Filme Ângela, do ano de 1951, filmado em parte no interior do Solar da Baronesa, quando ainda residência dos Antunes Maciel.
Imagem filmada no portão do alpendre do solar da Baronesa.
Ângela é um filme brasileiro de 1951 dirigido por Tom Payne e Abílio Pereira de Almeida, com roteiro de Nelly Dutra Ruschel, baseado no conto "Sorte no Jogo", de Hoffmann.
Sinopse:
Dinarte, jogador incorrigível, ganha no carteado uma propriedade, à qual decide visitar na mesma noite. Chegando à fazenda, Ângela, enteada de Gervásio (o perdedor), comunica a morte da mãe. Dinarte envolve-se e casa-se com Ângela e promete não jogar mais, porém não consegue cumprir a promessa e a família entra em decadência, da qual Ângela tenta preservar seu bebê.
Curiosidades:
- O filme marcou a estreia de Inezita Barroso no cinema brasileiro.
- O dinheiro da produção acabou ainda durante as filmagens, em Pelotas. O cenógrafo Pierino Massenzi foi então enviado a São Paulo, para pedir mais dinheiro ao produtor Franco Zampari. http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%82ngela_(filme)
Este texto "Minha casa, tantas casas" de Pablo Rodrigues, é sempre bom ler e ouvir, ainda mais com a narração do grande filho acolhido por esta cidade, José de Abreu, que aqui viveu por um grande período nos anos 70. Zé Abreu sentiu tudo isso, que só quem esteve ou passou por aqui sabe como é.
Dedico esta postagem a todos que por aqui passaram e nasceram e hoje estão longe fisicamente mas perto de coração. Nunca é de mais parabenizar Pablo Rodrigues por suas palavras que mostram realmente o grande sentimento que os pelotenses sentem por sua cidade.
Minha casa e tantas casas
― Digo ao senhor, sem o receio qualquer de errar: minha cidade é minha casa, o lugar onde me encontro. E crescem em mim incontáveis alegrias, abrem-se em mim inúmeras janelas quando volto pra lá: coração no compasso do mais certo. Aliás, o tanto e quanto mais sei e testo nesta vida de entreandanças é que tudo é viagem de volta... Minto? A saudade então não é a cada instante a sempre-presença? Ai, e tem maior que a saudade da casa da gente? Pois repito, para que não sobre assombro: minha casa é minha cidade. Toda doçura.
Essas lindas moças todas e suas finas feições e caminhares e perfumes são minha cidade: o crescer da lua, na Lagoa dos Patos, o inesperado irromper do amor. Lhe conto que não há nada igual no mundo. O senhor vá no Laranjal, comigo confirme, constate com os seus próprios olhos. E ponha o coração à larga. Depois sonhe com aquilo quando sonhar, toda a vida.
Uma casa e tantas casas, minha cidade, onde Ramilonga se fez canção, poema e estética profunda de frio, solidão e amor. Sim, minha cidade em mim não sei como, não saberia ser quando, onde quer que fosse, onde?, se não em mim, o que me faz mais eu: assim, minha casa e tantas casas, assim, aberto à esperança de tantos milagres e povos.
Olhe, veja - e me escute mais do que estou lhe dizendo. Escute cada pedra, cada árvore, cada banco de praça. Escute cada flor lilás dos jacarandás-em-dezembro da Coronel Pedro Osório, o silêncio das peças de xadrez, as mesas, os velhos senhores tão sempre donos do tempo, como se num quadro. Eternos. E Deus por todos os cantos.
Escute o cheiro de infância que ainda circula pelo Café Aquário: um desejo enorme de debater o mundo com os amigos. Mudam-se apenas os assuntos. Todos somos crianças, porém, lá no fundo. O senhor faça o teste: pare diante do espelho e se olhe fixo, por cinco minutos. O que verá no fim? Pois lhe digo: um rostinho de menos que menino, como se pedisse ainda - toda a vida - o carinho, o colo e o cheiro da mãe. Mais: como se pedisse mais amor.
Só o que me consola é a minha cidade e todas as suas belezas.
Ah, subir pela Princesa Isabel, a mais bonita das ruas e ver as folhas caídas naquele chão de tanta história! Chegar à praça Coronel Pedro Osório... Como definir ao senhor?: o exato da beleza de se estar olhando para o chão e de repente erguer os olhos e topar com o Grande Hotel... ali, imenso, desde sempre, de portas abertas, um convite à elegância.
