Aldo Locatelli nasceu em
Bérgamo, no norte da Itália no ano de 1915. Nasceu em uma família
humilde mas que tinha como valor básico o estudo e como meta a boa
formação dos filhos. Desde os dez anos de idade o menino manifestou
interesse pela pintura, a partir do contato com restauradores que
trabalhavam recuperando obras na igreja local.
Em 1931 fez um curso de
decoração no CursoLivre de Instrução Técnica, ligado à
Indústria Andrea Fantoni. Ali teve aulas com o pintor Francesco
Domenighini, que lhe proporcionou pela primeira vez contato com obras
de grandes mestres da pintura renascentista. Um ano depois foi
admitido na Accademia Carrara, de Bergamo, célebre instituição de
ensino superior de arte, sendo introduzido no método e filosofia
acadêmicos e tendo contato com Conrado Barbieri, diretor da
instituição, cujas ideias fascistas teriam influenciado o artista.
Nesta época teria produzido muitos estudos de retrato, paisagem e
natureza-morta, num estilo ainda incerto e tendendo à estilização.
Mas já então seu trabalho se destacava pela sua habilidade em
construir cenas complexas e dramáticas.
Premiado em 1937 com uma
bolsa de estudos para aperfeiçoar-se na Escola de Belas Artes de
Roma, aprofundou seus estudos sobre a arte da Roma Antiga e da
Renascença, cristalizando uma filiação estética que seguiu por
toda a vida.
Entre 1943 e 1945,
durante a Segunda Guerra Mundial, trabalhou em sua primeira obra na
Catedral de Gênova. Suas obras religiosas estão no Santuário de
Mulatiera, Paróquia de Santa Croce, Convento das Irmãs
S.S.Consolatrice, em Milão, Catedral de Gênova, cúpula da igreja
Nossa Senhora dos Remédios, Santuário Nossa Senhora da Pompéia,
Colégio da Consolata, em Milão entre outros.
Em 1948 viajou para o
Brasil, a convite de Dom Antônio Zattera, bispo de Pelotas, no Rio
Grande do Sul, para pintar a Catedral São Francisco de Paula. A
cidade lutava contra o declínio econômico e cultural, após ter
sido conhecida no fim do século XIX até o início do século XX
como "a Atenas do Rio Grande" e ter então dominado a
indústria do charque, uma das maiores fontes de renda estadual na
época. Neste ciclo Pelotas havia produzido um grande pintor,
Leopoldo Gotuzzo, que entretanto se mudara ainda jovem para Roma a
estudo e depois se fixara no Rio de Janeiro, o centro da vida
cultural brasileira. Seu nome permaneceu, porém, lembrado na cidade,
e seu sucesso orgulhava os pelotenses.
Locatelli passou a a
lecionar na Escola de Belas Artes em Pelotas no final da década de
1940. Organizando exposições de trabalhos de alunos e de sua
própria autoria. A contribuição de Locatelli a Escola teve uma
importância fundamental para consolidar e modernizar o sistema de
artes na cidade, embora novamente tenha enfrentado muitas
adversidades por escassez crônica de recursos.
Permaneceu no Brasil,
com sua esposa Mercedes Bianchieri, acompanhando-o desde seus
trabalhos na Itália, e com ela teve dois filhos.
Em 1950 firmou contrato
para a decoração da Igreja de São Pelegrino, em Caxias do Sul, e
logo sua fama chegou à capital, Porto Alegre, vencendo em 1951 uma
concorrência do Governo do Estado para executar um ciclo de painéis
no Palácio Piratini.
O Rio Grande do Sul,
circunstancialmente, atravessava um período de crise e se buscavam
símbolos identitários que pudessem mobilizar a população e
acender seu civismo. Não surpreende que o tema desse ciclo,
instalado na sede do poder político estadual, tenha sido a formação
histórica e étnica do povo riograndense, tratado com forte carga
emocional e monumentalidade e centrando a atenção nas Missões
Jesuíticas, nos Bandeirantes, na criação de gado e no gaúcho, no
folclore nativo, na família como unidade social básica, na aventura
da colonização e na agricultura.
