Dizia-se que os indígenas rio-grandenses, usando uma canoa de couro para a travessia dos rios, batizaram-na de pelota. Hoje, uma versão nova assegura que o uso do barco e o uso da palavra têm origem marroquina e que foram apenas assimilados pelos aborígines.
Indígenas ou marroquinas, o certo é que o arroio Pelotas recebeu o nome das embarcações frequentemente utilizadas na sua travessia, pelos habitantes originais e pelos primeiros povoadores. Depois, a partir da proliferação das charqueadas nas terras marginais do arroio, costa do Pelotas passou a designar, genericamente, a movimentada região.
Por fim, elevada a Vila de São Francisco de Paula à categoria de cidade, após muita discussão foi aprovado o nome de Cidade de Pelotas, em homenagem "ao fato histórico [estabelecimento das charqueadas] que aglomerara com a rapidez do raio a gente e a riqueza da localidade", na expressão de Domingos José de Almeida (em 1835, na Assembleia Legislativa).
Transferiu-se a denominação da embarcação ao arroio, do arroio à região, da região ao município. Mesmo sem que todos saibam, pela ordem inversa um distante passado sobrevive, na memória local, toda vez que se pronuncia o nome da cidade.
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Foto de Nauro Jr. |
Texto de Mario Osório Magalhães, do livro Histórias e tradições da cidade de Pelotas. Editora Armazém literário, 1999. Pag. 14