17 de abr. de 2014

Visão sobre uma época de Pelotas

CINEMA EM PELOTAS,TUFY E BAURU NA BENTO

Tenho saudades das sessões de domingo dos cines Capitólio, Pelotense, Guarani, Tabajara e Pelotense( O Cine Rei estreava seus filmes pornográficos nas quintas feiras!).Não existia, para um adolescente em Pelotas nos anos 80 nada mais vanguardista que ir na sessão das 22:00hs pois as sessão das 20:00hs somente iam crianças.Tinha os extremistas que iam na segunda-feira.Os Nerds iam à tarde.Eu era pop: Fliperama.Aquários.Zum-Zum.Capitólio as 22:00hs de domingo era sagrado.Lembro de ter assistido o Exterminador do Futuro e até hoje sonhar com a Sarah O’Connor em meus devaneios noturnos.Os Caça fantasmas, Amadeus, ET, Ghandi,O Império do Sol, Os Caçadores da Arca Perdida (Este eu assisti no já decadente cine Fragata nas sessão das 22:00hs de um sábado), Coisas Eróticas, Calígula entre tantos títulos inesquecíveis que estes cinemas foram palco.Exibições memoráveis com o Capitólio lotado em cima, em baixo e com gente sentada corredor.O Guarani metia gente pelo ladrão. Camarotes atulhados.Naquela época era proibido comer pipoca no cinema (????) e tínhamos que torrar uma boa grana em chocolates e balas de goma. Lembro que a maior revolução do cinema foi quanto o Cine Pelotense teve a fantástica e genial idéia de colocar um freezer para vender refrigerantes – Algo totalmente utópico e impensável na Pelotas da época. Todo o pelotense burguês se apresentava nos domingos no cinema, seja sozinho, com namorada ou com a família. All Star ou Samello nos pés. Calças Wlangler, Pierre Cardin, Calvin Klein ou IVS. Camisetas O.P. ou Lacoste compradas na Timpano, Trapos & Trekos ou na Denise no carne em 5 vezes sem juros(Cartão de crédito somente existia nos filmes!).As escolhas eram muito restritas. Poucos tinham carro ou moto e depois do cinema o pessoal ia para a Avenida Bento Gonçalves matar a larica com um bauru e no máximo uma da madrugada tava todo mundo dormindo porque tínhamos aula ou trabalho no outro dia pela manha.Gostaria que os mais jovens imaginassem uma Pelotas sem TV a cabo(Opções: Globo ou Bandeirantes cheia de chuviscos e deu) e sem internet.Agora eu entendo porque minha geração se viciou em leitura – Foi por falta de opção que livros difíceis de Milam Kundera e Umberto Eco viraram Best-Sellers em Pelotas. Bons tempos aqueles parodiando Franco Barreto na Tupanci. Lembrei do Participasom e outros programas onde durante anos tentei pedir uma musiquinha e nunca consegui tamanha era a audiência.Conseguir participar de um programa de radio em Pelotas era ser um BBB. Aparecer na televisão era um Oscar.Lembro que praticamente todo o pelotense que queria se informar bem sobre tudo o que ocorria mundo afora escutava o Tufy Salomão.O que o Tufy falava na Radio Cultura corria que nem rastilho de pólvora na cidade.

Texto de André Leite


Um comentário:

  1. Sou nascido e criado em Pelotas, formado pela Escola Técnica Federal de Pelotas, hoje, moro próximo do Rio. Tenho muita saudade de Pelotas. Há muito tempo não ia a Pelotas, e, recentemente fui, para visitar a Família. fiquei de "boca aberta" de ver como Pelotas se encontra. '"quantas saudades"' É lamentável ver Pelotas nesta situação, em todos os sentidos. Atenciosamente Rudmar

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