Em Porto Alegre,
Locatelli foi solicitado para pintar o grande mural do Aeroporto
Salgado Filho, o painel central da Catedral Metropolitana, o mural da
UFGRS, o mural da sala dos músicos no Instituto de Belas Artes do
Estado do Rio Grande do Sul onde foi convidado a lecionar. Em 1954
naturaliza-se brasileiro.
Faleceu em 1962 em Porto
Alegre aos 47 anos, vitimado pela inalação continuada dos produtos
químicos provenientes das tintas que utilizava. A contribuição de
Aldo Locatelli para a pintura no Rio Grande do Sul foi de grande
importância, tanto como professor quanto como criador. Assim que
chegou ao Brasil sua obra exerceu impacto positivo e foi reconhecido
como um mestre.
Detalhe de autorretrato de Aldo Locatelli (1945)
Algumas de suas obras no
Brasil:
1949 - Catedral de São
Francisco de Paula - Pelotas
1950 - Mural ‘A
Conquista do Espaço’, Aeroporto de Porto Alegre
1951 - Igreja de São
Pelegrino, Caxias do Sul
1952 - Igreja Santa
Terezinha do Menino Jesus, Porto Alegre
1954 - ‘Do Itálico
Berço à Nova Pátria Brasileira’, Caxias do Sul
1957 - Painel Central da
Catedral Metropolitana, Porto Alegre
1958 - ‘As Profissões’
/ UFRGS
1960 - Painel para
Federação das Indústrias do RGS, Porto Alegre
Série de
pinturas sobre a Virgem Maria / Catedral de Santa Maria-RS
A todos que acompanham o Projeto Pretérita Urbe e este blog um Feliz Natal. Na foto o inesquecível [para quem conheceu] Papai Noel das Lojas Mazza registrado pelo fotografo Ramão Barros, na década de 40. Foto de Marcelo Soares coletada na internet.
Pelas fotos que chegaram até nós hoje, podemos conhecer como foi esse comércio, pelo menos sua fachada e o tal monstro. Até o momento não se tem conhecimento de algum registro da parte interna do comércio, inclusive podemos encontrar publicidades nos Simonianos “Almanach's de Pelotas” do início do século. O bule foi trazido da França, feito em madeira de lei, caixilhos de chumbo e vidros bisotê coloridos e sua luz era artificial e vinha de seu interior. Ao término do comércio foi vendido a uma casa que trabalhava com metais e antiguidades, na Rua Santa Tecla, cujo dono era o Sr. Argeu Fabres. O resto eu deixo o Sr. Eduardo Duarte Bernardes, filho do Sr. Álvaro Gaspar Bernardes, herdeiro do “Bule Monstro”, poderíamos dizer assim, explicar com suas próprias palavras:
“- Infelizmente meu primo, Luiz Carlos Ferreira Bernardes de Porto Alegre, comprou o bule do Sr. Argeu Fabres e teve a infeliz ideia de levar para capital, estava ele reformando sua casa, ai houve uma fatalidade......desabou o forro da peça onde estava o bule e o destruiu, não tendo mais recuperação, uma grande perda para nossa família e memória de Pelotas. Hoje “ele” estaria exposto na sala da minha casa, com muito orgulho de 03 gerações terem trabalhado no bule monstro.1”
1. Depoimento em entrevista por e-mail de Eduardo Duarte Bernardesem 29 mar. 2015
Se você nasceu entre 1977 e 1983 e viveu a maior parte da infância na cidade de Pelotas, queremos escutar as suas histórias! Para participar, basta preencher esse formulário:http://goo.gl/forms/k0vtxyPIrr Em breve entraremos em contato. Um projeto de Karla Nazareth Apoio Pretérita Urbe - Pelotas/RS
Filho de português e de brasileira, com estudo formal apenas até a 5ª série do primário, o mecânico JOAQUIM DA COSTA FONSECA FILHO tinha um sonho: voar. Mas não seria um voo qualquer – tinha que ser em um avião feito por ele. Nascido em 1909 em Pelotas, no interior do Rio Grande do Sul, o jovem gaúcho – que era autodidata – aprendeu mecânica e construção aeronáutica. Embora pouco conhecido, tornou-se um dos mais inventivos pioneiros na aviação civil brasileira.