Sei, certos momentos não são definíveis. Fosse lhe dizer mais, o tanto que minha cidade cultiva, muito mais conversa precisaria. O Sete de Abril e seus delicados contornos, as charqueadas que estão aí para dar testemunho, sal e sangue, luta e memória.
O senhor preste toda a atenção no enorme da voz do Joca e saberá do que falo: raízes.
Minha cidade é toda a alegria e beleza do mundo, mesmo quando a vida anoitece. Tholl em festa, o senhor sabe o que lhe digo. Como dizer ao senhor o encantamento de caminhar distraído pela Lobo da Costa e começar a ouvir o crescer dos violinos e violoncelos da Orquestra Filarmônica e os timbres das muitas vozes do Coro de Música pela Música? O Guarani guarda tantas histórias!
E o que dizer então das histórias que guarda o Instituto, Casa do Capitão, minha casa... Blau Nunes mora ali! e ainda ensina a vida aos mais novos, patrício menos avisado do essencial do cotidiano, a esperança e a luz de Deus por todos os lados, de muitas onças.
Como dizer ao senhor o tanto que minha cidade é?
Desconheço.
Sei e digo, apenas, que minha cidade é o que há de melhor em mim, a parte mais minha, o que em mim mais profundo habita.
Em qualquer lugar: minha casa, sua casa, esta casa, Pelotas.
*Este texto foi uma homenagem do Diário Popular ao 197 anos da cidade de Pelotas, que parece ser uma homenagem eterna a cada pelotense.
Fonte do texto: http://pelotascultural.blogspot.com.br/2009/07/poema-de-amor-por-pelotas.html
Infelizmente a
história das Casas Procópio se perdeu no tempo, junto com o falecimento de seus
idealizadores. O depoimento a página de Marcos Pereira de Souza, neto do Sr. Elysio (falecido em 1986), um
dos fundadores, nos trás a lembrança desse estabelecimento que
ainda hoje é lembrado quando se fala sobre o antigo comércio de Pelotas.
Rua Andrade Neves, ainda sem o calçadão, na década de 70. Casas Procópio a esquerda, entre as lojas Modalam e Imcosul.
Sr.
Elysio Belchior Pereira(estaria
completando 100 anos este ano)e
seu irmão Sr. Wilson Belchior Pereira foram os fundadores das Casas Procópio,
especializada em calçados, na década de 30 com uma pequena loja na Rua XV de
Novembro. Nos anos 60 abriram uma Procópio na Rua Andrade Neves, conhecida como
“A Feira de Calçados”, onde hoje localiza-se a C&A. No fim da década de 70
foi criada a Procopinho, filial especializada em calçados infantis, que
assim como a Procópio, teve dezenas de filiais em cidades como Rio Grande
e Bagé. Havia a loja chamada "Procópio Boutique" (3° Procópio), onde antes foi a loja chamada "John John", da familia dos donos da Procópio, especializada no jeans "Staroup" (durou poucos anos), no calçadão da Rua Andrade Neves, em frente a antiga Casa Beiro, foi ali naquele local que trabalhou Rejane Vieira Costa (Rejane Goulart), onde a convite da "Associação
Atlética Casas Procópio" participou do concurso Miss Pelotas se
consagrando campeã e vindo a disputar e também vencer os concursos de Miss
Rio Grande do Sul e Miss Brasil, e por fim Vice-Miss universo (1972), Rejane
era natural de Cachoeira do Sul, e criou-se em Pelotas, vindo a
falescer em 2013. E por fim em 1981, em frente ao Café Aquários a Procópio
inaugurou a Timesport, sua divisão de esportes.
Em
1985 as Casas Procópio foi vendida a loja "Leila Calçados" de
Porto Alegre, depois ainda funcionou naquele local a Empório de
Tecidos. A loja C&A quando se instalou em Pelotas adquiriu três
imóveis no centro no ano de 1997, sendo os dois onde ficavam a Feira de
Calçados da Procópio, a Procopinho e um terceiro ao lado.
A
Timesport permaneceu com a família, nas mãos do Sr. Antônio Carlos Marroni
Pereira, filho do Sr. Elysio Belchior Pereira. Em 1985 passou a ser
de Vinícius Pereira e retornou a ser do Sr. Antônio Carlos em
1997 que veio a fecher em 2007 com seu falecimento.
