25 de ago. de 2015

Dom Antônio Zattera pelo Prof. Wallney Joelmir Hammes

 Dom Antônio Zattera: Fundador da Universidade Católica de Pelotas, viveu 88 anos, deixando inscrito, na mente e no coração dos contemporâneos e dos pósteros, com o cinzel de um temperamento marcante, o dístico de seu brasão episcopal Omnia possum in Eo qui me confortat. Sim, ele tudo pôde, com fé inquebrantável e determinação férrea, no exercício do mais eficaz instrumento de evangelização – a educação.
Esse abençoado ministério já fora exercido desde muito cedo quando, em Bento Gonçalves, RS, sua segunda paróquia, fundou o Ginásio Nossa Senhora Aparecida e a Escola Nossa Senhora Medianeira.
Ele próprio, como pároco, dirigia peças teatrais sobre temas educativos, entusiasmando de tal forma a juventude que mal se conseguia conter a multidão que afluía aos espetáculos.
A catequese, a cultura, a arte, a educação do povo, a visita às famílias, a presença constante entre os jovens, tudo era importante para ele.
Era essa inquietude, traço peculiar de seu caráter, que o tornava admirado por seus colegas e notado por seus superiores. Tomando parte como capelão do exército na revolução de 1930, entre os dezesseis padres nomeados pelo arcebispo Dom João Becker, o cabo Zattera desincumbiu-se com galhardia de sua missão, retornou com as forças vitoriosas e reassumiu a sua paróquia, sendo, em seguida, nomeado Cônego Honorário do Cabido de Porto Alegre. E mais uma vez nova e árdua missão foi-lhe reservada: em 31 de maio de 1942, na igreja matriz de Santo Antônio, em Bento Gonçalves, foi sagrado bispo em cerimônia presidida por Dom João Becker, acolitado pelos bispos Dom José Barea e Dom Cândido Bampi. Em 9 de julho, chegava a Pelotas para assumir a diocese que lhe fora destinada pelo papa Pio XII, como terceiro bispo, em substituição ao saudoso Dom Joaquim Ferreira de Melo.
Logo após tomar posse no governo da diocese, Dom Antonio já se deparava com o angustiante problema do menor abandonado. Foi procurado pelo juiz de menores, Dr. José Alsina Lemos, e o delegado de polícia, Dr. Galeão Xavier de Castro, que lhe solicitaram o apoio à iniciativa de dotar Pelotas de uma casa que abrigrasse esses meninos. Compreendendo a nobre finalidade, Dom Antônio imediatamente pôs-se a campo, convocando uma reunião de representantes de todas as associações católicas locais, ocasião em que sugeriu a formação de diversas comissões para angariar os fundos necessários à concretização da obra, o que efetivamente aconteceu, com inauguração em 26 de março de 1944.
Oito anos após ter assumido a diocese, Dom Antônio, emocionado, viu inauguradas as obras de reforma da Igreja Catedral de Pelotas, cartão de visita da cidade e consagração da arte à religiosidade. Em 1910, a velha Matriz da Freguesia de São Francisco de Paula recebeu o título de Igreja Catedral, em vista da elevação de Pelotas à sede de bispado. A construção, terminada em 1853, serviu de Catedral até o ano de 1934. Diante da deterioração do prédio, após um referendum popular solicitado por Dom Joaquim, decidiu-se preservar a fachada e demolir todo o resto do templo, para dar lugar a uma construção nova, mais condizente com as necessidades dos fiéis. Assim, construiu-se o que é hoje o corpo da Igreja Catedral. Coube a Dom Antônio a realização das ampliações: o presbitério com sua alterosa cúpula em harmonia com as torres, a cripta, as sacristias e o salão paroquial. A decoração é obra-prima no seu gênero de pintura clássica, executada pelo artista Aldo Locatelli e pelos decoradores Emilio Sessa e Adolfo Goldoni. Foram recomendados a Dom Antônio por Dom Bernaregi, bispo de Bérgamo, donde os artistas eram naturais, por sugestão do núncio apostólico de Paris, Dom Giuseppe Roncalli, futuro papa João XXIII. O majestoso altar foi confeccionado em ótima oficina de Bérgamo com os melhores mármores da Itália. Os recursos foram angariados, segundo Dom Antônio, "do generoso povo pelotense por donativos e quermesses na praça da Catedral, no Centro Português e no Clube Caixeiral". A inauguração deu-se na noite de Natal do ano 1950.