Aos 17 anos fez sua primeira experiência em mecânica. Sua família inaugurava uma linha de transporte coletivo em automóveis no sul do estado. Na intenção de elevar os lucros da pequena frota de Ford modelo T, Joaquim fez uma intervenção: aumentou o chassi de um dos carros, tornando-o maior, mais lucrativo, e a grande sensação daqueles dias.
Oficina Fonseca, na rua Santa Cruz.
A novidade vinha acompanhada de outra atividade a que Joaquim Fonseca dedicava tempo e dinheiro: as corridas de automóveis. Após vencer várias competições, tornou-se conhecido como desportista, o que também era raro naquela pequena cidade, já que a maioria das pessoas se ocupava da agricultura e da pecuária. É desse período a construção da Magestoza, lancha com motor dianteiro, como dizia ser o correto. Nessa embarcação, Joaquim velejava pelas praias da Lagoa dos Patos, as mesmas que mais tarde sobrevoaria em dois aviões fabricados por ele próprio.
Interior da Oficina Fonseca, na rua Santa Cruz.
A Magestoza em São Lourenço do Sul. Década de 40.
Na época do alistamento militar, ingressou na Escola de Aviação Militar, no Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro, onde assistia a aulas de engenharia como aluno ouvinte, treinando na prática enquanto trabalhava nas oficinas da escola. De volta a Pelotas, criou a Oficina Mecânica Fonseca, e em 1935, durante uma viagem pelo sul do estado, conheceu Elda, com quem se casou e teve três filhos. Já familiarizado com a aviação, ele participou da fundação do Aeroclube de Pelotas, e logo obteve o brevê. Já era possível voar.
Dali até meados da década de 1940, Joaquim foi um dos três pilotos formados no Rio Grande do Sul. Ele alimentava um sonho que estava prestes a ser realizado: a criação da Sociedade Industrial de Aviões Pelotense. A iniciativa não demorou a ganhar força, e surgiram os primeiros esboços da máquina que seria o grande projeto do construtor.
Construção do segundo avião, o F2, também conhecido como "Cidade de Pelotas", nos porões de sua casa na Gonçalves Chaves, onde também foi a Rodoviária de Pelotas
Foi no porão de sua casa que Joaquim trabalhou sozinho durante os fins de semana, em segredo, por três anos, para construir seu primeiro avião. O aparelho tinha motor de automóvel, e no trem de pouso, pneus de motocicleta. Era feito de madeira e algodão envernizado. Em 1939, sua criação veio a público: os jornais locais estampavam manchetes sobre o primeiro voo do F.1, o avião de Joaquim. A notícia era veiculada junto com outra novidade de peso: os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial. Essa estreia durou vinte minutos, a uma altura de 300 metros, sobre o Aeroporto Municipal, a 100 quilômetros por hora. Por motivo de segurança e devido à simplicidade dos instrumentos, eram voos baixos e solitários, que margeavam a praia do Laranjal. Na época, a maioria dos pilotos não utilizava instrumentos, sendo guiados pelo que podiam enxergar.
Após mais de 30 horas fora do chão, Joaquim considerou esse aeroplano pesado demais e o desmanchou. Sabe-se que já havia no centro do país algumas fábricas de aviões, mas não há notícia sobre modelos que tenham voado com motores de automóveis no Brasil, ainda que fosse um sistema já utilizado na Europa. Esta é uma das facetas que tornam peculiar o trabalho de Joaquim Fonseca.
Joaquim Fonseca no ato da recepção no Rio de Janeiro pelo então ministro da Aeronáutica Salgado Filho, a qual, no dia seguinte e após vários testes, homologou o "Cidade de Pelotas". Foto Diário Popular, 1943
Quando ficou pronto o segundo aparelho, o F.2, Joaquim já integrava a diretoria do Aeroclube de Pelotas como diretor técnico. Em 1942, o então desconhecido construtor quis mostrar seu novo aparelho em Porto Alegre. Joaquim e o presidente do Aeroclube de Pelotas chegaram à capital do estado exibindo o invento – a bordo do F.2. O avião foi testado pela primeira vez com o objetivo de seguir até o Rio de Janeiro, onde deveria ser exibido para a Aeronáutica. A aeronave era destinada a treinamento e turismo, de construção mista de aço e madeira, com dois lugares e com duplo comando, media 10,5m de envergadura e 6,68m de comprimento, pesando 320 quilos, com autonomia de voo de cinco horas e velocidade de 135 quilômetros por hora, atingindo teto de 3.800 metros. Além dessas diferenças em relação ao primeiro protótipo, tinha motor aéreo, do tipo Franklin – o grande motor americano da época, feito para aviões –, e rodas de avião. Nada parecia mais promissor. Jornais de circulação nacional passaram a noticiar as vantagens do novo aparelho. Dizia-se que Salgado Filho (1888-1950), ministro da Aeronáutica e também rio-grandense, poderia aproveitar Joaquim no novo ministério.