Nesta foto pode-se ler a data 10-3-38. a frente de terno escuro está o Sr, Elysio Belchior Pereira. A foto foi tirada na frente da primeira loja, aberta nesta época. Atrás dele seu irmão, Wilson Belchior Pereira.
Foto também da década de 30. Sr. Elysio Belchior Pereirade terno claro.
Nesta foto (algum evento esportivo do Colégio Gonzaga) podemos ver toda a fachada da primeira filial das Casas Procópio na rua XV de Novembro, provavelmente década de 40 ou 50. Foto gentilmente cedida por de Letícia Arraldi Boscatto.
Fachada da primeira filial das Casas Procópio ampliada.
Inauguração da uma nova filial da Procópio. No verso, bem apagado, dá para ver uma anotação que seria dos anos 50.
Foto de uma promoção das Casas Procópio de 1982, na Rua Andrade Neves, com o ator Ferrugem (garoto propaganda da Ortopé).
Podemos ver a fachada da "Casas Procópio" no calçadão em um registro da apresentação da banda musical, da Escola Técnica Federal de Pelotas (ETFPEL), no ano de 1986. Reprodução da foto do Memorial IFSul.
Logomarca da casa de calçados da Procópio nos anos 80, a Procopinho.
Esta logomarca é datada de 1981, quando aconteceu a inauguração da Timesport.
Curiosidades:
- Na
inauguração da Procópio de Rio Grande causou um alvoroço na
cidade pois foi contratado o ator Castrinho, que na época fazia um
quadro no programa do Chico Anysio como personagem Cascatinha. Foi um
tumulto tão grande que tiveram que fechar as portas da loja e na
saída as pessoas queriam tocar no Castrinho e acabaram rasgando a
roupa que ele usava.
- Em
épocas de Dia das Crianças e Natal alguns funcionário da loja
saiam no centro vestindo fantasias do Pato Donald e Mickey, cujas
cabeças eram enormes, feitas em fibra.
- Também foi da rede das Casas Procópio, talvez
a primeira Surf Shop de Pelotas, a Caiaque Surf Shop, que viveu o verão de 1983 ao lado da Timesport, onde depois foi a loja do Brasil de Pelotas, havia uma filial no Cassino.
- A
Loja
Ofertão, que se localizava na Mal. Floriano, entre Osório e
Deodoro, também pertencia aos donos da procópio. Tinha como
objetivo atingir um público de menor poder aquisitivo, com venda de
pontas de estoques e marcas mais baratas. Em
84 foi vendida a dois ex-funcionários e mantiveram até a década de
90, quando então foi vendido o prédio. Um dos ex-funcionários que
comprou o Ofertão foi o Luis Oliosi que depois de encerrar as
atividades da loja fez o Restaurante Batuva, junto com o Alfredo
Mello.
Texto de Fábio Zündler
Reprodução de propaganda das lojas Procópio em jornal local. Reprodução de Leni Dittgen de Oliveira
Lápis lembrança ofertado aos clientes na época.
atualizada em 23.4.2015 sobre Rejane Vieira Costa 27.4.2015 curiosidades 2.5.2015 sobre Caique Surf Shop 4.5.2015 sobre Ofertão 12.05.2015 Add foto rua XV de Novembro. 14.5.2015 Foto lápis e fachada ampliada. 24.6.2015 Foto da banda da ETFPel do Memorial IFSul. 10.10.2016 Reprodução de propaganda em jornal local
Fig 1: Bazar e seu bule
monstro na fachada. Foto de 1961, Rua Andrade Neves esq. Rua Sete de
Setembro. Click na foto para ampliar
A partir do ano de 1904, quem transitava no cruzamento entre as Ruas
Sete de Setembro e Andrade Neves podia ver o “Monstro",
por muitas décadas pairou sobre as cabeças das pessoas e ainda hoje
permanece, porém agora no imaginário de quem conheceu.
O
monstro era um grande bule! Sinalizava que naquele local havia um
comércio diferenciado e imponente, assim como representava seu
símbolo, foi batizado de “Bazar Bule Monstro". Durante
86 anos [entre os anos de 1882 e 1968] esteve em funcionamento no
coração da antiga Pelotas.