Quando Dom Antônio assumiu, em 1942, o governo da diocese que abrangia também as cidades de Rio Grande e Bagé, nenhuma escola superior existia, fora da capital, para formação de professores do ensino secundário (atual ensino médio). Após dois anos de contínuas viagens ao Rio de Janeiro, conseguiu, em 1953, a primeira Faculdade de Filosofia no interior do Estado. Idênticas faculdades fundou Dom Antônio nas cidades de Bagé e Rio Grande, respectivamente em 1958 e 1961. Em 1960, foi autorizada a funcionar a Faculdade de Direito "Clóvis Bevilacqua" em Rio Grande. Com a Faculdade de Ciências Econômicas, fundada em 1937, pelo Irmão Fernando, lassalista, e incorporada à Mitra Diocesana em 1955, e o curso de Jornalismo, criado em 1958 e transformado em Faculdade de Comunicação Social, em 1960, já havia o número necessário de unidades para a criação de uma universidade. Criada em 7 de outubro de 1960 pelo decreto n.º 49.088, assinado pelo presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, a Universidade Católica Sul-Rio-Grandense de Pelotas (posteriormente denominada Universidade Católica de Pelotas com o desmembramento das faculdades de Rio Grande e Bagé) foi instalada oficialmente em sessão solene no Teatro Guarany em 22 de outubro de mesmo ano, presidida pelo núncio apostólico Dom Armando Lombardi, com a presença de altas autoridades do município, do estado e do país.
Em 1965, Dom Antônio assumiu a reitoria. Ascensionalmente desenvolvia-se a novel universidade movida pelo entusiasmo de seu criador e reitor. Ele simplesmente avançava. Vencer obstáculos era a sua especialidade. Quanto maior o desafio, mais se fortalecia a sua tenacidade. Foi um reitor sem salário porque, segundo dizia, a Mitra já lhe dava casa e comida. Permaneceu no cargo de reitor até a sua renúncia como bispo diocesano, em 1977. O seu único pedido foi o de permanecer em Pelotas, residindo num pequeno apartamento no Instituto de Menores. Ali, entre os seus meninos e adolescentes, continuou a prestar assistência religiosa, social e profissional até a sua morte ocorrida no dia 15 de outubro de 1987.
Dom Antônio tinha uma personalidade forte. Uns admiravam-no sem restrições; outros olhavam-no com reservas. É sempre o bônus e o ônus da liderança. A todos Dom Antônio respondia com ação: ação pastoral, ação social, ação educativa. Muitas vezes, a crítica dirigia-se ao fato de ele não se dedicar por inteiro às obrigações religiosas próprias de um bispo, colocando-as em segundo plano ao favorecer com sua atenção a Universidade e as demais instituições que fundou ou obras que mandou construir. Críticas, evidentemente, que partiam de pessoas nem sempre sinceras na sua própria conduta e convicções. Afinal, muito antes de ser um asceta, um contemplativo, Dom Antônio, durante toda a vida, serviu; foi um servidor tão dedicado a Deus e aos homens que continuamos a colher os frutos sazonados de sua obra. Permaneceu sempre fiel a Jesus Sacramentado, dedicando-lhe três congressos eucarísticos, e à Medianeira, a quem se consagrou por toda a vida.
Seus feitos são mais perenes que o bronze, mais duradouros que o granito. Viveu a vida em plenitude, combateu o bom combate. Não somente criou instituições, não somente construiu, não somente administrou mas, acima de tudo, formou homens e mulheres no espírito de solidariedade e de participação humana e cristã, os quais são os herdeiros e os continuadores de sua obra e de seus ideais na construção de uma sociedade mais justa e mais fraterna.