O inventor finalmente voou com o F.2, em 1943, para o Rio de Janeiro, onde foi recebido pelo ministro Salgado Filho. No Campo dos Afonsos, o aparelho foi testado durante uma semana por técnicos da Aeronáutica, que o aprovaram. Joaquim voltou para casa, acompanhado da mulher, pilotando o recém-batizado Cidade de Pelotas. No ano seguinte, foi outra vez ao Rio com o F.2. Motivado pela boa repercussão dos acontecimentos, declarou à imprensa que os projetos e cálculos da futura aeronave, de qualidade técnica superior ao modelo aprovado, já tramitavam no Ministério da Aeronáutica. No entanto, ele recebeu uma resposta negativa: a homologação do novo protótipo, o F.3, foi negada e, para piorar, ele também não conseguiu obter a licença e o financiamento para a instalação da Sociedade Industrial de Aviões Pelotense.
O ministério alegou que os materiais usados eram de baixa qualidade. Consta que Joaquim teria respondido: “Índio não tem que construir avião. Tem que comprar!”. A turbulência causada pela Segunda Guerra e a política de desenvolvimento aeronáutico dependente do modelo norte-americano, adotada pelo governo Vargas, selaram o destino do aviador.
Apesar das adversidades, Joaquim continuou com seu trabalho autônomo, não acadêmico, solitário e inventivo. Ampliou a oficina mecânica que, ironicamente, passou a consertar também aviões. No início da década de 1950, após visitar fábricas de carros nos Estados Unidos, consolidou-se como industrial do ramo de autopeças. Abriu duas lojas em Porto Alegre e uma em Pelotas para vender sua produção. No Brasil do pós-guerra, respiravam-se finalmente os ares da democracia com a eleição de Juscelino Kubitschek (1902-1976). Mas aviões genuinamente brasileiros só apareceriam bem mais tarde, por volta de 1969, um ano depois da morte de Joaquim.
Satolep Noite No meio de uma guerra civil O luar na janela Não deixava a baronesa dormir A voz da voz de Caruso Ecoava no teatro vazio Aqui nessa hora é que ele nasceu Segundo o que contaram pra mim
Joquim era o mais novo Antes dele havia seis irmãos Cresceu o filho bizarro Com o bizarro dom da invenção Louco, Joquim louco O louco do chapéu azul Todos falavam e todos sabiam Quando o cara aprontava mais uma
Joquim, Joquim Nau da loucura no mar das idéias Joquim, Joquim Quem eram esses canalhas Que vieram acabar contigo?
Muito cedo Ele foi expulso de alguns colégios E jurou: "Nessa lama eu não me afundo mais" Reformou uma pequena oficina Com a grana que ganhara Vendendo velhas invenções Levou pra lá seus livros, seus projetos Sua cama e muitas roupas de lã Sempre com frio, fazia de tudo Pra matar esse inimigo invisível
A vida ia veloz nessa casa No fim do fundo da América do Sul O gênio e suas máquinas incríveis Que nem mesmo Julio Verne sonhou Os olhos do jovem profeta Vendo coisas que só ontem fui ver Uma eterna inquietude e virtuosa revolta Conduziam o libertário
Dezembro de 1937 Uma noite antes de sair Chamou a mulher e os filhos e disse: "Se eu sumir procurem logo por mim" E não sei bem onde foi Só sei que teria gritado A uma pequena multidão "Ao porco tirano e sua lei hedionda Nosso cuspe e o nosso desprezo!"
