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19 de out. de 2016

Escola de Artes e Officios/ ETP/ ETFPel/ CEFET/ IFSul

Dia 11 de outubro é a data que o IF-Sul comemora seu aniversário. Neste ano de 2016 completou 73 anos de existência. Gostaríamos de registrar aqui a história do IF-Sul desde quando era a Escola de Artes e Officios. Um breve relato encontra-se junto ao site do instituto, o qual reproduzimos aqui. Logo após uma homenagem vinda do Sr. Paulo Fiss com uma poesia de sua autoria.


  "Em 1917, o prédio abrigava a Escola de Artes e Officios (iniciativa da Biblioteca pública pelotense), que em 1930 passa a ser a Escola Technico - Profissional - instituída pelo município (Pref. Sr. João Py Crespo) para viabilizar seu funcionamento.
  A Escola Técnica de Pelotas (ETP), em 1942, é criada pelo Presidente Getúlio Dorneles Vargas, mediante gestões e ações de Luiz Simões Lopes. É inaugurada em 1943 e tem o início de suas atividades letivas em 1945.
  O primeiro curso técnico da ETP foi o curso de Construção de Máquinas e Motores, do qual é originário o atual curso de Mecânica Industrial. Ele foi implantado em 1953 graças à mobilização dos alunos e ao apoio do influente político pelotense Ary Rodrigues Alcântara, paraninfo da primeira turma de formandos.
  No ano de 1959, a Escola Técnica de Pelotas passa a autarquia Federal, e em 1965 passa a se denominar Escola Técnica Federal de Pelotas (ETFPEL).
  Em 1994, o Ministro da Educação encaminhou ao Congresso Nacional a proposta de um Sistema Nacional de Educação Tecnológica e de transformação das Escolas Técnicas Federais em Centros Federais de Educação Tecnológica. Em dezembro desse mesmo ano, foi editada a Lei que previu a transformação Institucional de todas as Escolas Técnicas da Rede Federal em CEFETs, exigindo processo individualizado para implantação gradativa de cada Centro, segundo critérios fixados pelo Poder Público.
  Também em 1994, foi reconhecida a regularidade de estudos do Curso Técnico de Desenho Industrial. Nesta época, a Escola oferecia oito Cursos Técnicos Integrados de Nível Médio: Mecânica, Eletrotécnica, Eletrônica, Edificações, Telecomunicações, Eletromecânica, Química e Desenho Industrial.
  A transformação da ETFPEL em Centro Federal de Educação Tecnológica de Pelotas - CEFET-RS ocorreu em 1999, o que possibilitou, além da oferta dos Cursos Técnicos de Nível Médio, oferta de Cursos Superiores e de Pós-graduação, incentivando ainda mais a pesquisa, a elaboração de projetos e convênios, com foco nos avanços tecnológicos.
  Posteriormente passou a fazer parte do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul), integrante da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, criado a partir do CEFET-RS, mediante Lei n°11.892, de 29 de dezembro de 2008.
  Hoje o IFSul, cuja sede administrativa está localizada em Pelotas/RS, é formado por doze campi: Pelotas, Pelotas-Visconde da Graça, Sapucaia do Sul, Charqueadas, Passo Fundo, Bagé, Camaquã, Venâncio Aires, Santana do Livramento Sapiranga (em implantação), Lajeado (em implantação) e Gravataí (em implantação).
  O Instituto Federal, caracterizado pela verticalização do ensino, oferta educação profissional e tecnológica em diferentes níveis e modalidades de ensino, assim como articula a educação superior, básica e tecnológica.
  Neste campus, estão em funcionamento quinze Cursos Técnicos de Nível Médio, cinco Cursos Superiores de Tecnologia e uma Engenharia, além de Cursos de Pós-graduação, Formação Pedagógica e Educação a Distância."
Fonte: http://pelotas.ifsul.edu.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=1&Itemid=2 


Aspecto na época da Escola de Artes e Ofícios que abrigava homens do 1 o Corpo Provisório da Brigada Militar. Fonte: Arquivo do acadêmico Flávio Azambuja Kremer, da Academia Canguçuense de História.Fotos:http://memorial.ifsul.edu.br/


Prédio do Instituto Technico Profissional de Pelotas, construído ao lado do prédio que seria destinado ao funcionamento da Escola de Artes e Officios.Fotos:http://memorial.ifsul.edu.br/
Vista da fachada frontal da Escola Técnica de Pelotas(ETP).Fotos:http://memorial.ifsul.edu.br/