Texto elaborado pelo Prof. Wallney Joelmir Hammes. Atualmente é professor titular da Universidade Católica de Pelotas. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Portuguesa. Informações coletadas do Lattes em 23/06/2015.

23 de ago. de 2015

Kleiton & Kledir - Mistérios do Bule Monstro - Brincando na Praça dos Enforcados de Lourenço Cazarré


Kleiton & Kledir - Mistérios do Bule Monstro - Brincando na Praça dos Enforcados de Lourenço Cazarré


Lá no fim do arco-ìris
Caixas de lápis de cor
A professora ensinava
"Foi Nabucodonosor"
-
Lembro do ataque de asma
A sirene da ambulância
O vento abrindo as janelas
Do nosso jardim de infância
-
O frio tentava uma fresta
Pela japona de couro
Na casa da vó Marieta
Serviam feijão com louro
-
No inverno, sorvete quente
No outono, folhas no chão
Na primavera eu sonhava
Com as férias de verão
-
Na igrejinha da Luz
O padre rezava em latim
Com batina de capuz
Rodeado por querubins
-
Se alguém no jogo de víspora
gritava: "é vinte e dois"!
Tia Sinhá cochichava
"Marrequinha com arroz"
-
Fiz curso de molecagem
Na Vila dos Agachados
Brinquei de papai-mamãe
Na Esquina do Pecado
-
Bate-bola no campinho
Perna de pau, só no golo
Enfrentei o precipício
Do canalete da Argolo
-
Balneário dos Prazeres
Segredos das Carmelitas
Fadas dançando no mato
Eu conto e ninguém acredita
-
Diz a lenda que há fantasmas
No Solar da Baronesa
Na Praça dos Enforcados
Na cerração da Princesa
-
Mistérios do Bule Monstro
Bicicleta do Alfredinho
Corcel, Judite, Miloca
Eu era só um mandinho
-
Deus proteja os malucos
E as "loucas" do mictório
Eu vou terminar meus dias
Num quarto do Sanatório




21 de ago. de 2015

8ito registros da Rua Andrade Neves - Rua das Flores


A rua Andrade Neves figurava desde 1815 na primeira planta da antiga freguesia, nos lotes do capitão-mor Antônio dos Anjos. Juntamente com outros 18 logradouros. No ano de 1818 já contava com 14 prédios.
Conhecida no século XIX como "Rua das Flores", a rua Andrade Neves, assim como muitas outras localidades da cidade, exibia grandes jardins conservados. Onde se era possível observar pomares e hortas nas ruas, fato que se deve a falta de pavimentação da maioria das localidades de Pelotas e a facilidade de cultivo, não havendo a necessidade de grandes cuidados para a propagação e também sem influências químicas.
No dia 10 de fevereiro de 1869 foi dada a denominação atual a rua. Homenageando o general José Joaquim de Andrade Neves, Barão do Triunfo, herói da Guerra do Paraguai. Morrera dois meses antes da homenagem pelotense, em consequência de um grave ferimento no combate de Lomas Valentinas.
Somente por volta da década de 1950 a rua ganhou fama pelo seu comércio e intenso movimento. Antes, desde a fundação da freguesia a rua comercial era a rua Félix da Cunha. A partir de 1850 a rua XV de Novembro passou a receber grandes lojas e confeitarias de alto luxo. Nos anos 50 a rua Andrade Neves e a Quinze de Novembro passaram a ser o centro comercial da cidade.
Por fim, com a criação do Calçadão de Pelotas, a Andrade Neves se tornou a área central de comércio e movimento varejista, como também de manifestações artísticas.
Fonte: Livro "Os Passeios da Cidade Antiga", Mario Osorio Magalhães.


Postal Edicard editora cultural Ltda - São Paulo - Rua Andrade Neves. Década de 70



Fotografias de Jacy dos Santos Silva (em memória) que encontram-se no Instituto Histórico e Geográfico de Capão do Leão. 

Rua Andrade Neves (atual calçadão), tirada a partir da esquina com a Rua Gen. Netto. Década de 20.


Rua Andrade Neves (atual calçadão), tirada a partir da esquina com a Rua Floriano. Década de 20. 

Fonte: Michelon, Francisca Ferreira e Espírito Santo, Anaizi Curz (Orgs). Catálogo Fotográfico - Séc. XIX/1930 - Imagens da Cidade: acervo do museu histórico da Biblioteca Pública Pelotense. Pelotas: Editora Universitária/UFPEL: FAPERGS, 2000. 200p.

Rua Andrade Neves com a Rua Floriano. Imponente Banco Pelotense em destaque e detalhe para o carro das Lojas Mesbla, na época com sede na Praça Coronel Pedro Osório, na esquina da Rua Floriano com Rua Anchieta. Foto de Josiane Oliveira.

Rua Andrade Neves, tirada a partir da esquina com a Rua Floriano. Década de 70. Postal que pertenceu ao Sr. Flávio Moreira dos Santos, hoje encontra-se no IHGCL .