Joquim, Joquim Nau da loucura no mar das idéias Joquim, Joquim Quem eram esses canalhas Que vieram acabar contigo?
No meio da madrugada, sozinho Ele foi preso por homens estranhos Embarcaram num navio escuro E de manhã foram pra capital Uns dias mais tarde, cansado e com frio Joquim queria saber onde estava E num ar de cigarros De uns lábios de cobra, ele ouviu: "Estás onde vais morrer"
Jogado numa cela obscura Entre o começo do inferno e o fim do céu Foi assim que depois de muitas histórias A mulher enfim o encontrou E ele ainda ficou ali por mais dois anos Sempre um homem livre apesar da escravidão As grades, o frio, mas novos projetos Entre eles um avião
O mundo ardia na guerra Quando Joquim louco saiu da prisão Os guardas queimaram Os projetos e os livros E ele apenas riu, e se foi Em Satolep alternou o trabalho Com longas horas sob o sol Num quarto de vidro no terraço da casa Lendo Artaud, Rimbaud, Breton
Joquim, Joquim Nau da loucura no mar das idéias Joquim, Joquim Quem eram esses canalhas Que vieram acabar contigo?
No início dos anos 50 Ele sobrevoava o Laranjal Num avião construido apenas das lembranças Do que escrevera na prisão E decidido a fazer outros, outros e outros Joquim foi ao Rio de Janeiro Aos orgãos certos, Os competentes de coisa nenhuma Tirar um licença
O sujeito lá Responsável por essas coisas, lhe disse: "Está tudo certo, tudo muito bem O avião é surpreendente, eu já vi Mas a licença não depende só de mim" E a coisa assim ficou por vários meses O grande tolo lambendo o mofo das gravatas Na luz esquecida das salas de espera O louco e seu chapéu
Um dia Alguém lhe mandou um bilhete decisivo E, claro, não assinou embaixo "Desiste", estava escrito "Muitos outros já tentaram E deram com os burros n'água É muito dinheiro, muita pressão Nem Deus conseguiria" E o louco cansado o gênio humilhado Voou de volta pra casa
Joquim, Joquim Nau da loucura no mar das idéias Joquim, Joquim Quem eram esses canalhas Que vieram acabar contigo?
No final de longa crise depressiva Ele raspou completamente a cabeça E voltou à velha forma Com a força triplicada Por tudo o que passou Louco, Joquim louco O louco do chapéu azul Todos falavam e todos sabiam Que o cara não se entregava
Deflagrou uma furiosa campanha De denúncias e protestos Contra os poderosos Jogou livros e panfletos do avião Foi implacável em discursos notáveis Uma noite incendiaram sua casa E lhe deram quatro tiros Do meio da rua ele viu as balas Chegando lentamente
Os assassinos fugiram num carro Que como eles nunca se encontrou Joquim cambaleou ferido alguns instantes E acabou caído no meio-fio Ao amigo que veio ajudá-lo, falou: "Me dê apenas mais um tiro por favor Olha pra mim, não há nada mais triste Que um homem morrendo de frio"
Joquim, Joquim Nau da loucura no mar das idéias Joquim, Joquim Quem eram esses canalhas Que vieram acabar contigo?
Desenho de Danilo Zasimowicz, baseado no avião F-2, construído por Joaquim Fonseca em Pelotas-RS - Acrílico sobre tela.
A primeira fotografia, do final da década de 40, provavelmente de 1949/50, mostra o bonde na Rua Benjamin Constant quase esquina 15 de Novembro. "Na esquina da quinze a calçada é curva e bem estreita, justamente por causa do bonde que passava por ali." Na segunda fotografia podemos ver os trilhos descendo a Rua Benjamin Constant. Estas fotos são contribuição do Sr. José Lauro Dieckmann Siqueira.
1953 - Os produtos Bardahl são trazidos ao Brasil pelo hábil vendedor italiano Ernesto Baroni, contratado pela Bardahl Lubricants Mediterranea. O comprador do primeiro lote de aditivos Bardahl foi o Sr. Rubens Moreira, proprietário de um posto Texaco, em Pelotas (RS).