No
fim do século XIX Pelotas já convivia com o que havia de melhor na
Europa em cristais, louças, talheres, lustres e tecidos. Um dos
comércios que representava e mantinha toda essa grandiosidade da
época de ouro, era o Bule Monstro, uma espécie de bazar onde até
mesmo a Princesa Isabel esteve fazendo compras. [15 de fevereiro de
1885].
O
bazar quando inaugurado em 1882, pelos Srs. Alfredo Ferreira Sampaio
e Antônio Francisco Madureira, tinha sede a Rua São Miguel n.177*, via que a muito tempo [desde 1895] chamamos de XV de
novembro. A sociedade entre os dois proprietários só seria desfeita
em 1885 quando o Sr. Pedro Afonso dos Santos se juntaria com o Sr.
Alfredo para dar continuidade aos negócios. Em 1899 junta -se a
sociedade o Sr. Alberto Sampaio.*
Em
1912, após o falecimento do Sr. Alfredo Ferreira Sampaio [1911],
estabelecimento o mais antigo é vendido por sua viúva, Sra.
Fortunata de Faria Sampaio, ao Sr. Antônio Gigante*. No mesmo ano o
Jornal A Federação noticia a iluminação do Bazar Bule
Monstro, já a rua XV de Novembro. A
instalação elétrica foi feita pela casa Bromberg & Cia., de
Pelotas.*
*Fonte: pesquisador A.F. Monquelat
Fig.2: Notícia sobre a instalação da iluminação no BAZAR BULE MONSTRO. Extraída do jornal A Federação - 02.10.1912. Contribuição de Cinara Dias de Oliveira. Click na foto para ampliar
"aquele
tempo, as maiores lojas de comércio exigiam instalação própria
para o fornecimento de luz, e o Bule Monstro estava nesse número
para poder ter, á noite, brilhantemente iluminadas as suas vitrines
dando para a Rua Sete de Setembro e Andrade Neves, na era urbana da
iluminação pública feita por lampiões a gás".
(Nascimento,1989, p.293)
Em
uma entrevista ao “Blog Panorama Pelotas” (NETO, 2009), antes de
falecer, o Sr. Eddy Sampaio Espellet relata que seu avô materno –
Alfredo Sampaio – falecido em 1911, filho de portugueses, nascido
em Rio Grande, foi quem criou o Bazar Bule Monstro, informação que
vem ratificar a matéria publicada anteriormente no Diário Popular
no ano de 2003, onde Renato Sampaio, em visita a Fenadoce, reconheceu
na réplica de um bule a marca da empresa da família, onde lê- se
na publicação que seu avô foi o primeiro proprietário da empresa. A propaganda do Bazar Bule Monstro sempre esteve presente nos Almanaques de Pelotas e nos reclames dos principais jornais da cidade. No ano de 1912 as publicidades
da loja estavam em nome do Sr. Antônio Gigante (fig.7), nota-se que
o endereço é “Andrade Neves, 619”. Já a partir de 1921 as
publicidades aparecem junto ao nome de Patrício Simões Gaspar
(fig.8), que vem a ser o último dono do bazar, no endereço de Andrade Neves, 628. Nas fotos podemos
constatar que o Bule monstro teve duas sedes, ambas no cruzamento das
Ruas Andrade Neves com Sete de Setembro, uma em frente a outra, como
mostram as três imagens a seguir, que aparecem o bule na fachada. Segundo o pesquisados A.F. Monquelat um dos endereços seria uma especie de depósito do bazar.
Fig.4: Bule monstro fundado em 1882, nota-se que existiam dois endereços na Rua de 7 de Setembro, um de fronte ao outro.Click na foto para ampliar
Fig. 5: Rua Andrade
Neves, vista em direção a Rua Sete de Setembro. Bule monstro no
detalhe a esquerda.Click na foto para ampliar
Fig. 6: Década de 60,
Rua Andrade Neves, vista em direção a Rua Sete de Setembro. Bule monstro no detalhe a direita.Click na foto para ampliar
Segundo
o Sr. Eduardo
Duarte Bernardes,
bisneto de Patrício Simões Gaspar, o bazar bule monstro foi
realmente comprado da família Gigante. O Sr. Bernardes tem dois
membros de sua família na história de Pelotas, o próprio Sr.