19 de ago. de 2015

Janela para o pretérito - Hotel Grindler e Casa Scholberg & Cia


      Muitos que passam pela esquina do Calçadão da Andrade Neves com 7 de Setembro não sabem que numa daquelas esquinas mais precisamente no sobrado em frente ao chafariz, que hoje abriga alguns comércios, teve uma pensão chamada "CASA DE PENSÃO CARLOS GRINDLER" inaugurada em 27 de junho de 1897. Segundo o jornal Correio Mercantil era a “Única em seu gênero em Pelotas. Possue excellentes commodos, vasto refeitório decorado, sala reservada, etc. Fornece boa comida e tem sempre bons líquidos em deposito. Garante serviço correcto e sem delongas, garantindo o proprietário o escrupuloso cumprimento de seus contractos.”, então em fevereiro de 1898 após reformas passou a chamar-se de Hotel Grindler. O local antes de pensão chegou a ser sede do "CLUB CAIXEIRAL", que só teve seu local definitivo em 1902, na construção do atual prédio pelo arquiteto pelotense Caetano Casareto. Pelotas já possuía hotéis desde 1840, sendo pioneiro o Hotel Alliança (1843). Junto com o hotel, na parte debaixo do sobrado, localizava-se a casa Scholberg & Cia, especializada na importação de armas, metais finos, talheres, cutelaria fina, ferragens, apetrechos de caça, munições e etc.


Andrade Neves com 7 de Setembro (hoje calçadão), onde hoje se localiza nosso chafariz "As meninas" Casa onde foi a antiga Casa Scholberg & Cia (parte de baixo) e Hotel Grindler (parte de cima).
Scholberg & Cia e o Hotel Grindler (direita) na fachada uma espingardas que faziam companhia ao Bule monstro, que 1914, era na esquina da frente.

Anúncio da casa Scholberg & Cia


17 de ago. de 2015

Dia Nacional do Patrimônio

Comemora-se no dia 17 de agosto o Dia Nacional do Patrimônio Histórico na mesma data em que nasceu o historiador e jornalista Rodrigo Mello Franco de Andrade (Belo Horizonte-MG, 1898-1969), primeiro presidente do IPHAN, onde o trabalhou até o fim da vida. Foi por meio da Lei nº 378, de 1937, o governo Getúlio Vargas criou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).  

O dia do Patrimônio Cultural em Pelotas ocorre desde 2013 pela Prefeitura, inspirado na comemoração que ocorre no Uruguai. Todos os anos a cidade é convidada a dedicar-se e aprender sobre a educação patrimonial, onde sempre um tema é trabalhado com o público. 

2013 -O que é patrimônio?;
2014 -Herança Cultural Africana;
2015 -Pelotas natural: Patrimônio das Águas;
2016 -Ocupação Feminina;
2017 -Territórios daqui: identidades e pertencimento



"SÓ HÁ UM MEIO EFICAZ DE ASSEGURAR A DEFESA DO PATRIMÔNIO DE ARTE E DE HISTÓRIA DO PAÍS; É A EDUCAÇÃO POPULAR." Rodrigo Melo Franco de Andrade


Abaixo algumas postagens antigas (desde 2012) da página referente ao dia do patrimônio.


Capela do cemitério São Francisco de Paula na primeira imagem está em ruínas, na imagem do centro aparece o Theatro 7 de Abril com suas portas fechadas. Quanto ao monumento do Coronel Pedro Osório na praça que leva seu nome, o "Pixo" é constantemente frequente por ali.

14 de ago. de 2015

Estação Férrea de Pelotas/RS

   Localizada no Largo de Portugal, foi construída em 1884, para servir à linha ferroviária Rio Grande – Pelotas – Bagé (tripé porto-charque-gado), foi implantada graças ao empenho do conselheiro Gaspar Silveira Martins.
   O prédio possui um salão principal onde temos a bilheteria e o acesso ao pátio dos trens. À esquerda funcionava a administração e, à direita, o setor de saúde ocupacional. O prédio possui 15 cômodos e no andar superior se encontra a residência do agente. Foi construída com três portas centrais, marquise de vidro, mansardas com oito janelas água-furtada, platibanda com balaústres de cimento, frontão central trabalhado, pinhas nas esquinas do telhado e das platibandas do andar superior.
   Foi inaugurada em 02 de dezembro de 1884, segundo jornal da época, "de forma fria e constrangedora", pois estava marcada apenas uma rápida parada dos trens na estação de Pelotas, o que foi reprovado pela comunidade que achou melhor não prestigiar os atos de inauguração. Mas, ao longo da ferrovia, houve muitas comemorações. A implantação da ferrovia e construção da estação repercutiu fortemente no desenvolvimento e no crescimento urbano de Pelotas. Logo se tratou da criação de uma rede viária capaz de ligar a estação ao resto da cidade, o que induziu o crescimento em direção ao "largo da estação".