Década de 70; banda marcial da Escola Técnica Federal de Pelotas - RSFotos:http://memorial.ifsul.edu.br/

TRIBUTO A ETP de Paulo Fiss

A lágrima que cai,
É a saudade que ficou,
De quando irmanados por um mesmo ideal,
E o tempo que se vai...
Dele ninguém escapou,
A vida vai passando e daquele carnaval,
Ainda soa a batucada nos ouvidos,
Éramos jovens, éramos guris,
Aplaudida... passava a banda aplaudida,
Dias de orgulho, tempos jamais perdidos,
Dias de sonhos tão febris,
Tantas emoções na avenida
Era a felicidade de ser etepeano,
Saudades de belos momentos, Inseparáveis irmãos de pernadas,
E a sadia briga do branco e azul,
Contra o vermelho e preto gonzagueano,
Lembranças de vencidos intentos,
Pretos e brancos irmãos camaradas,
A vida era uma farra,
No norte e no sul
Ao méleo embalo da fanfarra.
A Alice Loréa impondo o respeito,
Nas fileiras do Diocesano,
E gatos-pelados empunhando as quatro bandeiras,
Enquanto do desfile gente dos edifícios no parapeito,
Lindas imagens tão faceiras,
Belas meninas do Santa Margarida,
Lá iam elas marchando tão elegantes,
Depois vinha o Nossa Senhora de Lurdes, do Fragata
E a gente dizia das gurias, linda aquela gata,
No fim da tarde a juventude já exaurida,
Toda uma geração sentindo-se ovantes,
A imponência do Visconde da Graça,
Diziam lá vem o Patronato,
Uma multidão por toda praça,
Era uma festa de civismo - tempo estratocrato,
Logo, lá na Barroso despontava o São José,
As meninas eram as mais belas de Pelotas, as dondocas,
No comando as freiras cheias de fé,
Muitas palmas - olhares românticos e algumas fofocas,
E a tarde setembrina ia dando para o arrebol,
Lá p'ros horizontes austrais um rubro sol,
Faltam apenas o Gonzaga e a ETP desfilarem no asfalto,
Lá para os lados do áureo-cerúleo soa o esboroo dos tambores,
É a galinha gorda imponente dando show no grito alto,
Do regente " Xubeco ", o maior dos maestros, mores
E passa o Gonzaga em ruidosa aclamação,
Desce a sonoite e magistral desponta a gurizada etepeana,
Grande, muito grande, da cidade inteira é a ovação,
Gritos de gente em euforias,
Um Deus nos acuda as gurias,
É a força do povo dessa gleba pampiana.
ETP, ETP,ETP, ó ETP sempre estaremos unidos na fé
E que uma escola da Pelotas interiorana,
Na tecnologia, de muito evos faz o Brasil forte e de pé!


POESIA.: Paulo Fiss Fiss Fiss
Sob domínio de direito autoral - Copyright by author - P.Fiss
Pelotas,rs/br/22°/segunda-feira/17 de outubro de 2016 - 19:52 - Dia de chuva




19 de jun. de 2016

Lá… por Francisco LOBO DA COSTA



Na minha terra, lá…quando
o luar banha o potreiro
passa cantando o tropeiro,
cantando…sempre cantando…
depois descobre-se o bando
do gado que muge adiante,
e um cão ladra bem distante…
Lá… bem distante!…na serra!
– Nunca foste a minha terra?

Enfrena, pois, teu cavalo,
ferra a espora, alça o chicote,
e caminha a trote…a trote…
se não quiseres cansá-lo.
Ainda não canta o galo,
é tempo de viajares,
deixarás estes lugares,
irás vendo novas cenas,
sempre amenas…muito amenas!

O laranjal enverdece
ao disco argênteo da lua,
e a estrada deserta e nua
logo aos olhos te aparece…
Uma figueira ali cresce
beijando a fralda ao regato:
e lá… no fundo do mato,
arde o rosado e fumega
a vassourinha, a macega…

Se um grito de fero açoute
estruge no ar austero,
não tremas! É o quero-quero
que vem te dar a boa noite.
Um conselho porém dou-te:
um pouso tens a teu lado;
mas não lhe batas…cuidado!
Antes procura outros meios
dormindo sobre os arreios.