Gaspar, que além de dono do bazar, fez parte do secretariado da
criação do Banco Pelotense, na casa do Sr. Plotino Amaro Duarte,
também bisavô de Bernardes, mas isso já é outra história. Sr.
Antônio José Peres Bernardes, casado com a Sra. Cândida Gaspar,
filha do Sr. Gaspar, assumiu a loja após a morte do sogro, tempo
depois o Sr. Álvaro Gaspar Bernardes, em idade de trabalhar, entrou
como sócio, o que aconteceu até o fechamento em novembro de 1968, quando a loja foi vendida ao Sr. Joaquim Adriano Júlio, dando lugar
a Ótica Cristal, que declara que o nome de seu estabelecimento
provém dos lindos cristais que eram vendidos no Bazar e que nunca
esquecera.
“No
mesmo ano de minha chegada, 1968, eu e um sócio fundamos a Joalheria
e Ótica Reunidas. A loja ficava no centro da cidade, em um prédio
onde funcionava também um famoso bazar com o exótico nome de “Bule
Monstro”. Lembro-me vivamente desse bazar, que comercializava
produtos típicos desse ramo. Entre esses, despertavam-me interesse
os puros cristais ingleses, uma raridade. Desse encantamento visual
veio-me a inspiração para o nome fantasia” .(FILHO,2013)
Fig.7: Almanaque de
Pelotas, 1915. Publicidade bule
monstro em nome de Antônio Gigante.
Andrade Neves, 619.Click na foto para ampliar
Fig.8: No Almanaque de
Pelotas, 1921 a publicidade do Bule monstro já aparece com nome de Patrício
Simões Gaspar. Andrade Neves, 628, assim como nos próximos almanaques.Click na foto para ampliar
Fig.9: Propaganda do Bule monstro no Almanaque de Pelotas, 1922. Click na foto para ampliar
Fig.10: Propaganda do Bule monstro no Almanaque de Pelotas, 1923. Click na foto para ampliar
QUE FIM LEVOU O “BULE”?
Pelas
fotos que chegaram até nós hoje, podemos conhecer como foi esse
comércio, pelo menos sua fachada e o “tal monstro”. Até o
momento não se tem conhecimento de algum registro da parte interna
do comércio, inclusive podemos encontrar publicidades nos Simonianos
“Almanach's de Pelotas” do início do século. O bule foi trazido
da França, feito em madeira de lei, caixilhos de chumbo e vidros
bisotê coloridos e sua luz era artificial e vinha de seu interior.
Ao término do comércio foi vendido a uma casa que trabalhava com
metais e antiguidades, na Rua Santa Tecla, cujo dono era o Sr. Argeu
Fabres. O resto eu deixo o Sr. Eduardo Duarte Bernardes, filho do Sr.
Álvaro Gaspar Bernardes, herdeiro do “Bule Monstro”, poderíamos
dizer assim, explicar com suas próprias palavras:
“-
Infelizmente meu primo, Luiz Carlos Ferreira Bernardes de Porto
Alegre, comprou o bule do Sr. Argeu Fabres e teve a infeliz ideia de
levar para capital, estava ele reformando sua casa, ai houve uma
fatalidade......desabou
o forro da peça onde estava o bule e o destruiu, não tendo mais
recuperação, uma grande perda para nossa família e memória de
Pelotas. Hoje “ele” estaria exposto na sala da minha casa, com
muito orgulho de 03 gerações terem trabalhado no bule
monstro.1”
1. Depoimento
em entrevista por e-mail de Eduardo Duarte Bernardesem 29 mar.
2015.
Fig.11: Foto
provavelmente do final dos anos 60. Nota-se o bule ainda na
fachada, mesmo com letreiros de ótica. Click na foto para ampliar
Texto de Fábio Zündler Graduando em Conservação e restauro de bens culturais móveis/UFPel
REFERÊNCIAS:
FAMÍLIA
aprova mudanças. Economia, DIÁRIO
POPULAR, Pelotas,
5 abr
2003, disponível em: <http://srv-net.diariopopular.com.br/05_06_03/gm040608.html
> . Acesso em: 30 mar. 2015.
MONQUELAT, A. F.. Pelotas de ontem [Blog Internet]. Bule Monstro: pequena história de um grande bazar, Pelotas: A.F. Monquelat. 12 dez. 2015. Disponível em: <http://pelotasdeontem.blogspot.com.br/2015/12/bule-monstro-pequena-historia-de-um.html>; Acesso em: dez. 2015.
