotas de ontem [Blog Internet]. Bule Monstro: pequena história de um grande bazar, Pelotas: A.F. Monquelat. 12 dez. 2015. Disponível em: <http://pelotasdeontem.blogspot.com.br/2015/12/bule-monstro-pequena-historia-de-um.html>Acesso em: dez. 2015.

NASCIMENTO, Heloísa Assunpção. Nossa Cidade era assim. Pelotas: Editora Livraria Mundial, 1889.

MARTINEZ, Leonil. Xarque com assucar/ Pelotas com Nordeste: contraponto de extremos no paladar cultural brasileiro. Florianópolis, 2000. Tese mestrado. Pag. 23. Acessado em: <http://goo.gl/uB6f0G>.

BOTELHO, Daniel Moraes. Nos telhados de Pelotas/RS: revelando rasgos no espaço urbano através de fotografias e cartões postais. Pelotas, 2013. Tese doutorado. Pag. 205 e 206. Acessado em: <http://goo.gl/YgaauL>.
Almanaque de Pelotas. Pelotas, 1913, pag. 12.
Almanaque de Pelotas. Pelotas, 1915, pag. 52.
Almanaque de Pelotas. Pelotas, 1921, pag. 309.
Almanaque de Pelotas. Pelotas, 1923, pag. 347.
Atualizada em 18.12.2015


Fig.12: A esquerda nota-se outra loja bem conhecida dos pelotenses a" Camisaria Paris Londres" de propriedade do Sr. Germano Korn, na foto em frente do prédio. Click na foto para ampliar.





9 de abr. de 2015

Os trapalhões sem Didi em Pelotas

       


     Há 35 anos, exatamente dia 13 de julho de 1980, em passagem por Pelotas, com alguns show feitos por aqui, como no Ginásio Paulista e no bailão Estrela Gaúcha no Fragata "Os trabalhões" almoçaram no restaurante "Tia Cecília", segundo o Sr. Serafim José Rodrigues Pedrosa, proprietário na época, cita os nomes de quem aparece: (iniciando pela esquerda da foto) Carla (filha do Sr. Serafim) e sua amiga Valesca, solicitando um autógrafo ao Mussum, Zerarias, os cronistas sociais Victor Hugo (já falecido) Marina Oliveira, Dédé e a esposa, de costas entrevistando Zacarias, Gilberto Gomes, Jorge Malhão, José Cunha, Dr. Carlos Schid e Ana Lucia. De pé Serafim José Rodrigues Pedrosa. Ao que se sabe a ausência de Didi se deu por exigência de cachê diferenciado (o dobro dos outros 3 trapalhões juntos).” 

Foto e fonte: Serafim José Rodrigues Pedrosa e Igor Vaz.

8 de abr. de 2015

Carro da Mesbla S/A em Pelotas - Foto inédita

Carro da Mesbla S/A em Pelotas 1951, época que tinha sede na Praça Coronel Pedro Osório (esq. Anchieta). 


Na foto Sr. Dináh Carvalho da Silva.


Foto enviada por Josiane Oliveira, acervo da família.

Abaixo anuncio da época.


6 de abr. de 2015

CANALETE DA ARGOLO

    Em 1927, o engenheiro sanitarista Saturnino de Brito aponta em seus estudos a existência de uma sanga na Rua General Argolo que resultava em frequente inundação transformando a rua em “torrentoso esgotamento”.




Canalete da Argolo (1928)

    Diante do problema ele sugere “Preferimos os canaletes abertos às galerias quando se tenham de esgotar águas pluviais volumosas. Podem constituir, quando bem tratados, elementos decorativos das ruas, com as pequenas pontes, passadiços e jardineiras... Façamos então um canalete.”
    O canalete começou a ser construído em abril de 1928. As obras avançaram lentamente devido a dificuldade em realizar o trabalho na estação chuvosa e o pessoal ser insuficiente. Assim em 30 de junho apenas 170 metros da obra estavam prontos.
    A obra do canalete causou descontentamento e reclamações na imprensa local que alegava que uma galeria subterrânea seria mais conveniente e que por ser a rua plana o canalete quase não teria declive. Saturnino rebateu as críticas afirmando que as galerias subterrâneas ocasionavam obstruções e que a inclinação do canalete era suficiente para manter o escoamento conveniente.




Construção Do Canalete (Julho 1928)

    Posteriormente, com o canalete concluído, foram feitas medições durante os períodos de precipitação e comprovada a sua eficácia na drenagem.
Inicialmente o canalete começava na Rua Marechal Deodoro, esquina Padre Felício, dobrando perpendicularmente na Rua Argolo vindo a desaguar no Canal do Pepino.
    No final da década de 60 e início de 70 o trecho na Rua Marechal Deodoro foi fechado, permanecendo apenas na Rua Argolo, a partir da esquina com a Rua Andrade Neves.
Tem 1,60 metros de altura por 2,10 metros de largura, seu contorno é preenchido por floreiras em cimento, decoradas com folhas de acanto e tulipas.




Detalhe do Canalete da Argolo (2004)
Fonte:
Saneamento de Pelotas. Relatório apresentado ao Governo do Estado por Saturnino Rodrigues de Brito, Pelotas, 1927.

Saneamento de Pelotas. Relatório apresentado ao Governo do Estado por Saturnino Rodrigues de Brito, Pelotas, 1929.

Saneamento de Pelotas (Novos Estudos). Relatório apresentado a Prefeitura de Pelotas pelo Escritório Saturnino de Brito, Pelotas, 1947.





*Extraída do Museu do Saneamento
http://www.pelotas.com.br/sanep/museu-do-saneamento/drenagem-urbana/canalete-da-argolo/