"Houve grande quantidade de pequenos periódicos, de formato, tiragem e periodicidade muito variada, que são classificados como jornais ou também como revistas literárias. Havia ainda as folhas ilustradas, que mesclavam literatura e sátira social, possuindo ilustrações a bico de pena, das quais as principais foram O Cabrion (1879-1880) e A Ventarola (1887-1889). A primeira pertenceu a Eduardo Guerra e Eduardo Chapon e se distinguiu pelo tom agressivo de suas sátiras ilustradas, causando polêmica em alguns momentos. A segunda, de propriedade exclusiva de Eduardo Chapon, tinha um estilo mais moderado, mas bateu-se pela Abolição e foi um dos importantes semanários de seu tempo, dedicando-se também à literatura. A campanha da Abolição também fez surgir outros periódicos, destacando-se A Penna,O Pervígil (1882-1883) e O Democrata (1886-1888). Mesmo sem ilustrações, outros jornais misturavam humor, crítica literária e crônicas do cotidiano, como O Invisível (1887) e a Revista Popular (1888), ambos tendendo ao republicanismo. O Farrapo (1889) é exemplo de semanário político e republicano com produção literária, mesmo caso de O Radical (1890) que, publicado na época da proclamação da República, aos poucos perdeu seu caráter político, tornando-se mais literário."
O nome do periódico foi uma adaptação de
um dos personagens do romance Mistérios de Paris
de Eugène Sue. No enredo, Cabrion era um pintor travesso que perturbava o personagem Pipelet.
Publicado originalmente no Journal des Debats, entre
junho de 1842 e outubro de 1843, o romance recebeu
grande notoriedade não só na França, como em outros
países. No Brasil, foi publicado no folhetim do Jornal do
Comércio, a partir de 1º de setembro de 1844 (Balaban,
2005, p. 99). Serviu também para
intitular o periódico de Angelo Agostini veiculado na
década de 1860, em São Paulo.
Abaixo reprodução da folha ilustrada "O Cabrion" de n° 94, datada de 21 de novembro de 1880, segundo ano de circulação da folha. Na capa uma ilustração de Jacques Offenbach, compositor e violoncelista francês de origem alemã, foi um paladino da opereta e um precursor do teatro musical moderno que havia morrido no mês anterior.
Foi publicado em pequeno formato (22 x 32cm), com circulação semanal. |
A forma de apresentação do periódico seguia o modelo adotado pelos jornais congêneres do século XIX, sobretudo, os do Rio de Janeiro. |
A impressão era realizada pela tipografica do Jornal do Comércio. A parte ilustrada era produzida sob a responsabilidade artística de Eduardo de Araújo Guerra, desenhista e encarregado também pela direção literária. |
Fonte do texto.—
- A Imprensa de Pelotas em um século”. Diário Popular, 7 de novembro de 1951. Bibliografia.– Loner, Beatriz. Jornais pelotenses diários na República Velha. Ecos Revista. Pelotas, v.2, n.1, abril de 1998, pp. 5-34; Lopes, Aris-teu. Traços da política: representações do mundo político na imprensa ilustrada pelotense do século XIX. Porto Alegre: UFRGS, Dissertação (Mestrado em História), 2006; Rudiger, Francisco. Tendências do jornalismo. Porto Alegre: Editora da Universidade UFRGS, 1993. (Beatriz Ana Loner);
- Artista do lápis: as ilustrações de Eduardo de Araújo Guerra
no periódico Cabrion. Pelotas, 1879-1881, acesso em 26 de setembro de 2019 em: http://revistas.unisinos.br/index.php/historia/article/view/5087
Fonte de reprodução do Jornal.— Acervo de Vinicius Porto.