   Por volta de 1930, foram construídas duas laterais com porta e janelas, iguais para cada lado, mas sem mansardas, das quais foram retiradas as janelas, assim como as pinhas. A plataforma de embarque e desembarque é protegida por longa cobertura, estruturada a partir de "mãos-francesas" de ferro. O velho sino e o relógio, com duas faces, uma para dentro do saguão e outra para a plataforma de embarque, são originais no saguão de entrada (hoje foram retirados). A partir de janeiro de 1998, o imóvel foi abandonado, depredado e até incendiado. Após dois anos de obras o prédio da Estação Férrea foi restaurado e entregue a sociedade em 15 de dezembro de 2014.


O pátio da estação, com o prédio ao fundo,no centro, em 1985.


A mesma cena em 2007. O abandono após 22 anos é claríssimo
(Fotos Alfredo Rodrigues).



Estação de Pelotas na época de sua inauguração, em 1884.
Foto cedida por Wanderley Duck

 Ainda com movimento de locomotivas a vapor em 1969.
Foto cedida por Antonio A. Gorni

As duas fotos acima mostra a estação totalmente abandonada em 2003. 
Foto Rodrigo Cabredo


Prédio da Viação fêrrea após o restauro.


*http://www.defender.org.br/pelotasrs-estacao-ferrea-tem-nova-destinacao
 *http://www.estacoesferroviarias.com.br/rs_bage_riogrande/pelotas.htm

5 de ago. de 2015

Janela para o pretérito.




Uma janela se abre para 1964, na Mal. Floriano com XV de Novembro. 50 anos atrás. 
A principal/ Pool bar

Foto de Pedro Teixeira, 1964.

30 de jul. de 2015

O presente (d)no Pretérito - Igreja Batista de Pelotas.

Igreja Batista de Pelotas. Avenida Bento Gonçalves, entre Andrade Neves e Osório. Foto antiga enviada por Artur Victoria Silva, Acervo: Darcy Moreira dos Santos (in memoriam), que encontra-se no Instituto Histórico e Geográfico do Capão Do Leão. Foto atual: Google. Montagem Pretérita Urbe.

Clube Caixeiral - Pelotas

Imagem 1: Fachada Clube Caixeiral. Foto de Carlos Queiroz
Clube Caixeiral - Construído em 1902-1905. O projeto de construção é do arquiteto pelotense Caetano Casareto, de 1902, e revela um profissional refinado. A construção original, tal como se vê na foto antiga, ao lado, era encimada por 2 torres, posteriormente demolidas (Imagem 4).
O Clube teve origem na noite de 6 de outubro de 1879, quando alguns Caixeiros se reuniram por sugestão do colega Manuel Morales, para em comissão se entenderem com alguns patrões para conseguir o fechamento das portas do comércio aos domingos e dias santos, às 3 horas da tarde, até o dia seguinte. Após muito esforço isto foi conseguido em 8 de dezembro do mesmo ano. Em 25 de dezembro de 1879, com a presença de 97 caixeiros, foi criado o clube que tomou o nome de "Club União e Progresso".
Em 10 de janeiro de 1880 o clube passou a chamar-se "Club Caixeiral".
Durante alguns anos o clube ocupou várias sedes provisórias, até que em 11 de dezembro de 1905 passou a ocupar a sede própria, ainda em fase de conclusão.
O Livro de Visitas do clube registra nomes de personalidades na nova sede, como segue: - João de Sá Camela Lampréia - Ministro de Portugal; - Dr. A. Cassiano do Nascimento - Deputado Federal; - Dr. Affonso Penna - Presidente da República; - Dr. A. A. Borges de Medeiros - Presidente do Estado; - Dr. J. L. Rowen - Ministro norte-americano; - Dr. Júlio Philippe - Ministro Chileno; - Dr. Bruno Gonçalves Chaves - Ministro junto à Santa Sé; - Coelho Netto - Escritor; e, - G. C. Machado - Cônsul de Portugal.
Fonte: 100 imagens da Arquitetura Pelotense / Revista Pelotas-Memória - Fasc. 2 - ano 1996.