Não que se negue a tais horas
agasalho ao forasteiro,
mas, porque, foras primeiro
assustado sem demora!
“Ó Juca” põe-te pra fora! “
solta o cão…traz o trabuco…”
“matemos este maluco!”
para no fim do rebate
ir contigo tomar mate.

Logo ao romper da alvorada
põe a soga o teu cavalo:
podes passar-lhe um pealo,
uma maneia trançada,
depois vai pedir pousada;
de dia nada receias;
verás meninas sem meias…
“Eh pucha!” que lindas moças
de pernas grossas…bem grossas!

Hão de fazer-te mil festas,
dar-te atenção e carícias,
porquanto minhas patrícias
são modestas, bem modestas!
Mil vezes os mimos destas
porque são filhos da estima.
Aceita-os, pois, e por cima
come o bom churrasco insosso,
que elas dirão que és bom moço!

À noite, escuso avisar-te,
dança-se a parca “Tirana”;
tira a primeira serrana
que não há de recusar-te,
ali, a um canto…de parte,
o velho fuma um cigarro;
de quando em quando um escarro,
ao passo que um mariola
arranha numa viola.

Não te espante os cavalheiros,
muitos verás de tamancos
outros de sapatos brancos
ou de “botas de terneiros”;
esses serão os primeiros
na “competência dos pares…”
nem te rias se escutares:
-”Eu danço “cá siá” Maruca,
“A Chica dança cô Juca!”

Ouvirás após cantiga
de versos de pés quebrados,
coisas de tempos passados
que talvez a rir te obriga;
se queres porém que o diga:
acho mais graça e beleza
naquela simples rudeza,
que neste folgar sem lei
de muita gente que eu sei.


Ali, verás como incita
o viver da solidão,
tomando o teu “chimarrão”
feito por moça bonita;
verás vestidos de chita,
muita vida em cada rosto…
Mas, se duvidas do exposto,
é fácil: – volta pra aqui,
e dirás se te menti.


LOBO DA COSTA

17 de set. de 2015

Retrato de Família de Carlos Drummond de Andrade

Retrato de Família

Este retrato de família
está um tanto empoeirado.
Já não se vê no rosto do pai
quanto dinheiro ele ganhou.
Nas mãos dos tios não se percebem
as viagens que ambos fizeram.
A avó ficou lisa, amarela,
sem memórias da monarquia.
Os meninos, como estão mudados.
O rosto de Pedro é tranqüilo,
usou os melhores sonhos.
E João não é mais mentiroso.
O jardim tornou-se fantástico.
As flores são placas cinzentas.
E a areia, sob pés extintos,
é um oceano de névoa.
No semicírculo de cadeiras
nota-se certo movimento.
As crianças trocam de lugar,
mas sem barulho: é um retrato.
Vinte anos é um grande tempo.
Modela qualquer imagem.
Se uma figura vai murchando,
outra, sorrindo, se propõe.
Esses estranhos assentados,
meus parentes? Não acredito.
São visitas se divertindo
numa sala que se abre pouco.
Ficaram traços da família
perdidos nos jeitos dos corpos.
Bastante para sugerir
que um corpo é cheio de surpresas.
A moldura deste retrato
em vão prende suas personagens.
Estão ali voluntariamente,
saberiam – se preciso – voar.
Poderiam sutilizar-se
no claro-escuro do salão,
ir morar no fundo de móveis
ou no bolso de velhos coletes
A casa tem muitas gavetas
e papéis, escadas compridas.
Quem sabe a malícia das coisas,
quando a matéria se aborrece?
O retrato não me responde,
ele me fita e se contempla
nos meus olhos empoeirados.
E no cristal se multiplicam
Os parentes mortos e vivos.
Já não distingo os que se foram
dos que restaram. Percebo apenas
a estranha ideia de família

viajando através da carne.
Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987) foi um dos mais importantes poetas brasileiros, além de cronista, contista e tradutor.

24 de abr. de 2015

Minha casa, tantas casas por Pablo Rodrigues.

Este texto "Minha casa, tantas casas" de Pablo Rodrigues, é sempre bom ler e ouvir, ainda mais com a narração do grande filho acolhido por esta cidade, José de Abreu, que aqui viveu por um grande período nos anos 70. Zé Abreu sentiu tudo isso, que só quem esteve ou passou por aqui sabe como é. 

Dedico esta postagem a todos que por aqui passaram e nasceram e hoje estão longe fisicamente mas perto de coração. Nunca é de mais parabenizar Pablo Rodrigues por suas palavras que mostram realmente o grande sentimento que os pelotenses sentem por sua cidade. 