A questão da realização ou não do carnaval 2016 em Pelotas, tem gerado uma grande preocupação de parte das entidades e, se não gerou, ainda, deveria gerar ao poder público, ao qual cabe a responsabilidade de viabilizar uma estrutura mínima para que os festejos populares possam ocorrer.
A prefeitura dispõe-se a repassar as entidades um montante de R$ 300 mil. O valor é aceitável, visto que, corresponde ao que foi dotado em 2015. Penso que as entidades deveriam aceitar esse repasse como subvenção. Seria justo, face à crise e a situação excepcional alegada pelo poder público. A partir disso, discutir as condições minimas para que o evento ocorra.
Batido o martelo, sobraria a questão do local para os desfiles? Penso que não.
Há muito, as entidades e os governantes deveriam ter incluído na sua pauta de debates e reuniões a questão de um modelo de festa popular que favoreça o aprimoramento e ao desenvolvimento do produto carnaval integrando-o as políticas de desenvolvimento turístico e econômico do município. A excepcionalidade da situação poderia oportunizar, assumidas as responsabilidades, um “balão de ensaio”, sobre alternativas no modelo de festa.
Pelotas adota, a muito tempo, o modelo do Rio de Janeiro como padrão, ou seja, o concurso em arena fechada envolvendo todas as categorias e estilos que compõe nossa cultura carnavalesca (blocos e escolas mirins e adultas, burlescos, bandas) tudo no mesmo espaço e faixa aproximada de horários.
Além de reduzir a participação do público e absorver uma soma vasta de recursos, o modelo “sambódromo”, em sua precariedade, fortalece e alimenta as criticas de uma parcela da população, que não enxerga com bons olhos o evento.
Esse formato, não produz bom resultado. Ao mirarmos o inalcançável modelo “Made em Rio de Janeiro”, esquecemos aquilo que nos torna únicos (nossas raízes culturais e nossa história), não raramente sucumbindo à mediocridade de um “arremedo”.
O saldo é previsível: prejuízos a sustentabilidade da festa, enfraquecimento da sua cadeia produtiva e decadência continuada do carnaval.
Isso posto, apresento um conjunto de idéias, com olhar direcionado a discussão que se impõe agora, e adiante. Essas idéias, acrescidas de outras originadas no debate entre as entidades, poderiam ser “testadas” no carnaval de 2016, como alternativa a sua viabilização.
1-Faça-se a luz para abrilhantar a festa
Defendo, por diversos motivos, a realização de um carnaval diurno. Mas, destaco aqui, três aspectos:
- Primeiro (referente à sua própria visualização) A luz do dia torna mais nítida a avaliação dos critérios estéticos dos cortejos, considerando-se que: impõe leveza e cuidadoso acabamento de fantasias e alegorias.
- Segundo, diz respeito à segurança do público, e dos que desfilam.
- Terceiro, por que reduz a zero uma demanda técnica sempre insuficiente e cara. A participação popular, tenho certeza, ampliar-se-ia em escala geométrica.
2- Faça-se “cultura” para encantar o público
Os desfiles temáticos e técnicos deveriam segundo essa idéia, eleger um tema comum para a mostra em 2016 , voltados à valorização de aspectos relevantes da cultura popular local.
Um tema que proporcionasse um mergulho na “Cultura carnavalesca da cidade de Pelotas”, me pareceria adequado a todas as categorias e simpático ao público, nesse momento de incerteza.
Isso em nada inibiria a inventividade, ao contrário, estimularia a pesquisa crítica da história e das suas referencias estéticas, servindo de base a construção da cena, proposta no “cortejo” carnavalesco.
O desfile teria, nas escolas de samba, caráter “épico” de critica e reinvenção da cultura popular. Nos burlescos o espaço adequado à sátira de comportamentos e costumes.
Nessa perspectiva, precisam ser avaliados os quesitos técnicos ou, considerados obrigatórios, para o desfile das escolas de samba locais (adultas e infantis) onde, também, nos orienta um organograma “importado” do carnaval carioca, em muitos aspectos, descolado da cultura carnavalesca local. Cito como exemplo o caso da obrigatoriedade de uma ala de “baianas” ou do próprio desfile organizado por alas.