Imagem 2: Baile de carnaval no cClube Caixeiral, e suas belas cadeiras, ao centro Sr. Ilma Oliveira.
Foto Acervo Josiane Oliveira.
Imagem 3: Fachada do Clube Caixeiral em 1904, ainda com as duas torres. Foto: Nelson Nobre



Imagem 4: Clube Caixeiral visto da Praça Cel. Pedro Osório


17 de jul. de 2015

Dr. Francisco Ribeiro da Silva "O Xico louco" e seus causos.

O médico e o louco
 Dr. Francisco Ribeiro da Silva, conhecido por Xico louco.

"Dono de talento e humor inconfundíveis, o médico Francisco Ribeiro da Silva - ou como ficou conhecido em Pelotas, Doutor Chico "Louco"-, tornou-se uma das figuras mais populares da cidade no século 20. Foi médico, professor e vereador. Conforme o jornalista Mairo Cavalheiro - autor do livro Dr. Xico Silva - O homem que curava brincando - ao longo dos 51 anos de profissão ele atendeu mais de 150 mil pacientes e realizou mais de um milhão de procedimentos médicos. De milhares destes pacientes nunca cobrou um centavo. "É uma troca de serviço por carinho e gratidão, solidariedade, amizade. Até por uma piada nova", teria explicado algum dia, conforme Cavalheiro.
Afora a profissão e a família, as piadas e os carros eram as grandes paixões do médico. Contam que era do tipo que perdia o amigo, mas não a piada. Um dia teria ido visitar uma idosa, que estaria na cama há seis meses. Silva tirou os sapatos e enfiou-se embaixo das cobertas junto com a mulher, que no mesmo instante saltou para fora da cama. "Rarrááá. Te peguei. Então não podias levantar, né?", teria dito.
"Doutor Xico aliviou dores e salvou vidas, entre uma risada e outra, semeando pelo caminho a lição de que bem poderíamos ser todos mais generosos, saudáveis e felizes", escreveu Cavalheiro."

Dr. Francisco Ribeiro da Silva faleceu no dia 4 de março de 1996 aos 76 anos, tal notícia saiu nos jornais de maior circulação do estado. Foi médico, legista por 34 anos, professor e vereador por 3 legislatura, porem nunca deixou de atender seus pacientes. Foi homenageado por mais de 30 turmas de formandos em cursos superiores. 

ALGUNS CASOS:

* Conta Rose Martins: 
"Quando eu era pequena - uns 8 anos - meu pai ligou para a casa dele pedindo que fosse atender a minha mãe , que não estava se sentindo bem . Tinha ido pescar em algum lugar distante , estava incomunicável . 
No dia seguinte a minha mãe melhorou bastante ( já devia ser alguma virose ) e à tarde fomos visitar minha avó paterna , adoentada também . Voltamos à noitinha e encontramos uma penca de peixes pendurados na maçaneta da porta da frente , com um bilhete em que ele escreveu - " Se não estão em casa e não tem velório , a doente já ficou boa . Trouxe peixes para a janta ! ""

* Conta Rosangela Torres:
"Eu o conheci pessoalmente. quando entrei no consultório para a consulta, não o encontrava, ele estava escondido em cima de um balcão. Levei um grande susto quando ele desceu com um pulo, quase caindo por cima de mim."

* Conta Sandra Mara Colvara Bachilli: 
"Ainda tinha a lápide do seu tumulo, no seu consultório, onde trocava todos os dias a data."
     
     "O caixão também. ..
      Levei um grande susto quando entrei no consultório dele..." Conta José Wagner Sallis.

* Conta Paulo Fernando Moraes Dytz:
"Realmente foi meu professor na cadeira de Medicina Legal na UCPEL em 1973. Aficionado por armas, gostava de dar demonstrações de seu conhecimento na prática. Tiros em madeira , com uma garrucha carregada com cascas de laranja, ou de pistola em um toco de madeira trazido a aula ,e disposto sobre a mesa do anfiteatro, assustavam a todos e em especial às colegas que sentavam nas primeiras filas. Anfiteatro que servia de freio ao seu Jeep , do qual pulava fora quando chegava próximo, deixando o infeliz e eventual carona, sozinho e esperando o choque do carro na parede lateral, atrás da Santa Casa Antes de todos, ele se divertia. Grande figura. Suas histórias ,aparentemente inacreditaveis ,são muito próximas à pura verdade."

* Conta Balduino Fantinel: "Quem o conheceu não esquece. Contou ele que gostava de dar carona e se divertia, num de seus primeiros carros. Como a velocidade era baixa, poucos carros e estradas, muitas vezes andava pelo campo. A diversão era deixar frouxa a direção do carro e dizer ao carona que estava cansado de dirigir. Ai ele retirava a direção e colocava nas mãos do carona. Sem risco de acidente, dizia ele, o susto valia a pena."