Minha casa e tantas casas

― Digo ao senhor, sem o receio qualquer de errar: minha cidade é minha casa, o lugar onde me encontro. E crescem em mim incontáveis alegrias, abrem-se em mim inúmeras janelas quando volto pra lá: coração no compasso do mais certo. Aliás, o tanto e quanto mais sei e testo nesta vida de entreandanças é que tudo é viagem de volta... Minto? A saudade então não é a cada instante a sempre-presença? Ai, e tem maior que a saudade da casa da gente? Pois repito, para que não sobre assombro: minha casa é minha cidade. Toda doçura.
Essas lindas moças todas e suas finas feições e caminhares e perfumes são minha cidade: o crescer da lua, na Lagoa dos Patos, o inesperado irromper do amor. Lhe conto que não há nada igual no mundo. O senhor vá no Laranjal, comigo confirme, constate com os seus próprios olhos. E ponha o coração à larga. Depois sonhe com aquilo quando sonhar, toda a vida.
Uma casa e tantas casas, minha cidade, onde Ramilonga se fez canção, poema e estética profunda de frio, solidão e amor. Sim, minha cidade em mim não sei como, não saberia ser quando, onde quer que fosse, onde?, se não em mim, o que me faz mais eu: assim, minha casa e tantas casas, assim, aberto à esperança de tantos milagres e povos.
Olhe, veja - e me escute mais do que estou lhe dizendo. Escute cada pedra, cada árvore, cada banco de praça. Escute cada flor lilás dos jacarandás-em-dezembro da Coronel Pedro Osório, o silêncio das peças de xadrez, as mesas, os velhos senhores tão sempre donos do tempo, como se num quadro. Eternos. E Deus por todos os cantos. 
Escute o cheiro de infância que ainda circula pelo Café Aquário: um desejo enorme de debater o mundo com os amigos. Mudam-se apenas os assuntos. Todos somos crianças, porém, lá no fundo. O senhor faça o teste: pare diante do espelho e se olhe fixo, por cinco minutos. O que verá no fim? Pois lhe digo: um rostinho de menos que menino, como se pedisse ainda - toda a vida - o carinho, o colo e o cheiro da mãe. Mais: como se pedisse mais amor. 
Só o que me consola é a minha cidade e todas as suas belezas. 
Ah, subir pela Princesa Isabel, a mais bonita das ruas e ver as folhas caídas naquele chão de tanta história! Chegar à praça Coronel Pedro Osório... Como definir ao senhor?: o exato da beleza de se estar olhando para o chão e de repente erguer os olhos e topar com o Grande Hotel... ali, imenso, desde sempre, de portas abertas, um convite à elegância. 
Sei, certos momentos não são definíveis. Fosse lhe dizer mais, o tanto que minha cidade cultiva, muito mais conversa precisaria. O Sete de Abril e seus delicados contornos, as charqueadas que estão aí para dar testemunho, sal e sangue, luta e memória. 
O senhor preste toda a atenção no enorme da voz do Joca e saberá do que falo: raízes. 
Minha cidade é toda a alegria e beleza do mundo, mesmo quando a vida anoitece. Tholl em festa, o senhor sabe o que lhe digo. Como dizer ao senhor o encantamento de caminhar distraído pela Lobo da Costa e começar a ouvir o crescer dos violinos e violoncelos da Orquestra Filarmônica e os timbres das muitas vozes do Coro de Música pela Música? O Guarani guarda tantas histórias! 
E o que dizer então das histórias que guarda o Instituto, Casa do Capitão, minha casa... Blau Nunes mora ali! e ainda ensina a vida aos mais novos, patrício menos avisado do essencial do cotidiano, a esperança e a luz de Deus por todos os lados, de muitas onças. 
Como dizer ao senhor o tanto que minha cidade é? 
Desconheço. 
Sei e digo, apenas, que minha cidade é o que há de melhor em mim, a parte mais minha, o que em mim mais profundo habita. 
Em qualquer lugar: minha casa, sua casa, esta casa, Pelotas. 


*Este texto foi uma homenagem do Diário Popular ao 197 anos da cidade de Pelotas, que parece ser uma homenagem eterna a cada pelotense.


Fonte do texto: http://pelotascultural.blogspot.com.br/2009/07/poema-de-amor-por-pelotas.html