Sobre esse aspecto, penso sobre alternativa hibrida entre o modelo dos clubes sociais (espetáculo plástico e alegórico), do final do século IXX e do inicio do século XX e aquele proposto pelas agremiações originadas nas comunidades negras em meados do séc XX (cordões), voltados ao envolvimento das comunidades e valorização do samba.
Penso, como proposta a ser discutida, que os quesitos obrigatórios deveriam ser: Estandarte, Alegoria temática (única), corte, passistas, Fantasias em destaque, cena de conjunto, mestre sala e porta bandeira, samba temático e bateria. A proposta visa resgatar os elementos estéticos que aproximam o carnaval a um conceito de espetáculo ou, se preferir, de uma ópera popular. Ficam valorizados os aspectos cenográficos, de dança e bailado, os musicais e os culturais/locais.
3- Diversifiquem-se os espaços para envolver a cidade e o público
É preciso distinguir os desfiles temáticos e técnicos daqueles não regulados por quesitos. Assim, vislumbra-se a possibilidade de espaços alternativos para as apresentações como por ex: o largo do mercado para as bandas, o entorno da praça Pedro Osório para as escolas e blocos infantis, a rua Osório para os burlescos e a avenida Bento para as escolas adultas.
Estas são idéias iniciais, que coloco a apreciação do universo carnavalesco da cidade e de todos aqueles que desejam o desenvolvimento da cultura popular em nosso município.
12/Fev/1910:
É inaugurado o cinema Coliseu que ficava localizado na R. Gen.
Vitorino (atual Pe. Anchieta), entre as ruas D. Pedro II e Gen.
Telles.
23/Abr/1910:
É inaugurado o cinema Parisiense que ficava localizado na R. Gen.
Neto, entre as ruas 15 de Novembro e Gen. Vitorino (atual Pe.
Anchieta) onde mais funcionou o cinema Recreio Ideal.
Cineteatro Politeama, inaugurado em 1910. Foto Almanaque do bicentenário de Pelotas. Acesse em: http://almanaquedepelotas.com.br/almanaque-v2.pdf
25/Dez/1910:
É inaugurado o cinema Polytheama que ficava localizado na Pça. da
República (atual Pça. Cel. Pedro Osório) onde depois foi
construído o prédio do Grande Hotel.
23/Abr/1911:
É inaugurado o cinema Popular que ficava localizado na esquina das
ruas Gen. Osório e Gen. Argolo onde hoje fica as dependências da
CIENAL. (34) 1912 é inaugurado o cinema Eldorado. O cinema ficava
localizado na esquina das ruas Benjamin Constant e Gonçalves Chaves.
(34).
21/Mar/1912:
É inaugurado o cinema Recreio Ideal que ficava localizado na R. Gen.
Neto, entre as ruas 15 de Novembro e Gen. Vitorino (atual Pe.
Anchieta). Segundo o Diário Popular desta data, neste local havia
funcionado antes o cinema Parisiense.
30/Mar/1912:
É inaugurado o cinema Ideal-Concerto na esquina das ruas R. 15 de
Novembro e 7 de Setembro onde hoje é o Clube do Comércio.
Notas:
1) Em Jul/1912 esta sala de cinema passou a se chamar Ponto Chic;
depois veio a se chamar Arco-Iris e mais adiante voltou a ser Ponto
Chic. (34) . 2) Conforme (56) o endereço do cinema Ponto Chic era R.
15 de Novembro, atual no. 602.
30/Abr/1921:
É inaugurado o Theatro Guarany na rua São Paulo (atual Lobo da
Costa, no. 849) esq. Gonçalves Chaves que também foi utilizado como
sala de cinema.
04/Set/1925:
O teatro Apollo passa a funcionar como sala de cinema.
Notas:
1) O cinema ficava localizado na R. Gomes Carneiro, nº. 939 ,atual
no. 1661.
03/Jul/1927:
É inaugurado o Cine-Theatro Avenida, localizado na Av. Bento
Gonçalves.
9/Nov/1928:
Passa a funcionar o cinema Capitólio na R. Gen. Vitorino (atual R. Pe. Anchieta, no. 2009).