* Conta Elenara Brasil: 
"Eu o conheci e fui tratada por ele tenho várias historias que poderia contar. Na parede atrás da mesa dele, no consultório, tinha uma cabeça de alce e na galhada do animal ele espetava todos os convites de casamento q recebia."

* Conta Silvio Perez: "Fui seu aluno na Faculdade de Medicina em 1972, disciplina de Medicina Legal. Durante a aula de balística, sacou de um revólver, calibre 32 se não me falha a memória e atirou na parede da sala, para mostrar aspectos práticos sobre o assunto. Uma colega se retirou da sala aos prantos."

* Conta Nina Isnardi:
"APRENDENDO COM O DR.XICO LOUCO!
" No primeiro dia, o vizinho telefonou para o Chico Louco às 2h30min da madrugada, reclamando dos latidos dos cachorros. Ele atendeu, ouviu, e se despediu. No segundo dia, durante a madrugada, o Chico Louco retribui a ligação ao vizinho no mesmo horário, dizendo que NÃO tinha cachorro em casa."

* Conta Professor Pedro A. C. Teixeira:
“Estava na sala de espera sozinho enquanto Doutor Xico atendia com a porta do consultório fechada. Era em uma antiga casa cujo acesso era franco, pois nem secretária havia. De repente a porta se abriu e dela um velho casal de negros, mas bem negros saiu. Logo após chegou à porta o carismático Doutor Xico, momento em que o senhor, já de cabelos brancos, virou-se com a carteira de dinheiro na mão e perguntou ao Doutor quanto ficara a consulta. Rapidamente Doutor Xico tirou a carteira da mão do cidadão e abriu-a e examinou o seu conteúdo. Devolveu a carteira e disse ao velho senhor:
- Tá mal o negócio!
O homem sem jeito ficou observando o Médico, enquanto Doutor Xico enfiava a mão no bolso de sua calça marrom claro e desse tirou um maço de notas. Pegou uma nota de dez cruzeiros (cruzeiros novos) e disse ao velho senhor:
- Ponha isto aí na tua carteira e vá comprar lá no Mercado uma ou duas belas galinhas para fazer uma canja das boas para tua velha. Ela precisa ser bem alimentada. Não precisa de remédios. 
O homem embasbacado não sabia o que fazer, mas Doutor Xico tomou-lhe novamente a carteira de suas mãos e nela enfiou aquela nota, bateu-lhe no ombro dando ao casal um até logo, alegre e sorridente. Foi-se o casal e aí fui então atendido.”

Outra: 
"Certa vez, contavam que ele ia pela Rua 15 de Novembro, no centro da cidade, com um forte torcicolo que não lhe permitia mexer a cabeça. Alguém que passava pela outra calçada disse:
- Bom dia, Doutor Xico.
Instintivamente virou a cabeça para cumprimentar a pessoa que rapidamente havia passado e seu pescoço travou em violenta dor. Paralisado ficou e aos poucos se aproximou de um poste de iluminação pública, nesse se agarrando. Lá pelas tanta vinha um senhor pela mesma calçada e ele chamou o cidadão sem poder levantar a cabeça de tanta dor no pescoço. Quando o cidadão, que não o conhecia, meio desconfiado se aproximou, ele disse ao homem para segurar firme sua cabeça, puxar para cima com força e torcer rapidamente para os dois lados. O cidadão sem entender não se atreveu a fazer, aí Doutor Xico, que continuava agarrado ao poste, foi impositivo.
- Ou tu fazes o que te peço ou te meto uma bala.
O homem apavorado fez conforme ele mandara.
- Ai! Alívio.
Agradeceu ao homem, identificou-se como Doutor Xico Louco, conversou um pouco e foi-se rua a fora. Só que agora aliviado da dor. O cidadão foi-se em sentido contrário mais apavorado ainda, mas feliz por ter conhecido e ajudado o DOUTOR XICO LOUCO.
Fonte: http://eusabiaetusabias.blogspot.com.br/2014/10/francisco-ribeiro-da-silva.html

* Em "A Pelotas que vivi" o Sr.Luiz Carlos Marques Pinheiro conta mais alguns causos do seu Xico "Loco" Silva.
"Do Chico Louco, que eu tive a sorte de conhecer pessoalmente, conheço muito pouca coisa; mas o meu primo Zuza, que mora em Pelotas até hoje (eu estou afastado há muitos anos) me lembra de algumas, que vou me atrever a reproduzir: 

1) No primeiro dia, o vizinho telefonou para o Chico Louco às 2h30min da madrugada, reclamando dos latidos dos cachorros. Ele atendeu, ouviu, e se despediu. No segundo dia, durante a madrugada, o Chico Louco retribui a ligação ao vizinho no mesmo horário, dizendo que NÃO tinha cachorro em casa.