NASCIMENTO, Heloísa
Assunpção. Nossa
Cidade era assim.
Pelotas: Editora Livraria Mundial, 1889.
MARTINEZ,
Leonil. Xarque
com assucar/ Pelotas com Nordeste: contraponto de extremos no paladar
cultural brasileiro.
Florianópolis, 2000. Tese mestrado. Pag. 23. Acessado em: <http://goo.gl/uB6f0G>.
BOTELHO,
Daniel Moraes. Nos
telhados de Pelotas/RS: revelando rasgos no espaço urbano através
de fotografias e cartões postais.
Pelotas, 2013. Tese doutorado. Pag. 205 e 206. Acessado em: <http://goo.gl/YgaauL>.
Almanaque
de Pelotas. Pelotas, 1913, pag. 12.
Almanaque
de Pelotas. Pelotas, 1915, pag. 52.
Almanaque
de Pelotas. Pelotas, 1921, pag. 309.
Almanaque
de Pelotas. Pelotas, 1923, pag. 347.
Atualizada em 18.12.2015
Fig.12: A esquerda nota-se outra loja bem conhecida dos pelotenses a" Camisaria Paris Londres" de propriedade do Sr. Germano Korn, na foto em frente do prédio.Click na foto para ampliar.
Há 35 anos, exatamente dia 13 de julho
de 1980, em passagem por Pelotas, com alguns show feitos por aqui, como no
Ginásio Paulista e no bailão Estrela Gaúcha no Fragata "Os trabalhões" almoçaram
no restaurante "Tia Cecília", segundo o Sr. Serafim José Rodrigues Pedrosa, proprietário na época,
cita os nomes de quem aparece: (iniciando pela esquerda da foto) Carla (filha do
Sr. Serafim) e sua amiga Valesca, solicitando um autógrafo ao Mussum, Zerarias,
os cronistas sociais Victor Hugo (já falecido) Marina Oliveira, Dédé e a esposa,
de costas entrevistando Zacarias, Gilberto Gomes, Jorge Malhão, José Cunha, Dr.
Carlos Schid e Ana Lucia. De pé Serafim José Rodrigues Pedrosa. Ao que se sabe a
ausência de Didi se deu por exigência de cachê diferenciado (o dobro dos outros 3 trapalhões juntos).” Foto e
fonte: Serafim José Rodrigues Pedrosa e Igor Vaz.
Em 1927, o engenheiro sanitarista
Saturnino de Brito aponta em seus estudos a existência de uma sanga
na Rua General Argolo que resultava em frequente inundação
transformando a rua em “torrentoso esgotamento”.
Diante do problema ele sugere
“Preferimos os canaletes abertos às galerias quando se tenham de
esgotar águas pluviais volumosas. Podem constituir, quando bem
tratados, elementos decorativos das ruas, com as pequenas pontes,
passadiços e jardineiras... Façamos então um canalete.”
O canalete começou a ser construído
em abril de 1928. As obras avançaram lentamente devido a dificuldade
em realizar o trabalho na estação chuvosa e o pessoal ser
insuficiente. Assim em 30 de junho apenas 170 metros da obra estavam
prontos.
A obra do canalete causou
descontentamento e reclamações na imprensa local que alegava que
uma galeria subterrânea seria mais conveniente e que por ser a rua
plana o canalete quase não teria declive. Saturnino rebateu as
críticas afirmando que as galerias subterrâneas ocasionavam
obstruções e que a inclinação do canalete era suficiente para
manter o escoamento conveniente.
Posteriormente, com o canalete
concluído, foram feitas medições durante os períodos de
precipitação e comprovada a sua eficácia na drenagem.
Inicialmente o canalete começava na
Rua Marechal Deodoro, esquina Padre Felício, dobrando
perpendicularmente na Rua Argolo vindo a desaguar no Canal do Pepino.
No final da década de 60 e início de
70 o trecho na Rua Marechal Deodoro foi fechado, permanecendo apenas
na Rua Argolo, a partir da esquina com a Rua Andrade Neves.
Tem 1,60 metros de altura por 2,10
metros de largura, seu contorno é preenchido por floreiras em
cimento, decoradas com folhas de acanto e tulipas.