12/Mai/1938:
Passa a funcionar o cinema São Rafael na Av. Gen. Daltro Filho (atual Pça. 20 de Setembro, no. 846) . Em 1960 era propriedade da empresa Cine
Pelotas Ltda., o cinema possuía 1000 lugares e utilizava um aparelho
projetor para filmes de 35 mm.
1947: Entra em funcionamento na Vila Dunas o
cinema Ideal, na Av. Farroupilha. Em 1960 era propriedade de
Waldemar Valente Gomes.
06/Jul/1949:
Passa a funcionar o cinema Fragata, na Av. Gen. Daltro Filho (atual
Duque de Caxias), ao lado da Casa Couto
1950: Entra em funcionamento
na Vila Santa Terezinha o cinema Para Todos, em endereço
desconhecido. Em 1960 o cinema possuía 500 lugares e utilizava
aparelho projetor para filmes de 16 mm.
14/Ago/1950:
É fundado o Circulo de Estudos Cinematográficos de Pelotas. (Diário
Popular, 29/Ago/1950). 1951
28/Jan/1954:
Passa a funcionar o cinema Esmeralda na R. Domingos de Almeida, atual
no. 2114.
12/Out/1956:
Passa a funcionar o cinema América na R. 15 de Novembro quase esq.
com a R. Benjamin Constant. Em 1960 era propriedade da Empresa
Cinematográfica Cinesul Ltda., o cinema possuía 1050 lugares;
utilizava um aparelho projetor para filmes de 35 mm e ficava
localizado na R. 15 de Novembro, nº 205
17/Abr/1962:
Passa a funcionar o Pelotense Cine-Rádio , na R. Andrade Neves, 2316
(atual 2330)
01/Out/1963:
Passa a funcionar o cinema Tabajara, na R. Gen. Osório, atual no.
1094.
14/Jul/1967:
Passa a funcionar o cinema Rei, na R. Andrade Neves, atual no. 1967.
29/Jun/1968:
Passa a funcionar o cinema Garibaldi, na R. José Garibaldi, nº660-A.
Fonte: Enviada por Silvia Regina Silva Bonow
Os pretéritos cinemas no presente:*
Cine
Capitólio.
Virou estacionamento. Pe. Anchieta 2009.
Cine
Rádio Pelotense.Virou
supermercado. Andrade Neves 2330.
Theatro
Guarany.
Não é mais cinema. Lobo da Costa 849.
Theatro
Sete de Abril.Não
é mais cinema. Pç Cel. Pedro Osório 160.
Cine
Rei.
Virou magazine. Andrade Neves 1967.
Theatro
Avenida.Abandonado.
Av. Bento Gonçalves 3972.
Cine
Fragata.
Hoje é casa noturna. Av. Duque de Caxias 668.
Cine
Garibaldi.
Galpão da Embaixador. Garibaldi 660-A.
Theatro
São Rafael.
Em ruínas. Pç 20 de Setembro 846.
Foram
demolidos e em seu lugar há novos prédios:
Cine-Theatro
Apollo.
Gomes Carneiro 1661.
Cine
América.
Quinze de Novembro 205.
Cinema
Politeama.
Pç Cel. Pedro Osório 51.
Cinema
Coliseu.Pe.
Anchieta 1346.
Cinema
Ponto Chic.
Quinze de Novembro 602.
Foram
ocupados por igrejas evangélicas:
Cine
Tabajara.
General Osório 1094.
Cine
Esmeralda.
Av. Domingos de Almeida 2114.
Cine
Glória.
Av. Cidade de Lisboa 245.
Os
nomes das ruas e a numeração corresponde aos endereços atuais.
* Fonte:Extraído do blogue P elotas Cultural em http://pelotascultural.blogspot.com.br/2009/02/os-antigos-cinemas-de-pelotas.html
Cine Tupy - Localizava-se nas Três Vendas, na rua São João, no bairro Santa Terezinha.
Cine Principal - Localizava-se nas Três Vendas, na rua Santo Antônio primeiramente, quase esquina com a avenida 25 de julho, na época mais conhecida como a Estrada da Barbuda, depois foi para a rua São Francisco.
Uma hora antes do início do filme, o auto-falante anunciava o respectivo filme a ser apresentado e os em cartaz para semanas futuras, assim como era levado ao ar a boa música da Jovem Guarda.