2) Certa vez uma rapaziada adentrou no Clube Regatas e se deparou com o Chico Louco, pescando com caniço e anzol sem isca, em uma poça d'água formada pela chuva. Vendo aquilo, um dos rapazes alertou a ele: 
- O senhor, por acaso, acha que vai pescar alguma coisa, sem isca? 
E ele respondeu: 
- E o senhor, por acaso, acha que aqui tem peixe?

3) Gozador que era, o Chico Louco postou-se em frente a uma casa, onde havia um velório, e para chegar até o morto era preciso percorrer um baita corredor escuro. Para cada um que chegava, ele dizia: - cuidado com o degrau! E lógico, evidentemente, as pessoas que entravam iam até o fundo, levantando os pés, como se estivessem entrando na água. E ele não dava risada.

4) Conta o Arnóbio Zanottas Pereira que quando a Aidil matou o Zé Correia, no consultório deste, nos altos do Itatiaia, ninguém ficou dentro do Aquário. Todo mundo dando fé dali da calçada do Café. Com os populares assistia à movimentação policial o Doutor Chico. Depois, de tudo dado fé, dirigiu-se para o seu consultório, a poucas quadras dali, na Voluntários. Chegando já atrasado no escritório, por força das circunstâncias, antes de atender a clientela, despejou num canto da sala de espera tudo que tinha dentro da bolsa duma cliente. No outro canto, abriu outra bolsa de mulher e despejou tudo no chão. Depois deu a desculpa:
Não me entram aqui dentro mulheres sem que eu reviste as bolsas. Vocês tão matando os homens."
https://pelotascronicasurbanas.files.wordpress.com/2013/03/o-livro_edicao-consolidada.pdf

Caso postado nos comentários:
- Contam que certa feita ele entrou correndo na Confeitaria Nogueira, que ficava na Quinze e lascou esta: "Nogueira, já recebeste aquele gostoso queijo mineiro, aquele casca grossa, cheio de buraquinhos", ao que o Nogueira retrucou: "Recebi sim, doutor, chegou hoje pela manhã, tá fresquinho". O dr. Chico, que não era de perder a vez, mandou brasa: "Então me pesa meio quilo de buracos, porque o meu médico me proibiu de comer queijo".

Conta Bebeto Silveira:
Como fosse fissurado em pescaria, certa feita o dr. Xico pegou suas tralhas e se mandou Tiradentes afora, estacionando seu "jipão" em uma rampa de madeira que mandara construir (não se sabe para que), às margens do São Gonçalo. Alugou um barco do falecido Darcy Pinho e lá foi ele canal a dentro. No lugar certo, largou os ferros (fatecha), iscou e largou sua linha de fundo no canal (naquele tempo não existia carretilha e nem molinete). Nisto sentiu um tremendo puxão. Recolheu a linha e lá veio uma tremenda corvina, uma verdadeira "munaia", como costumava dizer. E esbravejava: "Olha aqui só, é destas que eu gosto". Dr. Xico, como bom gozador que era, sorrateiramente fez que ia iscar novamente, espetou a corvina no anzol e largou dentro d'água. E repetiu o mesmo ritual umas quatro ou cinco vezes. Perto dali, dois outros pescadores não tiravam nada, até que um deles exclamou: "Vamos embora daqui porque este coroa tá com um "rabo" muito grande". E se mandaram. Além de médico, profissão que exerceu por mais de 50 anos foi, também, professor e vereador em Pelotas em 1959, pela extinta UDN, obtendo a última vaga com 492 votos. 


a qualquer momento mais um causo...



"...O médico tem o título de médico,
O louco tem a loucura.

Com o título, o médico pode receitar alguns remédios e até internar alguns loucos,

Com a loucura, o louco pode mudar o mundo.

Porque se é o médico diz que é impossível,
O louco sabe que não."


Fonte: Autor desconhecido
Ultima atualização da postagem: 25.11.2015